Capítulo 17

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Uma proposta interessante e uma carona

Até mesmo falar um pouco sobre seu passado para Sophie o fez se sentir bem, não costumava apenas conversar com as pessoas, sempre tinha segundas intenções, sondava informações, nunca relaxava ou se descuidava. Dessa vez era diferente.

— O que aconteceu com essa sua última namorada? – Ela estava empolgada com a conversa e um pouco curiosa também, Lucas parecia outra pessoa, tranquilo e despreocupado enquanto alisava o cabelo dela.

— Ela me trocou por um amigo meu, foi isso que aconteceu. – Riu, sem nenhum humor.

— Se eu imaginasse essa resposta, não teria perguntado. – Ergueu a cabeça para encará-lo e virou o corpo, ficando de frente para ele.

— Não tenho problema com isso, já faz tempo e os dois nem ficaram juntos.

— Entendo...

— Sinto muito... – Lucas a afastou com delicadeza e lhe deu um beijo antes de continuar. — Já anoiteceu, preciso ir. – Estava prestes a fazer algo incomum, mas pensava ser uma coisa boa. — Preciso ver se Fernando arrumou as portas e tenho uma conversa com o dono da casa marcada. Pretendo comprá-la.

— Que bom! Tomara que dê certo. – Ela ficou realmente feliz, mas de repente, ficar sozinha a assustava mais do que nunca. — Vou ligar para o Carlos e pedir para ele dormir comigo hoje. – Se espreguiçou no sofá e deitada, pegou o celular.

— Faz o seguinte... Avisa que dou uma carona para ele. – Disse, se virando o mais rápido possível. Sophie estava numa posição tentadora, na verdade, tudo que a garota fazia era tentador demais aos seus olhos. Tinha um compromisso e não podia ficar ali, por mais que quisesse.

Aproveitando o tempo que teria até Carlos chegar, Sophie decidiu dormir um pouco, algo que Lucas não a deixou fazer antes. Cochilou ali mesmo no sofá.

Não demorou a pegar no sono e mais uma vez teve um daqueles sonhos. Pela primeira vez, Sophie sentiu como se tivesse entrando no corpo de outra pessoa e sentindo todos os seus anseios. Olhou em volta e prendeu a respiração. Estava novamente na sala daquele sobrado azul, em uma situação mais caótica, mas era o mesmo lugar.

Sua cabeça doía muito e a confusão a deixou atordoada, chegou a pensar que não era um sonho e só percebeu que não era possível quando uma voz chamou sua atenção e ela se virou na direção do som. Quase desmaiou ao ver o que estava em sua própria mão e quem estava a sua frente.

— Ninguém entra lá. Como eu iria adivinhar que receberíamos visita? – Lucas olhava para o Velho, que estava sentado em sua poltrona, segurando o braço e se virou para Sophie. — Agora entrega a arma! – Ele se aproximou para pegar a colt e estendeu o braço.

— Não chega perto! Atirei nele, atiro em você também! E não vou errar! – Manteve a arma apontada para Lucas, que sorriu.

Não entendia como aquilo podia estar acontecendo e também não conseguia controlar o que estava fazendo. Sentiu-se um personagem em uma cena de sua vida, com roteiro e tudo o que um ator tinha direito.

— Você teria coragem? – A voz dele era calma e sua expressão divertida.

— Não sei! – Ela apertou os olhos para limpar as lágrimas, não conseguia determinar se ele debochava dela ou se pretendia ajudá-la como fez da última vez. — Não quero atirar em você, mas se for preciso...

— Sabe quantos tiros você deu? – Ele cruzou os braços sobre o peito e estreitou os olhos.

— Eu... – Sophie tentou contar, mas não conseguia se lembrar.

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