Draco chegou em casa mais tarde naquele dia e começou sua atual rotina noturna, dar banho em Teddy, tomar seu banho, ignorar Harry.
- Eu fiz torta de maçã. - Disse Harry, invadido o quarto de Draco com aquele cheiro maravilhoso de torta quente e canela e o estômago de Draco roncou, mas não tirou os olhos da revista que estava lendo. Foco na frieza, Draco. Foco na frieza.
Harry pousou o prato de torta próximo a Draco e ficou encarando o loiro por um tempo, as mãos dentro do bolso da blusa e parecia inquieto.
Draco limpou a garganta e virou a página da revista, mas Harry não se moveu um centímetro.
- Pode sair do meu quarto, Potter. - Respondeu friamente sem tirar os olhos do artigo.
- Quero que você coma a torta, primeiro. E você falou. - E o sorriso pateta se instalou na cara pateta de Potter, fazendo Draco querer morrer ao perceber aquele sorriso. E acredite, se você conhecesse Harry Potter pré guerra entenderia porque cada sorriso, por mais pateta que fosse, o faria querer derreter por dentro. Harry ficava muito mais bonito sorrindo do que preocupado.
Draco nem sabia que eles estavam em uma espécie de competição de quem fala primeiro, mas se perder significava que Harry iria deixar ele paz, então isso o fazia feliz.
- Eu sou perfeitamente capaz de decidir o que eu quero comer. Eu só capaz de decidir muitas coisas Potter, por mais que você e outras pessoas não achem isso. Então saia do meu quarto, enquanto estou te pedindo com educação.
Era isso, Draco precisava alfinetar Harry com o que aconteceu e ele ficaria desconcertado e para não arrumar briga iria sair no mesmo instante.
Mas ele não saiu.
Harry não saiu e isso já estava irritando Draco, ele ia jogar a droga da torta na cara dele e não ia ser uma cena muito legal de se presenciar.
- Não. Eu não vou sair. Eu vou ficar e você vai me escutar e vai comer a torta, porque... Porque eu demorei horas pra encontrar um restaurante decente que faça tortas de maçã, porque eu descobri que sou péssimo em preparar tortas e porque você gosta de maçãs. Você gosta muito de maçãs e inclusive você cheira a maçãs e droga! Não é esse o motivo.
Draco segurou os lábios para não rir porque ele simplesmente não aguentava quando Harry não conseguia se expressar e a cara dele ficava um misto de confusão e nervosismos e seria adorável se Draco não estivesse com tanto ódio.
- E você achou que um pedaço ia me fazer voltar a falar com você? - Draco estava usando com Potter tanto o tom de voz arrastado e sem emoção que já era natural.
- Não Draco. A droga da torta não mudaria nada.
- Então você pode--
- Não! Eu não vou sair, não vou sair porque eu descobri que além de tortas eu não consigo ficar sem falar com você. Não mais. Eu nunca consegui te ignorar, nem quando deveria, você fez a minha vida escolar um inferno com as suas brincadeirinhas e seus bottons e suas cançõezinhas sobre como eu era irritante pra você.
- Você ainda é, você é extremamente irritante e está invadindo o meu espaço. Eu não quero relembrar o passado com você! - Alguma coisa queimava na garganta de Draco e ele só queria por as mãos em Harry e sacudi-lo até ele desmaiar.
- Então vamos falar do presente. Eu sei que te magoei, mas eu juro por Teddy, pela minha vida, que eu nunca em momento algum pedi o total guarda dele. Draco, muitas coisas na minha vida foram sem eu pedir, e acredite eu não estou supreso que isso tenha acontecido. As pessoas vivem tentando agir por mim como se soubessem o que eu preciso, você não tem ideia.
- Pobre garotinho famoso. - Draco não podia evitar, ele estava cansado, irritado e Harry não estava ajudando.
Harry respirou fundo, ele sabia que não seria fácil. Nada é fácil com Draco Malfoy.
