Capítulo 3 - 100%

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Antes mesmo do sol se levantar, eles já estavam acordados arrumando as coisas em silêncio. Esvaziaram algumas mochilas de panos antigas que Alexander tinha e as preencheram de roupas. Alexander inclusive doou algumas para os irmãos que cabiam neles, pois tinham fugido usando apenas as que possuíam no corpo. Assim que estavam prestes a ir embora, Alexander deixou um bilhete em cima da mesa se preocupando com que nunca mais visse sua tia.

"Querida tia Vicktória,

Talvez neste exato momento você esteja acordando e fazendo o café da manhã. Eu queria lhe agradecer por tudo que você fez por mim. Por me cuidar quando o meu pai partiu e ressuscitar o antigo Alexander que parecia ter morrido com Alex. Saiba que você é a única pessoa que tive depois da morte de meus pais, mas infelizmente terei que partir. Infelizmente não sei se é seguro lhe contar o motivo de ter que fugir, mas não se preocupe, estarei em segurança. Irei me lembrar todos os dias de seu bolo de chocolate e de seus sorvetes. Os melhores de todo o reino. Não sei se retornarei tão cedo, mas sinto que um dia iremos nos rever. Nem que isso aconteça no fim de nossas vidas. Eu te amo, tia. Você é uma pessoa muito especial e alegre. Uma coisa que vou levar de você para toda a minha vida. Não sei o que me espera. Só sei que seguirei um conselho seu: Seja forte, Alexander. E com toda certeza serei forte e vencerei todos os obstáculos. Não fique triste por minha causa. Siga a sua vida e também seja forte. Farei de tudo para retornar o quanto antes. E espero que quando eu voltar, você não tenha perdido essa habilidade indescritível que você tem para fazer as melhores comidas. Sinto muito mesmo por não contar para onde eu vou. A única coisa que eu posso lhe dizer é de que farei honra ao nome do meu pai. Não deixarei que a morte dele seja em vão e muito menos a da minha mãe.

Um grande beijo,

Alexander."

Alexander e os outros saíram lentamente da casa sem fazer barulho para que Vicktória não acordasse. Bruno estava melhor do que a noite anterior, mas estava cheio de sono e manteve-se quieto. Gustavo já falava algumas palavras. Marcos parecia ter superado. Eles seguiram a estrada de pedra que lavava para o reino.

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Cinco horas depois, eles ainda estavam andando. O suor pingava dos rostos deles. Gustavo e Marcos respiravam com dificuldade. Alexander parecia cansado, mas resistia a mostrar qualquer sinal de cansaço. Bruno incrivelmente nem mesmo estava suado como se o calor não lhe afetasse.

– Eu estou morrendo. – Disse Marcos agachando-se para descansar um pouco.

– A gente não pode demorar muito. Vamos descansar rápido – Disse Alexander se jogando no chão de pedra. Mesmo dura e desconfortável, era confortável o suficiente para o cansaço deles. O pé de Alexander já estava cheio de bolhas e manchas vermelhas.

Descansaram por quinze minutos e depois continuaram. Alguns minutos depois, a estrada entrou em uma floresta grossa de madeiras úmidas e folhas verdes vibrantes. O vento que assoprava entre os galhos colidiu contra o suor deles deixando uma sensação fresca. Marcos agradeceu aos deuses por aquele vento. Mas, Alexander parecia desconfiado. Olhava para o ar corrente como se fosse sussurros. E ele estava certo. De repente, uma leoa pulou de algum lugar da floresta e ficou de frente a eles rosnando. Os dentes saltavam para fora como se estivesse mostrando o quanto estavam afiados.

– Não... se... mecham... – Pediu Marcos calmamente, mas sentia a vontade de correr.

A leoa rodou por eles durante alguns minutos, quando de repente, a fera deu um pulo em direção a eles. Todos eles fecharam os olhos e botaram o braço para frente numa forma inútil de se salvar. Ficaram esperando sentir as garras da leoa rasgando suas carnes, mas nada aconteceu. Alexander abriu os olhos calmamente e não viu nada. A leoa simplesmente havia desaparecido.

Gárgula - O destino começaOnde histórias criam vida. Descubra agora