10 - Narrações medianas & Abraços quentinhos

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Harry

Louis corria de uma lado para o outro desde que lhe disse que estava pensando em comer algo diferente.

— Droga, eu sabia fazer isso. — resmungou e o ouvi bufar, fazendo-me rir.

— Podemos sempre pedir em um restaurante. — sugeri me encostando no que eu acho que é o armário caso ele não tenha sido mudado de lugar.

— Eu queria fazer bolinhos que a minha mãe me ensinou, por que não consigo agora?

— Porque está ficando louco. Venha aqui, Louis. — chamei e ouvi seus passos até mim, até que meu braço tocou seu ombro. — Respire e esqueça os bolinhos.

— Tudo bem. — bufou. — Vamos ligar para o restaurante.

Sorri subindo as escadas com cuidado e me sentei na cama esperando por ele. Louis demorou um pouco, pois disse que estava esperando a comida e não ouviria aqui de cima. Ele se sentou ao meu lado, avisando que a bandeja estava na cama e para que eu tivesse cuidado. Depois de pegar o computador ele me ajudou a me acomodar e trouxe a bandeja para o meu colo.

— Vamos assistir Up. — disse e neguei com a cabeça.

— Não mesmo, não gosto de desenhos animados.

— Por isso você não é feliz. — retrucou. — Coloquei.

— Você é muito petulante.

— Não seja do contra. — disse e ouvi o som do filme.

...

— E então, o que acontece agora? — perguntei depois de saber que o carinha que tinha um nariz esquisito e uma cabeça quadrada se casou com a maluquinha da casa caindo aos pedaços e, que ela era bonita agora.

— Eles estão reformando a casa, ela está toda colorida, com amarelo, azul, rosa, está bem alegre. Eles estão fazendo muitas coisas, aquelas do livro de aventura. São um casal muito unido.

— Interessante. E emocional demais para um desenho.

— Ele comprou uma passagem para a viagem que eles queriam fazer. Eles estão no morro que sempre vão fazer piquenique, mas ela não consegue subir, ela caiu. — Louis falou surpreso e senti seu corpo se movimentar na cama. — Não acredito.

— O quê?

— Ela está no hospital e... Não! — exclamou em um tom dramático.

— O quê? — perguntei confuso.

— Ela morreu. Ele está tão sozinho, está sentado nos degraus da casa colorida segurando um único balão azul como quando se conheceram e, poxa, ele está tão triste.

— Isso definitivamente é emocional demais para um desenho. — falei e Louis riu.

— Não é nada, eu gosto.

— Defenda sua honra, Tomlinson.

— Lá vem você. — ele resmungou e eu sorri.

— Tudo bem, você poderia ver onde foi parar o meu travesseiro? Ele escapou daqui. — falei irritado e ouvi Louis soltar uma risadinha.

Senti ele se inclinar sobre mim e puxou meu travesseiro, deixando-me mais confortável.

— Me conta, para onde você viajou? — questionou deixando o filme de lado.

— Eu já fui para a Itália, Roma, Grécia. Eu costumava viajar bastante, gostava de admirar as belezas naturais, fazer trilha.

— Hum, eu realmente nunca fui dessas coisas, eu sou a definição de sedentarismo. — confessou e eu sorri.

— Você pode sempre mudar isso.

Louis

— Tenho um pouco de duvidas quanto a isso. — falei e Harry sorriu acomodando-se mais ao travesseiro.

— Venha aqui. — chamou abrindo os braços e subi em cima da cama aconchegando-me em seu tronco e repousando minha cabeça em seu peito. — Feche os olhos.

— Fechei. — sussurrei de olhos fechados.

— Agora imagine: uma praia, um mar azul, bem azul, um bonito sol e apenas você e uma água de coco. — sussurrou e sorri ainda de olhos fechados. — Lindo, não é?

— Sim. — sussurrei.

— É assim que eu faço, eu pego tudo aquilo que um dia eu pude ver, e imagino tudo de novo para que nunca desapareça. Eu já cheguei uma vez, a pensar em ter filhos. — confessou.

— E por que não pensa mais?

— Sabe o quão frustrante é você não poder ver o rosto do seu próprio filho? Você nunca verá o seu primeiro sorriso, sua boquinha sem dentes e nunca verá sua careta ao exprimentar algo novo, nunca poderá ensiná-lo a andar de bicicleta, nunca poderá nem mesmo pegá-lo no colo direito.

— Eu nunca pensei em filhos, acho que nunca pensei em um futuro. — falei e seu peito vibrou com uma leve risada.

— Eu vejo isso, mas deveria. Deveria fazer trilha, arrumar um parceiro e ter muitos filhos filhos.

— Muitos?

— Talvez uns dez. — disse e sorri.

— Claro, eu apenas não sei se tenho capacidade mental para pensar em um bom nome para todos eles.

— Ah, isso é o de menos, melhor mesmo será o choro na madrugada. — disse divertido e gargalhei inclinando meu rosto para vê-lo.

— Você é bem maldoso, menino da catapora. — sussurrei e Harry gargalhou alto.

— Você definitivamente, não deve me chamar assim.

— Você deve gostar mais de mim agora, não?

— Verdadeiramente, agora, eu gosto de você. — confessou nos abaixando na cama, nos deixando completamente deitados e sorri largamente.

— Eu sempre soube. — falei com o sorriso presente em meu lábios deitando-me novamente em seu peito e senti sua respiração mais calma.

Olhei pela janela, observando o vento forte que balançava as árvores por alguns minutos e ouvi o ressonar baixinho de Harry. Me levantei, arrumando os travesseiros e o cobri, pegando a bandeja e deixando o quarto.

— Esses chegaram essa semana, você sabe, ele não anda muito bem. — ouvi a voz de Anne e parei no corredor.

— Eu percebi. — ouvi a voz de Gemma responder Anne.

— A doutora disse que seria bom trocar os antidepressivos, eles estão agredindo o estômago e também os remédios para enxaqueca.

— E referente aquela cirurgia, ele poderá fazer? Harry estava muito animado com a ideia. — Gemma indagou.

— A doutora disse que definitivamente, não. O caso de Harry não tem reversão. Ele estava animado e tenho medo que ele entre novamente em depressão quando ouvir o fato de que ele será cego, para sempre.

dark greens ❀ {lwt+hes+mpreg}Onde histórias criam vida. Descubra agora