capítulo 6 pt um

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Ele aparecia em seus sonhos, mas percebeu agora que não sabia absolutamente
como ele era.
Aquela coisa, vingativa e amarga que ele imaginou não tinha nada a ver com seu
irmão.
Ele havia perdido Thomas e a memória dele há muito tempo. O que restava agora
não era nada além de uma imagem distorcida, formada a partir de sua própria culpa e
arrependimento. Ele pensou que tinha deixado aquilo por Lars, mas não tinha. Ele ainda
estava defendendo o espaço vazio dentro dele, porque achava que tinha que fazer. Foi a
sua responsabilidade, sua punição, culpa dele. Ele tinha vivido com esse vazio toda a sua
vida porque ele não achava que merecia deixá-lo ir.
Mas as coisas eram diferentes agora. Ele não queria esquecer seu irmão, o que
restou de sua memória, mas ele queria se livrar da dor terrível e a memória que aquilo
evocava. Ele queria acreditar que era bom, que ele merecia coisas boas. Que merecia
Lars.
Tomando fôlego, ele disse as palavras que tinha pensado tantas vezes antes, as
palavras que invadiam sua mente cada vez que olhava para seu companheiro.
"Eu te amo.” Disse ele, timidamente. Ele apertou a mão de Lars.
Os lábio de Lars enrolaram conforme olhava para ele.
"Diga de novo?"
"Eu te amo.” Disse Danny, e ele sorriu.
Ele diria isso mil vezes se fosse preciso. Ele não estava mais com medo.
Os olhos de Lars estavam abertos, mas ele não podia ver muita coisa. Tudo o que
o cercava estava frio e escuro. Nada, ele pensou, mas depois se corrigiu, sentindo uma
superfície sólida debaixo dos pés. Ele estava parado em alguma coisa, mas parecia ser
tudo o que existia, apenas uma vasta extensão de nada acima da superfície, longo e chato.
Não uma superfície. Um plano.
Sua respiração se acelerou com o pensamento, e ele balançou a cabeça para
dispersá-la. Se ali era Morgana, ele poderia ver porque seus pais tinham fugido.
O que ele não podia ver, no entanto, foi por que eles iriam querer voltar. Se ele
tivesse que viver neste lugar terrível, ele não poderia imaginar que tipo de pessoa aquilo
o tornaria.
Não ecoou nenhum som sob seus pés quando ele deu alguns passos em uma
direção. Então deu alguns passos para trás. Ele virou-se, sem saber que direção deveria
tomar em primeiro lugar.
Onde diabos ele estava?
Um sonho. Isso tinha que ser um sonho.
Mas se isso era um sonho, significava que Danny estava ali, esperando na
escuridão, o mesmo que ele. Lars mordeu o lábio. Danny não gostaria disso.
O que diabos ele tinha pensado, vendando-o assim antes?
‘Se ele acordasse, quando você acordar idiota. É um sonho. Seja racional, pelo amor de
Cristo’, ele jurou solenemente iluminar todos os cômodos da casa, como uma árvore de
Natal na próxima vez que os dois fossem para a cama.
Se Danny estava lá, ele precisava encontrá-lo. Lars estendeu as mãos na frente
dele, desesperado para sentir algum ponto de referência diferente do seu próprio peso
amarrado ao chão. Ele andou e virou-se, andou e virou-se, agarrando o nada pela frente.
Quando finalmente balançou os braços em volta e atingiu uma superfície sólida,
estava certo de que quase teve uma parada cardíaca.
Imediatamente, ele sacudiu a mão para trás, retirando-se de volta para o nada, mas
seus sentidos estavam mais intensos agora, formigando com o medo de tudo o que estava
na frente dele, sua mente corria com as possibilidades de quando e onde o ataque poderia
vir.
Havia muitos lugares para contar.
Timidamente, Lars enfiou a mão para trás e a frente dele, com cautela à espera de
bater naquela parede horrível e sólida novamente. Ele fez, sentindo-a cuidadosamente.
Algodão. Era algodão sob sua mão, uma camiseta. Ele puxou de volta, com medo de
que, ou quem estava esperando debaixo dela. Poderia ser Danny, pensou, e, embora o corpo estranho silencioso que ele tinha duas vezes roçado tivesse lhe provocado um
arrepio assustador, ele tinha que tocá-lo novamente para ver quem era. Ele tinha de
encontrar seu companheiro.
Timidamente, estendeu a mão para sentir o tecido, liso esticado... e sentiu uma
onda de alívio com a faísca de reconhecimento. Graças a Deus. Era ruim o suficiente ser
banido para algum lugar estranho sem ter que se preocupar com as ramificações morais
do sonho tateando um estranho.
"Danny?"
Duas córneas brancas saíram da escuridão. As íris azuladas de Danny estavam
sombreadas de um tom gelado, mas não havia nada da confiança ou amor que ele tinha
visto mais cedo naquela noite. Passada a onda de emoção, o aumento do sentimento que
Lars normalmente tinha ao olhar para eles. A menos que ele contasse o medo. Esse olhar
era duro, frio e morto.
"Não sou Danny." Uma voz brincou.
Mas não era a voz de Danny? Lars não teve tempo para pensar nisso.
Dois dentes brancos apareceram na escuridão à sua frente. Quem olhava para ele
não era humano. E pelo que Lars poderia dizer, ele estava com raiva.
Não, raiva não era a palavra, Lars se corrigiu. A raiva vinha de um lugar de
ressentimento, de frustração. Tinha raízes. O que ele estava vendo no olhar frio à sua
frente era uma desumanidade selvagem que resultou de uma falta de corrente emocional.
Lars estava imaginando o quanto isso pesaria sobre ele tivesse que ficar ali por muito
tempo. Ele não queria saber mais. Ele estava cara a cara com a resposta.
"Você era tão jovem quando morreu." Disse Lars. As palavras saíram de sua boca,
aparentemente por vontade própria, mas uma vez elas foram ditas, ele sabia quem era a
coisa na frente dele. Ele tinha um nome.
Thomas.
Ele sorriu, expondo mais de suas presas. Os pais de Lars tinham se recusado a
acreditar que o lobo dentro dele era natural. Ele nunca o havia temido ou se sentido
envergonhado. Até agora.
"Eu não morri.” Thomas corrigiu. "Eu vim para cá."

Danny na profunda Escuridão (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora