Capítulo 5 - 50%

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Uma enorme caixa de vidro entrou sendo carregada por armaduras vivas usando hastes de ferros. Os soldados marcharam até o primeiro degrau do tablado e a posicionaram no chão. Carol cruzou as pernas enquanto avaliava os goblins de diferentes idades socando as paredes de vidro em desespero. Maya fez um leve rosnado dentro de sua garganta. Enquanto Newbay, que estava ao lado esquerdo de direito de Carol, manteve-se parado como uma fria pedra. Momentos depois, outros guardas entraram carregando Gordx arrastado por correntes. Os goblins gritavam misericórdia à rainha, mas ela não parecia nada misericordiosa.

– Eu lhe avisei que qualquer vestígio de traição seria revidado com punições severas. – Relembrou Carol. – Mas você não quis me escutar.

– Me perdoe minha rainha! – Implorou Gordx deixando com que as lágrimas brotassem em seus olhos. Ele sabia quais eram as punições para aqueles que cometessem algum erro à coroa.

Carol não respondeu o pedido de Gordx. Apenas coçou os pelos como se mais tarde se arrependeria do que estava fazendo. Os olhos dela se perderam em um turbilhão de pensamentos. Mas, repentinamente, sua expressão se tornou rígida novamente.

– GUARDA ARCANJUS!!! Gordx está sentindo sua garganta coçar um pouco, ajude a ele... Eliminar essa coceira terrível. – Disse Carol com um sorriso irônico no rosto. Não precisou de mais nenhuma palavra para que ele entendesse.

Arcanjus entrou na frente de Gordx e colocou suas mãos em seu pescoço apertando-o cruelmente. Gordx tentava se debater, mas seus braços estavam acorrentados e impossibilitados de reagir. Tentava gritar, mas não conseguia respirar para emitir um único som, e a cada momento a força de Arcanjus ficava mais forte. Sua visão se tornou lentamente embaçada, a dor em sua garganta diminuía conforme a vida sumia de seu corpo. Sentiu por um pequeno momento o gosto da morte, mas, antes que pudesse sentir definitivamente, Arcanjus o soltou deixando uma enorme marca roxa na pele verde. O ar adentrou seus pulmões puxando-o novamente para a vida. Sua família tentava gritar em protesto contra o que o guarda acabara de fazer, mas de nada adiantava. Gordx caiu imóvel no chão com os olhos abertos em direção à caixa de vidro.

Uma pequena gota de lágrima brotou nos olhos de Carol e, antes que Newbay percebesse, secou-a imediatamente. A rainha parecia tentar esconder alguma coisa e desgostava de seus próprios atos. Sentia-se culpada, mas parecia disfarçar que não por algum motivo. Ela olhou para o lado e viu o olhar penetrante dele em direção da família de Gordx. Newbay parecia ter percebido que Carol o estava olhando. Olhou para a rainha e acenou para cabeça transmitindo uma mensagem muda entre os dois. Uma mensagem que Carol parecia não ter gostado. Levantou-se do trono e desceu os degraus do tablado enquanto o seu sapato estalava contra o solo e seu manto se arrastava. Ela chegou perto de Gordx que estava caído e totalmente imóvel. Andou de um lado para o outro, suspirou e disse:

– Família é tudo, não é mesmo? – Um sorriso maléfico tomou conta de seu rosto, e depois, olhou diretamente para Maya.

Gordx não conseguia pronunciar uma única palavra por causa das feridas ocasionadas pelo enforcamento. Carol fez um sinal para que os guardas abrissem a caixa. Quando os guardas abriram-na, Maya andou imediatamente até a frente da abertura impedindo de que os goblins escapassem. Eles estavam juntos se abraçando de medo e gritando piedade. Uma lágrima escorreu do olho de Gordx enquanto tentava mexer a boca inutilmente para pronunciar alguma coisa. Sua visão ainda estava muito turva. Carol suspirou e juntou as mãos. Fechou os olhos para evitar a culpa que sentiria depois assistindo a cena que estava para acontecer.

– Maya... – Disse Carol percebendo que sua voz havia tremido assim que havia dito o nome de sua cadela. Mas, em seguida, sua voz se tornou firme como de uma águia decidida a atacar a sua presa. – PEGA!!! – Carol estalou os dedos.

Gárgula - O destino começaOnde histórias criam vida. Descubra agora