- Eu sinto muito. Mesmo, eu profundamente, intensamente, sinto muito. E você pode me chamar de Potter e dizer que eu sou irritante e me amaldiçoar e não comer as coisas que eu preparo pra você. Pode até voltar a usar o bottom "Potter Fede" e distribuir para as pessoas ao meu redor e fazer com que elas me odeiem. Você é bom nisso. Mas não pode ignorar que a tarefa que Andrômeda nos deu é para ser feita por nós dois. Nós dois juntos.
Draco que estava o tempo todo olhando para a revista que ele obviamente não estava lendo, virou a cabeça para Harry. Ele estava prestando atenção.
- Eu não escolhi ter uma cicatriz, nem ser famoso. Mas eu escolhi ser padrinho do Teddy e escolhi vir morar com você, eu escolhi cada ação que eu fiz desde que Andrômeda morreu. Não vai ser um pedaço de papel que vai dizer se devemos ou não fazer isso juntos, porque no final das contas era isso que ela queria. Ela confiou em mim e em você para fazer isso, porque ela tinha certeza que a gente poderia... - E então ele olhou para o lado tentando fazer a palavra sair por completo. - Ela tinha certeza que a gente ia conseguir ser uma família, para Teddy.
Draco fugiu do olhar de Harry quando escutou a palavra família. E seus olhos arderam mas as lágrimas não sairam, Harry tinha um ponto, eles foram confiados a cuidar do Teddy e estavam fazendo tudo menos cuidar dele. Menos olhar para ele.
- Tudo bem se você me odiar, é assim que é uma família não é? As pessoas ás vezes se odeiam, mas sempre ficam juntas. Eu não posso dizer muito sobre famílias, mas você pode.
E então Draco não aguentou e apertou os olhos em um profundo suspiro, falar de família, doía em uma parte lá no fundo do seu coração. Era dificil. Ele secou o rosto com a manga do pijama e encarou Harry, e lá estava ele esperando uma resposta e céus! Harry era expressivo e intenso, e Draco percebeu que estava tão envolvido em tudo aquilo e que não dava pra voltar atrás, ele não poderia mais ignorar Harry.
- Se insistirmos em... Em reabrir essa historia da guarda, será muito mais estressante, certo? - Draco finalmente falou.
Harry se sentou receoso na cama, mas quando percebeu que Draco não ia atacar ele com um feitiço, ele se aproximou mais um pouco.- Seria... Teríamos que passar por várias audiencias e teria pessoas entrando e saindo daqui para saber se temos um lugar adequado para criar Teddy. Sem contar que eu teria que ir embora, e Teddy teria que ficar indo e voltando para lugares diferentes.
Draco concordou com a cabeça, não seria nada bom para Teddy toda essa bagunça e ele meio que não queria que Harry fosse embora.
Mas Harry não precisa saber disso.
- Então, se eu deixar você ganhar...
- Não! Draco, isso não se trata de ganhar ou perder, você não escutou nada do que eu disse?
Draco deu um risada e segurou o prato de torta esquecido entre eles e pegou um pedaço com o garfo.
- Eu sei, só queria te deixar irritado. - Respondeu achando graça - E a torta está fria.
- Se você não tivesse sido teimoso com uma mula ela ainda estaria quente.
Draco puxou a sua varinha e murmurou um feitiço para aquecer a torta, Harry levantou a sobrancelha para ele que sorriu satisfeito.
O resto da conversa foi civilizada, Draco só reclamou algumas vezes de que Harry estava amassando todo os seu lençol impecavelmente arrumado e que não ele não poderia pegar um pedaço do edredom, se estivesse com frio voltasse pro seu poleiro, e fez Harry descer as escadas três vezes para pegar mais torta para ele. Antes de irem dormir, Draco até deu um beijo na bochecha de Harry e desejou que ele tivesse bons sonhos.
Isso é um bom sinal, não é?
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juntos pelo acaso » drarry
Fanfic### FINALIZADA ## Draco e Harry ainda tem dificuldade em se darem bem. Depois de um primeiro encontro arranjado totalmente desastroso a coisa toda só parece piorar, agora com a morte de Andrômeda Tonks eles se tornam a única família do pequeno Teddy...