Gárgula - O destino começa

Capítulo 3 - 75%

As horas se passaram e a tarde chegou. Alexander pegou sua bicicleta e foi até o campo de futebol onde algumas pessoas da escola se encontravam aos sábados para jogar, inclusive Marcos, Bruno e Gustavo. Quando Alexander chegou nele, o jogo não havia iniciado. Marcos e os outros estavam sentados na arquibancada conversando entre si. Alexander sentou-se do lado deles e cumprimento-os. Bruno e os outros ficaram assustados com a animação de Alexander depois de meses.

– Aconteceu alguma coisa? – Questionou Marcos desconfiado.

– Nada demais! – Respondeu Alexander rindo e ao mesmo tempo envergonhado de ter mudado tanto nos últimos meses para que os seus próprios amigos achassem estranho ele estar animado. – Porém eu tenho uma proposta a fazer para vocês.

– Que proposta? – Questionou Bruno mais desconfiado ainda.

– Bem... Eu não sei explicar direito, mas eu vou ser direto. – Respondeu Alexander. – Se lembram daquela profecia? – Os outros assentiram com a cabeça. – Pois então, agora eu acredito nela e pretendo ir ao reino falar com Gremos, o sacerdote do rei. – Alexander olhou para frente pensativo. – Agora que sou praticamente órfão não tenho mais motivos para temer essa tal profecia. – Alexander olhou para Gustavo que o olhava incrédulo com tudo aquilo que ele estava dizendo. – Por muito tempo tive medo de segurar a responsabilidade da sobrevivência de vidas. E por causa desse medo, todas as vezes que o destino me obrigou a salvar alguém, falhei. Está na hora de eu parar de ter medo e sustentar tudo o que for! – Os olhos de Alexander arderam com as lágrimas que iam brotando aos poucos. Mas, como o seu pai fazia, segurou-as. – Vocês querem vim comigo?

– É o que? – Indagou os irmãos em uníssono. – Você endoidou de vez?

– Parece loucura né? – Perguntou Alexander achando engraçada a sincronia dos irmãos. – Mas essa é a minha proposta. Se quiserem ir comigo, me procurem antes do amanhecer. Se quiserem ficar e tentar negar da mesma forma que eu fiz, então fiquem e se preparem. Vocês viram o que aquilo que estava no meu pai. Ele disse que vocês serão os próximos. – Lembrou Alexander se retirando da arquibancada fazendo com que Bruno sentisse uma pontada de medo.

– Ele ficou louco? – Questionou Marcos a seus irmãos. – Depois de sete meses chorando e isolado, ele aparece fazendo essa proposta sorrindo como se fosse a coisa mais normal do mundo?

– Mas Marcos, você, eu e Gustavo sabemos muito bem que a profecia é real. Nós vimos com os nossos próprios olhos o que aconteceu no dia em que o pai dele morreu. – Argumentou Bruno.

– Eu sei Bruno, mas nós vamos para tal aventura contra um possível "mal", que, aliás, nem sabemos que aventura e que mal é esse, e vamos abandonar nossos pais aqui? E outro detalhe, você acha mesmo que seria fácil convencer nossos pais de deixar-nos ir para o reino?

Bruno pensou por um momento e lembrou-se dos pais. Ele não poderia simplesmente deixar eles, mas quais seriam as consequências dessa escolha? Bruno sentia que havia algo de muito ruim chegando.

– Vamos jogar bola e deixar isso pra lá. Alexander sabe o que faz da vida dele. – Disse Gustavo levantando-se. Ele desceu a arquibancada rapidamente antes que eles dissessem qualquer outra coisa que fizesse o fizesse mudar de ideia.

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Assim que estava anoitecendo, Marcos e os outros chegaram em casa depois do jogo de futebol. Todos eles se banharam para tirar o odor e o suor por ordem da mãe. Assim que um por um se limpou, sentaram-se no sofá da sala para ler livros ou jogar xadrez. A mãe deles estava tricotando sapatinhos azuis para o seu futuro filho que já estava esperando na barriga. O tinir das agulhas ecoava por toda a sala. Teve que dar uma bronca em Marcos e Gustavo quando os dois atrapalharam-na discutindo por causa de um movimento errado de Marcos do cavalo no jogo de xadrez. Mas o clima familiar foi imediatamente rompido quando seu pai chegou. A mãe deles olhou-os transmitindo uma mensagem silenciosa: Vão para o quarto por favor! Eles entenderam e, relutantes, foram para o quarto escutando o murmuro do pai deles bêbado.