Capítulo 22

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Duro de encontrar

Não foi fácil organizar sua mente quando despertou. Imagens confusas da noite passada vinham a sua cabeça e todas pareciam lembranças de um sonho ruim, abrir os olhos foi ainda mais difícil, podia jurar que estava novamente com conjuntivite.

Levantou e com dificuldade para enxergar foi até o banheiro lavar o rosto. Seu cabelo ainda estava úmido, nem se lembrava de ter tomado banho, provavelmente fez tudo no automático. Secou o cabelo e suspirou, tentando colocar os pensamentos em ordem.

Sophie não costumava fugir das coisas e muito menos fingir que nada estava acontecendo, mas naquele momento desejou mais do que nunca fazer isso. Nunca sentiu tanta raiva e vontade de explodir o mundo.

Ela sabia que soava dramática, que não fazia seu estilo e não pensava daquele jeito apenas pelo que estava acontecendo consigo. Existiam inúmeras pessoas sofrendo por diversos motivos e não seria má ideia resetar o mundo.

Afastou os pensamentos melancólicos e tomou coragem para se olhar no espelho. Se tudo tivesse acontecido como se lembrava, não seria uma boa experiência se olhar.

Tirou toda a roupa, pegou o espelho maior que tinha no quarto e o posicionou no vaso sanitário. Quase não acreditou no que viu.

Passou a mão pela cicatriz no lado direito de sua barriga, tremendo e se virou, havia outra nas costas. Tinha mesmo levado um tiro, só não entendia como tinha cicatrizado tão rápido. Fora isso, que já era bem assustador, seu corpo estava normal.

Não havia qualquer hematoma ou sinal de agressão. Estava ilesa. Como isso era possível? Ela queria muito saber. Segurando a angústia que invadia seu peito. Sophie se vestiu o mais rápido que pôde, se impressionou em como foi rápida, pegou sua carteira e chaves e saiu, com destino certo.

Não tinha percebido que já anoitecera e estranhou a falta de movimento na rua. Estava sem seu celular, não tinha ideia de onde Letícia tinha guardado e nem teve tempo para procurar. Ligou sua moto e seguiu como se estivesse sendo guiada para onde queria ir.

O hospital estava vazio. A passos largos, Sophie caminhou até o balcão e pediu informações sobre Lucas à recepcionista. Infelizmente, não poderia vê-lo, a ordem era para não deixar ninguém que não fosse da família entrar e quando ela começou a insistir, a recepcionista, comovida pelos olhos brilhantes da menina, decidiu dar ao menos informações sobre o estado dele.

— Olha. Eu pensei em te ajudar.... – Disse a mulher, franzindo a testa enquanto olhava para a tela do computador, ela fez uma pausa e torcendo para a garota não explodir em lágrimas ali mesmo, prosseguiu. — Só posso afirmar que ele estava estável quando saiu daqui.

— Como assim, saiu daqui? Ele não estava...

— Calma! Ele foi transferido.

— Para onde? – Seu coração batia tão forte no peito que até doía.

— Isso eu não estou autorizada a revelar. Sinto muito!

— Obrigada! – Sorriu, sem muita vontade, mas precisava agradecer a mulher.

A recepcionista anuiu com um movimento rápido e suspirou ao ver a moça partir. Temeu por ela, pois não achava seguro alguém naquele estado dirigir uma moto. A garota mal conseguia fechar seu capacete sem que a tremedeira a atrapalhasse.

O estômago de Sophie revirava. Já ficou nervosa antes, mas nunca sentiu enjoos e tonturas por isso, entretanto, também nunca tinha passado por aquilo tudo. Encostou sua moto ao perceber o caminho que estava tomando, tirou seu capacete às pressas e vomitou na sarjeta mesmo.

Manipuladores do Futuro (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora