Lisley Salker

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" Eles usam um verniz para esconder sua verdadeira identidade". Essas palavras não saíam de minha cabeça.
- Primmnm.... - Bate a campainha.
- Você já viu a nova aluna!? - Perguntou Peter.
- Acabei de chegar Pee!
- Atá. Ela é bem bonita. - Ele corou.
- Que bom Pee, já falou com ela?
- Não né. Sei lá, vai que ela não gosta de mim. - revirei os olhos.
- Deixa de ser besta. Ela vai precisar de um amigo. Agora cuida, senão vamos nos atrasar. Ao chegar na sala, vi as garotas todas em um grupinho, cochichando e olhando para a nova aluna.
Ne aproximei dela e falei:
- Oi, eu me chamo Amora. Ham.. Qual o seu nome?
- Lisley. Lisley Salker.
- Seja bem vinda.
- Obrigada.- Ela disse. Lisley com certeza é muito bonita. De pele clara, cabelos castanhos com grandes ondas, e olhos também castanhos. Aos meus olhos, me pareceu educada.
No intervalo sentei ao lado de Pee.
- Eu acredito que, o assassino seja um serial killer. - Eu disse.
- Hã? Não viaja Mora. Isso não tem cabimento.
- É sério Pee, eu..
-Não Amora, esquece isso. Já passou.
- NÃO!! Não vou esquecer. Eu sei que ele tá por aí, e mesmo que ninguém tenha morrido em duas semanas depois daquilo, sinto que ainda não acabou. E é alguém que nos conhece. Que sabe de nossos passos.
- Você tá pirando Amora... - Disse Pee com uma cara preocupada- Precisa ir ao médico
- Que droga Peter, acredita em mim!! - Levantei e saí indignada, procurei outro lugar e avistei Lisley.
- Posso sentar aqui?
- Pode sim. - ela disse sorrindo timidamente.
- Obrigada.
Comecei a comer. E do nada Lisley olha pra mim meio receosa e pergunta:
- Não foi aqui em Charlestton que aconteceu o assassinato de dois alunos? - Eu olhei para ela sem entender- como ela sabia disso? Tinha acabado de se mudar.
- É..  Mas como sabe disso?
- Ouvi boatos.
- Hum..  Atá.. - falei desconfiada.
Terminei meu lanche e quando já ia saindo,Lívia me abraçou por trás.
- Tá sumida amiga. - Ela disse.
- Você é que está. - Eu disse sorrindo. Ah - olhei para Lisley - Essa é Lisley Salker.
- Olá Lisley. Sou a Lívia.
- Oi... -disse ela  - Lívia apenas acenou e fez cara de fofa.
- Bem, desculpe Lisley, vou roubar minha melhor amiga um pouco tá?...- e esse "pouco", com certeza era muito.
    
                         * * *
Depois da escola fomos para minha casa. Foi bom conversar com a Lívia. Nesses últimos dias eu andei muito distraída, estressada, e qualquer coisa me irritava.
Com sua inocência Lívia me traz um tipo de paz e... felicidade.
- Boa noite dona Maleena!! - Lívia disse alto.
- Boa noite minha filha, vá com Deus.
- Eeei a filha aqui sou eu.! -Falei brincando.- Todas rimos, me despedi de Lívia e entrei em casa. Olhei em cima da cama e lá estava aquele livro... Não sei porque, quando a Lisley me perguntou sobre os assassinatos, me parecia que ela sabia de algo. Talvez seja coisa da minha cabeça. Não consigo mais confiar em alguém além de Lívia e minha mãe. Todos são suspeitos. Qualquer um pode ser o assassino.
- Moraa.. - Mamãe me chamou animada.
- Oi mãe.. - respondi sem entender a animação..
- Tem uma pessoa que quer falar com você
- É a Lívia?
- Não. É o Leon. - Uau. Leon? Me ligando? É lenda. Vendo uma cena se repetir, saí correndo igual louca, caí e levantei de novo.
- Alô?!! - Eu disse ofegante.
- Ah, oi Amora. Sou eu, o Leon.
- Oi Leon. O que... Você... deseja?
- Bem, eu vi você hoje com...
-Com?
-Com a aluna nova.
- Atá. A aluna nova.
- Pois é, queria saber se na sexta você pode vir com ela até a minha casa. Vou dar uma festa e queria conhecer... ela.
- Claro. - Eu disse revirando os olhos- com ciúmes óbvio. Ué, quem não sente ciúmes de alguém que gosta? - Eu levo ela sim...
- Valeu Amora. Você é demais!!!
-Tu tu tu..- Ele desligou o telefone.
... É sempre assim.  Você gosta de alguém e esse alguém gosta de outro alguem que gosta de outro e... É. Mas já estou acostumada com isso...
-Outra festa. Será uma boa ideia?- eu disse.
- Falando sozinha filha? - brincou minha mãe.
- Só pensando alto mãe, só.... pensando alto.
Pensando na verdade, em como terminaria essa festa, normalmente ou com... morte? Isso era o que eu tinha que saber.

- Click. Tuu tuu tuu...
- Alô?
- Lisley? - perguntei.
- Não. Quem fala é a mãe dela. Susan Salker.
- Ah bom. Eu sou Amora, estudo com ela. A senhora sabe me dizer se amanhã ela vai à escola?
- Claro. Ela vai sim. - Ela disse secamente.
- Tá bom. Obrigada e boa noite.
-tuu tuu tuu.
- Uau! Que "mal educada".Talvez tenha sido porque ela é nova por aqui e..  Ah esquece...
Voltei a ler.. E, do nada me recordo do dia em que meu amigo se foi.. Minha mãe não estava em casa quando saí para ir à fazenda, e nem quando cheguei.
Senti um arrepio percorrer por todo o meu corpo. Uma onda de ideias se formaram em minha mente. Começo então a pensar sobre minha mãe. Mas ela nunca faria isso, é minha mãe. E...
Tudo estava confuso. Medo. Era o que eu sentia naquele momento. Medo de não conhecer minha mãe como eu achava que conhecia.
- Preciso tirar essa dúvida. - Saí do quarto e andei pelo pequeno corredor que me levava até o quarto de nona Maleena. Eu estava muito assustada com essa ideia de que mamãe não estava em casa naquele dia. Eram  22:17, girei a maçaneta devagar e à medida que a porta se abria ela fazia aquele ruído assustador - como eu odeio isso! - Mãe? Tá acordada?
- Hã? Sim querida. Aconteceu alguma coisa? Você parece preocupada.
- Não eu só... queria saber.. assim... Onde a senhora tava no dia antes do meu aniversário..
- Por que está me perguntando isso? - disse ela voltando- se para a TV.
- Só pra saber mesmo... Porque quando saí você não estava e quando cheguei, bem, você não estava também.
- E-Eu fui.. Fui lá na casa da Ff.. Fe#$@%.. -Ela falou tão baixo e embaralhado que não consegui entender.
- Hã? Não entendi! - eu disse irritada.
- F-E-L-C-I-A!! Satisfeita? -Não! Eu quis dizer.
- Sim é claro. Posso saber o que foi fazer?
- Só conversar, sair um pouco. Por que não posso? - Ela falou cruzando os braços.
- Claro. Era só o que eu queria saber. Tenha uma ótima... noite

O que ela queria para ir ate a casa de Felicia? Elas nem eram tão chegadas assim. Não tinha o menor sentido. E ainda mais, ela nunca saiu assim antes sem deixar um bilhete sequer.
Será que agora eu teria que vigiar minha própria mãe? Seguir cada passo e tudo mais?

Psicose - A árvore forca [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora