12 - Verdades escondidas & Yankees

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Harry

Eu não pensei no que estava fazendo. Na verdade, nunca fui muito de pensar. No momento em que agarrei em sua nuca, tornando mais intenso nosso beijo, eu não pensei. Não pensei que ele pudesse me rejeitar, rir de mim por ser um patético e cego, um homem que estava achando que teria uma chance com ele.

Esse pensamento me paralisou.

Senti a respiração de Louis contra meus lábios e ele raspou seus lábios contra os meus.

— O que foi? — sussurrou.

— Eu...

— Eu já disse, Harry. Você não é uma aberração e ainda é muito bonito. — sussurrou.

E logo depois voltou a encostar seus lábios ao meus e sorri durante o beijo, deixando meus conflitos de lado entregando-me ao meu primeiro beijo depois de anos. Seu corpo se encaixou no meu, sua mão acariciava o meu rosto e naquele momento, era como se eu pudesse enxergar.

Nossos lábios se afastaram novamente e o silêncio pairou sobre nós. Era horrível não ver o que ele estava fazendo agora. Minha mão que estava em sua cintura subiu, até encontrar o seu rosto e identifiquei ali um sorriso.

— Até que você não perdeu a prática. — brincou raspando o nariz no meu.

— Devo ter treinado com o espelho desde que você apareceu. — falei rindo e senti seu peito vibrar com sua gargalhada.

— Tudo bem, vamos almoçar antes que minha mãe venha aqui novamente. — o senti levantar do sofá e ele me ajudou a fazer o mesmo logo em seguida.

Louis

Nos sentamos na mesa e meu pai já estava sentado lançando um sorriso para mim, ele havia voltando para o almoço. Pegamos uma cadeira do quintal para meu irmão e minha mãe colocou a panela de arroz, a de feijão e a de carne sobre a mesa com um prato na frente de cada um de nós.

Coloquei comida para Harry e pousei seu prato à sua frente me servindo.

— Então, Harry, em que você trabalhava? — perguntou meu pai.

— Eu tenho uma empresa, bom, agora quem administra ela é o meu pai, mas ela continua com meu nome. — respondeu olhando na direção do prato para não parecer um esquisito olhando para a parede. Ele não precisava fazer isso, mas ele ainda tinha vergonha de ser cego.

— Bom, você é jovem e de certo terá chances de voltar.

— Minha mãe estava vendo uma cirurgia nova, ainda não é legal nos Estados Unidos, é um método novo que poderia me ajudar a voltar a enxergar. — comentou.

Remexi minha comida. A amargura me consumia por já saber a verdade.

— Isso é ótimo. — comentou minha mãe.

Peguei uma colherada do prato de Harry e a direcionei a sua boca e o mesmo entreabriu os lábios recebendo a comida.

— Bem, mas, o mais importante é estar saudável, não é? Ele pode viver sem enxergar, apenas não poderia viver doente. — divaguei.

— Considerando que eu tenho uma imunidade baixa, se pego qualquer frio ou chuva já fico gripado, e meu estômago sensível sempre com risco de uma nova úlcera, e minha frequentes enxaquecas e dores no corpo por conta das quedas. Eu estou, basicamente, vivendo mal. — Harry declarou depois de mastigar a comida.

— Imagino como deve ser horrível. — lamentou meu pai.

— Você toma remédios muito fortes? — questionou minha mãe.

— No começo tomava bem mais, para dores e para a úlcera que tive. Agora, tomo para enxaqueca, dores no corpo e os antidepressivos que também são fortes. — declarou e olhei para para todos na mesa que tinham um olhar de compaixão e pena estampados em seus rosto.

Balancei a cabeça em negação para todos e logo meu pai se recuperou.

— E beisebol, você gosta? Fiquei louco ontem com o jogo dos Yankees. — comentou meu pai descontraído.

— Pelos gritos do meu pai ontem... Eu devo dizer que eles ganharam? — Harry arriscou.

— Sim, foi lindo. Claro, depois do estresse. — disse meu pai e Harry sorriu.

Harry detesteva beisebol, pois já tínhamos conversado sobre isso com ele e no mesmo dia falei que estava usando uma camisa dos Yankees e ele me mandou não usar mais, mesmo ele achando que eu ficava maravilhoso em uma, apesar de não poder ver.

Depois do almoço que correu tranquilo sem mais conversa desagradáveis, nos jogamos novamente no sofá, eu grogue e Harry apenas ouvindo o áudio da TV. Perto das cinco da tarde, Anne apareceu para buscar Harry e eu o abracei forte me despedindo.

— Se tudo der certo. — sussurrou acariciando meu rosto. — Eu ainda irei olhar em seus olhos.

E então, se foi, deixando-me triste, com saudades e culpado.

Extremamente culpado por deixar que crie falsas esperanças.

dark greens ❀ {lwt+hes+mpreg}Onde histórias criam vida. Descubra agora