02 de Março. Faltavam dois dias para meu décimo sexto aniversário. Não sei que coisa é essa de que todo aniversário de dezesseis anos é meio que sinistro. Eu, Amora Bennet, levava uma vida a qual se pode chamar de "normal". Acordei pela manhã, como a rotina de sempre, levantar cedo, tomar café, e ir pra escola.
- Oi Amora!- Oi Lívia. -Respondi secamente.
- Ai Amora, dá um sorriso. Daqui há dois dias é seu aniversário. Alegria amiga.
- É. Aniversário. - Tentei sorrir.
Lívia é minha melhor amiga desde que me entendo por gente.
Sempre chama a atenção dos rapazes com seus cabelos loiros e volumosos -brilhantes quase como o sol - Seus olhos verdes como a grama mais bem cuidada - Que bela comparação - e ela tem o que os homens consideram um "corpão".
No corredor, já quase chegando em minha classe, sinto uma mão em meu ombro.- Olá Mora. -Peter. Um amigo de infância também. Mas não tão próximo como Lívia.
- Então, já vai fazer 16 anos né?- Ele sorriu. -É, dezesseis. -Ri forçadamente.
Peter gosta de mim desde a quinta série. Eu. A garota de cabelos negros não muito longo dos olhos azuis esverdeados. Às vezes acho até irônico o fato de eu ser... Digamos.. Bonitinha. Uma feia arrumada.- Ham.. Eu tenho que.. entrar.. Peter. -Eu disse abaixando a cabeça e balançando os pés. - Te vejo mais tarde.
- Tá bem. Boa sorte na sua prova de física hoje. - Ele sorriu.
- Valeu Pee. - Pee, (Pí), é como eu o chamo. Um apelido carinhoso que eu inventei pra ele. Algum tempo depois..
- Guardem seus materiais na mochila. Somente a caneta sobre a carteira. - Disse a senhora Miller.
- Droga. - Sussurrei. - Não estudei pra essa porcaria de prova.
- O que foi Amora? Perdida de novo? - Disse Luna sarcasticamente.
- Não te importa.
- Calma Amora. Relaxa. Eu te ajudo.
- Tá bem Lívia. Obrigada. Só não deixa a professora ver.
- Eu não deixo. - Ela disse piscando para mim. Apenas sorri.
E isso resume o meu dia escolar.Estava frio lá fora. Um típico dia de inverno; neve pelo chão, um sol que não fazia nenhum efeito, eu não tinha o que fazer naquela tarde, e não esperava visitas. Mas fui surpreendida.
Um barulho na porta... Três batidas.- Olá? Tem alguém em casa?
Meu objetivo era ficar quieta, sem perturbações, mas havia esquecido de que minha mãe tinha uma consulta hoje.- O... Oi. - Caramba. Jamais imaginei receber a visita de Leon Westman, mas espera.. O que ele quer?
- Oi Amora. - Ele disse com sua voz - E que voz perturbadora. Quase um sussurro, nem parece que tem só 17 anos. Uau!
- Leon. Que visita inesperada. - Eu disse tentando parecer indiferente. - A que devo a honra de sua presença? - eu disse brincalhona enquanto me curvava como se ele fosse um príncipe - e é. Literalmente - Ele riu.
- Como não a vi hoje na escola, resolvi vir aqui te entregar pessoalmente este convite. Vou dar uma festa hoje, só pra descontrair, e gostaria que fosse.
- Ah. Obrigada. Vou me esforçar o máximo possível pra ir. - Falei.
Ele baixou a cabeça devagar, sorriu e apenas disse:- Vou te esperar. - Depois disso ele saiu. Entrei em casa e olhei da janela, já ia voltar para o quarto quando ele olhou para trás. Saí correndo tropeçando pelos cômodos, até escorreguei no tapete e caí de bunda no chão. E tudo isso porque ele olhou para trás. Para ver - me. Senti um aperto no coração que não pude explicar, não sei se era bom ou ruim.
- Aah meleca! Não tenho uma roupa que preste! - Pensei alto. -Maldição maldição maldição. Que é isso Amora? - falei comigo mesma - Se importando com que roupa vai usar? No que eu estou me tornando. Eca!
Foi nesse momento que lembrei de um look que só usei uma vez. Uma blusa preta com pequenas caveirinhas, e meio folote. Peguei um jeans já meio desbotado e um all star azul escuro com detalhes brancos. Já estava quase na hora de sair.- Tchau mãe, o taxi chegou!
- Tchau Mora. Cuidado.
- Pode deixar dona Maleena. Te amo viu?! Até depois.
O barulho intenso da música alta. Por isso não gosto de festas. É muita gente, gente esquisita que são consideradas normais. Eu entro e como em toda festa sempre tem gente se pegando pra tudo quanto é canto. Meu Zeus.- Mora? Você aqui?
- Oi pee. Eu também saio sabia? - Ele sorriu. - Veio acompanhado? Perguntei.
- Vim com a galera do time de basquete.
- Ah bom. - E você? -Eu? -É. Você.
- Eu vim só.
- Posso te acompanhar então?
-Ham.. Eu.. Depois.. Tenho que resolver umas coisas. - Mentira minha. Eu sabia que Peter gostava de mim um tantão assim. Mas não queria magoá- lo.
A verdade, é que desde que Leon chegou na escola, eu me interessei por ele, mas não sou muito do tipo "vista" pelos meninos. Caminhei meio que sem rumo em meio àquelas pessoas, olhando para baixo..- Ai!! - Gritei. - Olha por onde anda seu cretin.. - Quando olhei, vi o cretino. Leon. Se segurando pra não rir da minha cara.
Quem nunca pagou um mico.- E.. Eu.. Desculpa. Não sabia que era você.
- Tá tudo bem? - Leon Perguntou.
- Sim. Eu disse que não deveria ter vindo.- falei e saí apressada.
Fiquei no sofá sentada e sozinha, a festa inteira. Só com minhas músicas e meu fone de ouvido. Pensando comigo mesma.- Eu não devia ter vindo. Vou pra casa.
...
03 de Março. Levantei. Tudo parecia tão quieto. Tudo muito estranho.
Andando pela rua, não se via ninguém. Também não estranhei, era de meu gosto ficar só. Cheguei a escola e vi ali uma rodinha. Sinal de encrenca. Fui conferir. Lívia e Peter estavam no meio, e todos pareciam assustados.- Talvez tivessem todos tirados notas ruins. -Pensei. -Lívia o que houve? Alguém morreu? - eu disse na brincadeira. Ela me lançou um olhar reprovador e disse numa voz triste:
- Daniel Crayg. Depois da festa ontem à noite, parece que ele saiu sozinho. E hoje cedo foi encontrado naquela fazenda abandonada onde a gente brincava quando menores. Ele se matou.
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Psicose - A árvore forca [COMPLETO]
Mystery / ThrillerAs pessoas mais doces são as mais perigosas. Primeiro livro da saga Psicose.