"Corredores"

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Q..quem é.. Quem são vocês? - pergunto fingindo que não via nada.
- Somos seus "amigos verdadeiros". - Ela disse ironicamente. Só não olhei dentro dos olhos da filha da mãe porque ela desconfiaria de que eu já tivesse enxergando 100℅.-E talvez eu virasse pedra, nunca se sabe.
- Ah Lívia. Você se deixou levar pelo desejo de vingança, e envolveu nos seus problemas gente inocente os quais em nada tinham culpa. Não vê? Do que adianta? ... - houve silêncio por alguns segundos - me diz, anda - reclamei.
- E..eu.. Não importa Amora, eu quis fazer isso. Você sempre foi minha amiga e única amiga. Mas você tem vários outros amigos, e quase não tinha tempo mais para nós. Antes você não deixava de passar a noite na bagunça comigo pra sair com garotos. E eu só queria que nossa amizade durasse para sempre
- E matando os meus amigos achou que teria atenção?
- Ué.. - Ela disse e sorriu - Você está aqui não é? Eu tenho você e tua atenção. Hahaha! Bestinha. - Ela falava num tom cada vez mais obcecada. Eu nervosa quase tremendo, mas não deixei transparecer.
- Cara, eu já cansei dessa enrolação. Você vai me matar ou não? Vai me machucar, sei lá, isso tá um tédio. - Falei como se tudo o que tivesse acontecendo fosse brincadeira.
- Voltei amor. - Leon entrou trazendo consigo algumas seringas. - Ah.. Oi Amora, vejo que está bem.- Ele falou olhando bem perto do meu rosto.
- É.. - falei olhando pro outro lado tentando não"fitá-lo".
- Já deu a hora do efeito passar minha loira- Ele disse abraçando Lívia por trás.
- Já sim. Mas ela não tá enxergando.
- Tem certeza? - Ele olhou para mim.
- Claro. Quer testar? - Ela virou e levantou uma das sobrancelhas.-Ele sorriu e deu um beijinho em seu rosto e pegou uma seringa com uma agulha das grandes. Obviamente ele queria ter certeza de que eu ainda estivesse.. Ham.. "cega". Meu coração disparou, pensei que ia ter um ataque naquele momento.
Então Leon veio em minha direção e fez como se fosse enfiar a agulha em meus olhos, mas eu não pisquei. Ele chegou ainda mais perto e olhou em meus olhos, tive que olhar pro nada e ainda ele olhou rapidinho para trás - onde Lívia ajeitava uma cadeira assustadora- e pressionou seus lábios contra os meus por alguns míseros segundos.
- Aahrgh.. - Grunhi baixinho. - Por que fez isso? - Perguntei enquanto limpava minha boca. Ele riu e respondeu
- Porque querendo ou não, você sempre será minha preferida. - Mas o quê?- pensei - Agora lascou-se, e o pior, foi que eu gostei e queria bis. Droga.
- Como assim? Sua preferida? E mais, se você está com a Lívia.. Quem então atirou em você já que ela gosta de ti?
- Hahaha.. Ah é.  Eu não te contei essa história em que quase eu morri. - Ele disse passando a mão nos cabelos sedosos.
- Baby.. A Amor..
- Nossa que clichê.. baby.. Não tinha um apelido melhor não? - Perguntei ironicamente. Leon virou-se para mim novamente e largou-lhe um senhor de um tapa.
- Calada. Vem aqui Liv, e diz pra ela como quase você me matou..
- Tá mas antes põe ela aqui na nossa cadeirinha..
- Ah não fala logo...- Ele insistiu
- Tá. Naquela noite eu pedi pra que ele te levasse pra dar uma volta. Mas não era pra você aceitar. E além de aceitar, esse filho da mãe estava se interessando por você, aí eu resolvi dar uma lição nele.
- E de quem era o revólver.?
- Era do Lúcios. Peguei das coisas dele depois que o matei. - Legal né? - Havia um relógio na parede e pude ver que horas eram, 10:33. - "Tão cedo, e ninguém viu nada, nem deram por minha falta. Que consideração" -Pensei.
- Bem, eu não tenho mais nada a ver com a relação de vocês. Me deixem ir. -Acho que Lívia não gostou da ideia de "ir". Veio até mim e aplicou alguma coisa, com uma agulha enorme.
- Ai! .. O que é isso? -Indaguei.
- Água.
- Você é doida ou se faz?
- Os dois. - Leon sorriu, e a loira do mau saiu.Meu plano já não deu mais certo, Leon me observava e percebeu movimento em meu olhar. Achegou-se a mim e sussurrou
- Muito espertinha. Mas já sei que sua visão voltou ao normal. -Eu estava de cabeça baixa, então  levantei devagarinho e com um sorriso vitorioso nos lábios falei: - É? .. Ótimo. Assim não preciso fingir. - Puxei o canivete que ainda estava em meu bolso e abri em qualquer coisa pontuda. Dei dois golpes nele. Um em seu lindo rosto- que agora seria um probleminha - E o outro em em seu fêmur direito e disse:
- Isso é pelo Pee.
- Quanta modéstia amor. - Ele disse entortando os lábios.
- Então é assim. - Falei. -Isso- comecei- É por minha amiga Lívia e por todo mal que você causou. - Esfaqueei seu ombro direito duas vezes e sua outra perna, o magoei - fisicamente- para que não andasse por enquanto.
- Agora é minha vez de brincar com vocês. - Falei e gargalhei.
-Você é uma menina má. Gosto disso, me dá calafrios. E eu adoro. -Ele disse.
- Não é uma pena? Olha o que você perdeu.! -Falei dando uma voltinha. -Adeusinho. - Falei e o nocauteei com a cadeira em que eu estava. Abri a porta pra ver onde eu estava.
- "Que droga de lugar é esse?".. Parece algum tipo de hospital novo não-inaugurado.."- Pensei. -Olá?...(Olá olá olá...)- Chamei por alguém mas só existia ali o eco. -Onde será que a Lívia tá? - perguntei pra mim mesma em voz alta. Era um tipo de corredor todo branco com umas luzes fluorescentes; todas funcionando -ainda assim era sinistro - E em sua estrutura tinha uma curva. Caminhei devagar sem fazer um sonzinho sequer.
À frente tinha uma porta - branca também, parecia  céu pela aparência, mas era o inferno mesmo. - A porta estava entreaberta, eu caminhei mais rápido antes que a psicótica voltasse. Abri a porta e sim, outro corredor, mas esse era reto mesmo só que não tinha uma  iluminação boa, e tinha umas três portas de cada lado. Uma lâmpada acesa na primeira porta de quem vinha do lado esquerdo.
- Talvez Lívia esteja ali. Fazendo eu sei lá o quê. - Falei baixo. Cheguei mais perto e ouvi o barulho de uma cerra, cortando algo duro. Imaginei logo coisas horríveis - Do tipo "ah ela tá cortando o crânio de alguém, ou ela está torando a perna de um coitado". Foi tipo isso. O medo chegou mais uma vez, olhei pela fechadura e pra minha surpresa ela estava cortando sim, gelo, não sei de onde.
Deixei pra lá e fui seguindo adiante. E percebi tão logo que eu estava um andar acima de onde estava o Peter e a dona Mirna. Era sim o hospital, talvez uma nova ala, não utilizada. - Ainda bem. Estou viva ainda- Pensei.
Era alívio demais pra uma pessoa só. E aquela sensação legal de alguém estar bem atrás de você.. Me afastei um pouco e virei devagar.
- Aaaahhh!!!

Psicose - A árvore forca [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora