Prólogo

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Sophie despertou de repente, seu coração batia forte. Uma sensação de ter presenciado algo ruim se apoderava dela, bem como o suor frio impregnado em sua pele. Examinou seu quarto, tentando se recuperar do que acreditava ter sido um pesadelo, mais um dos quais sabia que não se lembraria. Seus olhos se fixaram no breu através do vidro de sua janela. Suspirou, tentando se acalmar, algo que já estava acostumada a fazer e se virou para o lado, jogando o cobertor sobre a cabeça e pensando na prova que teria pela manhã.

Seus olhos se abriram novamente, mais uma vez assustados, mas dessa vez, nada tinha com relação a pesadelos, ou pelo menos não desse tipo. Pegou seu celular e deu um pulo da cama, se tinha algo que a aterrorizava era perder um compromisso e o alarme anunciava que já tinha despertado antes.

Não daria tempo de tomar banho e antes mesmo de realmente despertar, começou a vestir suas roupas, calças jeans, baby look preta e tênis. Correu para o banheiro, tropeçando nos cadarços desamarrados e escovou os dentes enquanto penteava o cabelo longo. O prendeu em um rabo-de-cavalo e examinou a extensão de suas olheiras costumeiras, provenientes de noites mal dormidas, todas as manhãs tinha que escondê-las com maquiagem.

Suas noites de sono raramente eram tranquilas. Todas as vezes que acordava assustada, ficava com uma sensação ruim no peito durante boa parte do dia, era como se tivessem jogado sacos de areia em seus ombros e ela só conseguisse se livrar deles em algum momento do dia e às vezes, só melhorava à noite.

Sua bolsa com seus matérias ficava estrategicamente pendurada na cabeceira da cama. Abaixou-se para amarrar os cadarços, apressada e passou como um raio puxando a bolsa, pegando seu celular e descendo para a cozinha, torcendo para ter qualquer coisa que pudesse ser praticamente engolida, pois seu estômago já protestava por ter dormido sem comer.

Quando chegou à ponta da escada, já ouvindo sua mãe colocar a caneca de café dentro da pia, desacelerou o passo, para evitar ouvir a frase de sempre: "não corre na escada, menina!". Dizia já estar grande demais para ouvir isso, mas recebia como resposta que ainda corria feito criança.

Pensava que seus pais tinham planos de ter muitos filhos. A casa com certeza foi comprada para comportar uma família grande. No andar de cima dela tinham duas suítes, uma de seus pais e outra dela e um banheiro, que raramente era usado. No primeiro andar da casa ficava a sala e a cozinha, divididos por uma bancada. Tinha um corredor na sala que dava para o quintal dos fundos e a lavanderia, nesse corredor também tinha um quarto, que era usado como escritório por sua mãe, que trabalhava em uma editora e um banheiro social. Achava o tamanho da casa um exagero, mas seus pais gostavam de espaço, pelo menos era o que diziam.

De uma coisa Sophie não podia reclamar, sua mãe tinha bom gosto, apesar de sua fixação por móveis nas cores tabaco e branco, a decoração era simples, moderna e sóbria. Seu pai, por outro lado, gostava da modernidade e de descobrir como as coisas funcionavam e claro, adorava quando algo quebrava, a melhor desculpa, dizia ele, para descobrir como funcionam. O resultado? Estavam sempre comprando coisas novas e o carro e a moto dividiam o espaço da garagem com as parafernálias que seu pai não arrumava.

Bárbara abriu um sorriso largo ao ver a filha.

— Bom dia filha! Ainda tem um pedaço daquele bolo que você gostou na geladeira, seu pai não comeu.

— Espero mesmo que seja um bom dia. – Sorriu em retribuição e logo desfez o sorriso. Jogou sua bolsa no chão e puxou o banco para sentar perto da bancada.

— Qual é o outro motivo do seu mau humor? – Bárbara já sabia das noites mal dormidas da filha e evitava falar nisso. Porém, achava graça quando a filha reclamava de outras coisas e ela gostava do jeito às vezes distraído de Sophie, lembrava muito seu pai nesses momentos. Abrindo a geladeira para pegar o bolo, ela olhou de relance para Sophie.

Manipuladores do Futuro (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora