Capítulo 6

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Confusão em dose dupla, outro beijo e um quase acidente.

Com as mãos trêmulas, Sophie fechou a torneira e se aproximou, devagar, para atender a porta. Por mais que quisesse acreditar ter tido apenas um pesadelo, nesse momento sentia-se dentro dele, não se lembrava mais o que estava fazendo ali, apenas o que a esperava atrás daquela porta. Seguiu como se tivesse sendo guiada em uma cena da qual era a protagonista, mas sem qualquer controle dos movimentos.

— Não. – A mão de Fernando em seu ombro fez a cena finalmente parecer real, como se tivesse acabado de acordar. E ela congelou onde estava novamente. — Vou abrir. – Ele sussurrou e Sophie assentiu, com arrepios correndo por seu corpo e lutando para não bater os dentes com o frio repentino que estava sentindo.

Fernando abriu a porta. Ela o viu cruzar os braços sobre o peito e fechar a cara. De onde estava, podia ouvir tudo e tinha uma visão completa dele, se desse alguns passos poderia ficar ao seu lado em segundos.

— Não vai me convidar para entrar? – O tom de Lucas era debochado, mas Fernando não se abalou. A única que parecia fora de contexto ali era ela, como se todos tivessem seus papeis, menos Sophie.

— Não. A casa não é minha. – Ele se mexeu, bloqueando toda a passagem.

— Cadê a dona da casa então?

— Não é da sua conta. O que você quer aqui?

— Venho te dar um recado, mas gostaria de perguntar à Sophie quando vamos repetir aquele beijo.

— No dia de sua morte. Fala logo o que é! – Fernando estava ficando cada vez mais impaciente.

— Isso não é jeito de falar...

— Só tem um jeito de falar com você. – Ele o interrompeu e tentou fechar a porta, mas algo o impediu, provavelmente o pé de Lucas.

— O velho quer que o trabalho termine logo, esse é o recado. Ele está muito irritado.

— Entendido... – Mais uma vez ele tentou fechar a porta e não conseguiu.

— O que você está fazendo com ela, Fernando? A garota é bem interessante, mas você não costuma adiar trabalho assim, então ela deve ser especial, certo? – Ouvindo a conversa, sentia que as palavras dele tinham mais do que parecia.

— Ainda não sei. Estamos nos conhecendo. Sugiro que fique longe dela ou eu mato você, entendeu?

— Sim, mas irmãos devem aprender a dividir. No fim, quem limpa suas cagadas sou eu, nada mais justo.

A expressão furiosa de Fernando disse mais do que deveria e se não fosse por isso, Sophie não teria entendido as palavras de Lucas. Finalmente entendendo onde estava se metendo, ela se colocou ao lado dele.

— Boa noite! Pensei que estivesse dormindo. – O sorriso de Lucas seria o mais lindo, os dentes brancos e perfeitos em contraste com sua cor morena, se não fosse por seu olhar ameaçador, seria tão bom quanto Fernando.

— Só se for para você. Sai da minha casa ou eu chamo a polícia.

— Tudo bem. – Lucas levantou as mãos em rendição e riu. — Mas preciso avisar... Você não sabe no que está se metendo.

— Ah, acho que sei sim. Em família. – Fernando que estava calado, de repente fechou a porta com força e a trancou, fazendo Sophie se assustar e Lucas resmungar do outro lado.

Ela se afastou dele e sentou no sofá, pensando no que tinha acabado de acontecer. Devia ter imaginado que eram irmãos, a semelhança era óbvia. Mas decidiu acreditar em Fernando. Será que ele realmente achou que não era uma informação importante? Ou achou que ela nunca fosse descobrir?

Manipuladores do Futuro (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora