13 - Dias nublados & Hospitais frios

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Louis

Assim que cheguei para mais um dia de trabalho, avistei Gemma e Anne na sala enquanto desenrolava o cachecol do pescoço. Gemma tinha sua cabeça apoiada nas mãos e parecia estar chorando.

Limpei minha garganta sem saber o que fazer e embas olharam para mim.

— O que está fazendo aqui? — perguntou Gemma levantando-se e limpando os olhos.

— Como assim? Quer dizer... Eu vim trabalhar.

— Não recebeu minha mensagem? Harry está no hospital, você deveria ir para lá.

— No hospital?! — exclamei sentindo meu sangue gelar.

— Harry soube ontem que a cirurgia não era possível. Ele pareceu aceitar bem e então ele ouviu uma conversa minha e da minha mãe, sobre mandá-lo para um lugar especializado, que lhe daria assistência e...

— E?

— Ele tentou se matar. Ele se trancou no quarto, tomou os dois fracos de antidepressivos e deitou. — disse Anne e meus olhos marejaram.

— Não sabíamos que ele aceitaria tão mal à noticia da cirurgia, nós...

— Vocês não entendem, não é? Ele não gostou, mas deve ter aceitado a realidade, mas o que dói, o que o machuca dia após dia, são vocês. — esbravejei e ambas abriram a boca em choque. — É o desprezo. É todas as vezes que vocês pedem para que ele se ausente do jantar e se tranque no quarto, todas as vezes que vocês pedem para que ele não saia, para que ninguém o veja, mas adivinha... Ele não é uma aberração, é um ser humano. É a sua família.

— E-eu... — Anne tentou falar.

— Você deve ter sido uma boa mãe, deve mesmo, mas em algum momento você se perdeu. Seu filho não enxerga, mas ele sente, ele está aqui e ainda é seu filho, ainda é seu irmão. Ainda é aquele cara que quer ser chamado para conhecer seu namorado, quer se juntar à vocês no jantar e ouvi o pai falando de beisebol, mesmo que ele não goste tanto assim. Ele ainda é aquele cara cheio de sonhos, ambições, mas ele está se perdendo, ele está perdendo o desejo pela vida e eu não posso, não posso deixar que façam isso com ele.

Meu peito subia e descia, meu rosto estava banhado de lágrimas e as duas mulheres à minha frente estavam com a vergonha estampada em seus rostos.

— Eu preciso... Eu preciso ir. — finalizei saindo.

Não sei em que momento de toda a minha desorientação consegui me guiar, mas eu finalmente havia chegado ao hospital do centro depois de ler a mensagem de Anne com a localização. Cheguei até a recepção e parei em frente a recepcionista.

— Eu vim ver Harry Styles.

— Nome, por favor.

— Louis Tomlinsom.

— Ah... Já está avisado aqui. Seu crachá. — disse entregando-me e agradeci, e logo depois caminhei em direção ao elevador.

Observei os números passando de um à um até chegar ao quinto andar. Sai olhando o crachá até encontrar o quarto 222 e com uma respiração nervosa, entrei. Harry estava deitado, ligado ao soro e remédios na veia. Respirei fundo mais uma vez e me aproximei da cama deixando minha mochila na poltrona ao lado. Com uma de minhas mãos peguei na mão dele e sorri enquanto passava a outra pela sua testa, colocando seus cachos para trás.

— Ei... — sussurrei com a voz embargada e lágrimas descendo por minhas bochechas. — Eu estou aqui. — tentei sorri em meio as lágrimas. — Não faz mais isso. Não me assuste assim.

...

Estava sentado na poltrona lendo as crônicas de Nárnia para Harry, ele continuava dormindo, mas pensei que isso fosse fazer bem à ele. Segundo as informações dos médicos ele não acordou desde que chegou aqui e tudo dependia dele. Ele deveria querer acordar.

De repente, Anne entrou no quarto assustando-me. Calmamente, ela fechou a porta e para minha surpresa, aquela mulher ostentando roupas de marcas caras, saltos nos pés, um cabelo impecável e uma postura glamourosa caiu aos meus pés. Automaticamente larguei o livro me assustando e o choro desesperado de Anne preencheu o quarto.

Sua pose não estava mais lá, à minha frente havia uma mãe desesperada e arrependida preenchida pelo medo de perder o filho.

— Eu... Eu sinto tanto. — disse chorando com suas palavras repletas de arrependimento.

Me ajoelhei ao seu lado tirando calmamente suas mãos de seu rosto e olhei em seus olhos assolados pelo medo, pela vergonha e pela tristeza.

— Ele sempre te perdoou. — sussurrei e seu choro aumentou quando ela me abraçou e a acolhi com toda a sinceridade. — Ele não a culpa, Anne. Ele a ama.

dark greens ❀ {lwt+hes+mpreg}Onde histórias criam vida. Descubra agora