Anjo mau

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Acordei sufocada não conseguia respirar direito. Abri os olhos mas nada eu podia ver - sim, puseram um saco ou um pano na minha cara também. O engraçado é que eu não estava com medo, pelo contrário, eu só queria vingança.
- Peter? - Falei baixinho. - Você tá aí? - Só se ouvia o sussurrar de um vento leve, talvez estivesse se formando um temporal, ou coisa assim.
- Peter!! - agora falei mais alto um pouco.
- Hmm!! - Não dava pra saber quem era, mas parece que estava com a boca tapada. E ambos - eu e aquela pessoa - estávamos com mãos amarradas - é claro, senão eu já teria escapado.  Eu gritei por socorro mas ninguém estava lá, dona Mirna estava um pouco longe e não poderia fazer nada. Foi então que pensei "Oh céus, dona Mirna!!!". O que aconteceria a ela?
Ouço passos. Não tem como ser discreto nessa droga de cabana, é velha de mais e as tábuas também. Ouço-os mais próximos
- "nhec nhec nhec". - Estava agora à minha frente e ouvi uma risadinha silenciosa como de quem diz " consegui!".
- Peter, é você? - perguntei triste.
Nada.
- Responde por favor. Eu te perdôo por tudo mas, me deixa ir.
- "nhec nhec nhec" - mais passos- ( ouço o barulho de alguma coisa sendo puxada).
- "Flap".
- hmmm, me deixa em paz sua..
- Shh... Não diga nada, porque vai doer.

Aquela voz, suave, doce.... Tão leve quanto o vento. Minha cabeça girava, a pancada foi forte demais - nem sei como não morri - e eu pensei estar ouvindo coisas, mas aquela voz era inconfundível.
- Oi Amora, tudo bem com você?-Ela falou ironicamente.
- O que diabos tá acontecendo?
- Ai ai Amora. Eu tentei avisar, fiz de tudo pra não acontecer nada contigo, e nem com o Peter, eu tentei, eu tentei. Mas vocês, ah, vocês não desistem, por que vocês são assim? Mas que coisa. -Ela falava cada vez mais debochada.
Não se escondendo mais ela puxou aquele troço da minha cabeça. Fiquei pasma com o que via, não podia acreditar. Não conhecia nem sequer quem pensei ser minha melhor amiga! A qual eu considerei minha irmã.
- Li...Lívia?? - Com tristeza e ódio eu chorava perdidamente. Meu mundo desabou. Quem eu mais tentei proteger era quem matara meus amigos, amigos de verdade.
- Por que tá fazendo isso? Você! Você Lívia. Quem eu venho tentando proteger, é a mesma que quer me matar agora?! Isso não faz nenhum sentido! VOCÊ MATOU O MATT? - Perguntei na esperança de ser um equívoco. Ela abaixou a cabeça e fez uma expressão triste. Pensei que ela ia chorar, mas em vez disso, ela olhou de lado e deu uma gargalhada - como a da ligação só que sem efeitos - e chegou bem perto de mim, e quase sussurrando disse:
- Sim. Eu o matei. Hahahahah... Eu matei sim, e quer saber foi bem divertido, é uma experiência ótima, engraçada também. Ah se você visse como ele me olhava, hahaha...
- Sua desgraçada, miserável. Eu confiei em você, eu te considerava minha irmã, você não tem sentimentos?
- Ah - Ela falou como quem não se importa - Acho que sim. Eu sinto fome, é um sentimento, não é? Porque eu sinto..- E as ironias iam aumentando, e meu ódio também.
Por que está fazendo isso Liv?
- NÃO me chame de Liv. Ela morreu faz tempo. Desde que o Matt chegou aqui, desde quando você começou a fazer novas amizades, eu fui ficando de lado, foi VOCÊ Amora, que me abandonou! Você.
- Tá doida? Eu sempre estive contigo. Nunca te deixei só!
- Ah é mesmo? E naquela noite em que o Daniel te chamou pra sair? Você foi. E me deixou sozinha.
- Você disse que não tinha problema, o que aconteceu com você?
- Não era pra ter ido. Amigos não deixam amigos! - Ela falou gritando bem perto do meu rosto. Respondi no mesmo tom.
- Você não é dona da minha vida! Não manda em mim, e agora não é mais NADA, para mim. entendeu? Nadaaa!
-Cala a boca! - Ela disse e me deu um tapa, com toda a força. -  Você é minha sim. Minha amiguinha, vamos ficar juntas pra sempre. - Ela falava com uma voz de criancinha irritante. Ela estava obcecada por mim. Senti o gosto ruim do sangue em minha boca e cuspi na cara dela.
- Sua cretina! - Ela disse sorrindo. - Como eu disse numa ligação dessas que eu fiz, eu disse que tão logo você sofreria tanto psicologicamente quanto fisicamente, vamos brincar? Amiga!
Ela pegou uma lanterna de sua mochila vermelha e ascendeu. Focou para a outra pessoa que tava mais no canto.
- Pee!
Deixa ele em paz por favor, ele não fez nada pra você, me mate, não ele por favoor!!
-Exatamente amor, ele não fez nada. E eu o QUERIA. Mas ele é louco por você, e você é minha. Agora, ele vai ver só. Sinta a dor com ele Amora Bennet!
- O que vai fazer?
- Veja. - Ela pegou uma corda e um canivete.
- Peeterr. Acoodaa. - Dizia ela docemente. -Tá na hora do jogo.
Eu não sei o que ela fez com ele, se o bateu como fez comigo, se deu alguma droga, mas ele estava bem debilitado, ainda assim conseguiu falar.
- Liv, eu. Foi eu que te machuquei, eu sei -Ele falava e fazia uma parada pra respirar, com muita dificuldade. - A Amora, não fez nada, só quis... te proteger. É a mim que você quer. Deixe- a ir.

- Pee. Eu não vou deixar, você não vai morrer. Não vai.. - falei emocionada.
Lembrei de D. Mirna. - O canivete do Pee! - Estava no meu bolso. Se eu alcançasse, teríamos uma chance de escapar.
Tentei alcançar, mas Lívia percebeu, e ria descontroladamente.
- Que bobinha, procurando... Isto? - O canivete, estava com ela.
- Acha mesmo que eu sou idiota? Eu consegui matar pessoas mais fortes do que eu, acha mesmo que eu não a revistaria? - Não falei nada, apenas a encarei! Ela veio em minha direção e levantou meu rosto.
- Chega de mimimi! - Saiu em direção ao Peter, abriu o canivete e colocou sobre o pescoço dele.
- Não, não. Pare por favor, não faça isso. Não o machuque mais. Por favor. - Minha cabeça doía, tanto da pancada que levei e também por causa do choro. Mas ela nem sequer parou pra pensar, levantou o canivete e sorriu.
- Nãaaaooo!! Peteeer!

Psicose - A árvore forca [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora