Capítulo 21

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Pega pra capar

Na sala, Rubens esperava os dois sentado em sua poltrona e a garota não podia imaginar que estaria naquela situação, se não fossem as dores, o sangue escorrendo insistentemente de seu nariz e o medo que estava sentindo, poderia muito bem acreditar que tudo não passava de um pesadelo. Mas naquele momento, ela só esperava que tudo terminasse logo. Nunca desejou tanto em sua vida tomar um banho e dormir até quando desse.

— Já decidiu? – Ele perguntou, se levantando em seguida e se aproximando dos dois.

Sophie congelou onde estava, não era a reação que costumava ter quando corria risco, mas naquele momento, ficou completamente paralisada de medo. Por pouco tempo, é claro. Seu instinto falou mais alto e tudo aconteceu muito rápido. Ninguém conseguiria impedir mesmo que tivesse percebido, nem mesmo ela entendeu muito bem o que estava fazendo.

Numa medida desesperada, a garota puxou a arma das costas, apontou para o homem e apertou gatilho. Foram tantos barulhos que sua cabeça doeu ainda mais. Quando abriu os olhos, tudo lhe pareceu surreal demais e a sensação de já ter passado por aquela situação, o famoso dejavú, estava impregnada em sua mente conturbada, até mesmo a visão de Lucas a assustou.

Apenas ao perceber o que segurava a fez ter consciência da situação e da dor que agora sentia em sua mão e se espalhava por todo o braço.

— Meus parabéns! Agora você deu para guardar uma arma carregada no seu quarto.

— Ninguém entra lá! Como eu iria adivinhar que receberíamos visita? – Lucas olhou furioso para o Velho, que estava sentado novamente em sua poltrona, segurando o braço. Então se virou para Sophie. — Agora entrega a arma. – Lucas se aproximou para pegar a colt e estendeu o braço.

— Não chega perto! Atirei nele, atiro em você também. E não vou errar. – Manteve a arma apontada para Lucas, que sorriu.

Não entendia como aquilo podia estar acontecendo e também não conseguia controlar o que estava fazendo. Sentiu-se um personagem em uma cena de sua vida, com roteiro e tudo o que um ator tinha direito. E Lucas representava um perigo iminente.

— Você teria coragem? – A voz dele estava calma e sua expressão divertida.

— Não sei! – Ela apertou os olhos para limpar as lágrimas, não conseguia determinar se ele debochava dela ou se pretendia ajudá-la como fez da última vez. — Não quero atirar em você, mas se for preciso...

— Sabe quantos tiros você deu? – Ele cruzou os braços sobre o peito e estreitou os olhos.

— Eu... – Sophie tentou contar, mas não conseguia se lembrar.

— Eu contei. – De repente, Lucas segurou a mão em que Sophie mantinha a arma. — Ainda bem que não te ensinei a atirar. – E começou a apertar. — Você podia ter matado alguém. Solta essa arma! – Ele ordenou e continuou a sorrir.

— Lucas, eu não quero atirar em você... – A garota cerrou os dentes tentando aguentar a dor, mas sua cabeça estava prestes a explodir e sua mão virar paçoca.

— Claro que você quer. Ou você atira, ou eu tiro a arma de você. – Ele pressionou ainda mais a mão dela. — Aperta o gatilho! – Gritou.

Sem saber o que fazer, ela apertou o gatilho, mas a arma não disparou. Apesar do medo, sentiu alívio, não queria mesmo machucá-lo. Lucas colocou mais força no aperto e Sophie soltou a arma. Ele a colocou em sua cintura.

— É isso aí, garota! – Sorriu, satisfeito e afrouxou o aperto na mão dela.

— Qual é o seu problema? Segura ela! – Ela viu com sua visão periférica Rubens tentando se levantar e encarou Lucas. Não precisou de mais que alguns segundos para entender o recado. Deu um sorriso amarelo e recebeu o mesmo de volta. Sem esperar, puxou a mão dolorida e correu para o portão da casa...

Manipuladores do Futuro (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora