Capítulo 2 - 50%

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Na manhã seguinte, enquanto os irmãos iam para a escola, Alexander os contou tudo aquilo que aconteceu na noite passada, inclusive lhes mostrou a carta nova. Mas escondeu a antiga com medo de que eles o criticasse por ter a guardado.

– Isso deve ser realmente uma brincadeira de mau gosto. Já fizeram isso comigo centenas de vezes – Disse Bruno como se aquilo lhe tornasse superior.

– Óbvio que fizeram centenas de vezes. Porque você é lerdo e caiu em todas às vezes. Isso que dá ficar nesse teu mundinho de conto de fadas nos livros. – Satirizou Marcos e sentiu no seu coração sua ignorância, mas não iria admitir o arrependimento repentino de ter dito aquilo como se isso lhe tornasse mais inteligente.

Bruno olhou com raiva para Marcos. Suas convicções diziam que em um livro de contos não há apenas ficção, mas também há uma mensagem sendo transmitida, mesmo que esta esteja ocultada em palavras fragmentadas durante todo o livro.

– Mas e se não for uma brincadeira? – Gustavo questionou pensativo.

– O que Gustavo? Você ficou louco? – Perguntou Marcos quase nos berros.

– Por que não pode ser verdade? – Gustavo questionou novamente deixando Marcos sem argumento. Ou pelo menos não esperava que ele perguntasse aquilo.

– Eu também pensei nisso Gustavo, mas eu parei e pensei, nem o que está escrito nas cartas faz sentido. – Disse Alexander se lembrando de O cavalo corredor está chegando!

– Realmente. Na primeira carta diz que ele nos conhece mais do que nossos próprios deuses. Como diabos isso seria possível? – Perguntou Marcos retoricamente.

– É... Pode ser mesmo. Ou talvez seja apenas uma expressão de linguagem. – Observou Gustavo.

– Não é expressão nenhuma. É tudo uma brincadeira sem graça! – Exclamou Marcos segurando a raiva. Estava prestes a explodir.

Bruno estava na frente de todos quando de repente parou na frente deles abruptamente e o restante esbarrou nele. Marcos tropeçou no pé de Bruno e caiu no chão. Ele olhou para Bruno imediatamente com vontade de soca-lo por ter o feito cair. Já estava virando rotina eles esbarrarem e desabar. Marcos levantou-se rapidamente ajeitando a mochila de pano nas costas e, quando ia gritar com Bruno, Alexander resolveu fazer aquela função.

– Tá doido Bruno? Para do nada e não avisa? – Gritou Alexander sem entender o motivo daquilo.

– Pessoal o que está acontecendo? – Questionou Bruno espantado olhando para a escola. Ele apontou para frente e todos olharam esquecendo suas iras.

Na porta da escola, cavaleiros com grandes armaduras e espadas afiadas cercavam todos os lados. Também estavam entrando nas casas com a permissão dos moradores por perto da escola como se estivessem procurando algo. Tinha algo de estranho naquilo. Os soldados do exército nunca saiam do castelo para irem pra qualquer que fosse a área. Era muito raro e só saiam se fosse por causa de novas notícias da facção. Eles ficaram assustados com toda aquela movimentação. Olharam para o lado e viram o professor Robson horrorizado com os soldados.

– Robson o que está acontecendo aqui? – Questionou Alexander aproximando-se dele. – Os guardas nunca saem do castelo para ir pra qualquer outra área.

– Se eu fosse vocês correria, e muito! – Exclamou o professor Robson sem olhar para eles.

– Mas por quê? – Questionou Marcos e Bruno espantados

– Eles estão procurando vocês. – Sussurrou Robson com medo de que algum soldado escutasse.

Alexander ficou sem palavras. Eles nunca haviam feito nada de tão grave para que o exército de Gárgula os procurasse como estavam fazendo. Nem mesmo tinham como ameaçar tanto o reino para chegar a este ponto. Seu coração acelerou e os batimentos ficaram intensos. Enquanto tentava encontrar as palavras dentro da cabeça, lembrou-se da carta assim que viu um cavaleiro trotando bem longe deles. "O cavalo corredor", dizia a carta. E ali estava o cavalo corredor. Mas não era apenas um, e sim vários.

Gárgula - O destino começaOnde histórias criam vida. Descubra agora