Festa ruim, garotos e um pouco de perigo.
E que comece a agitação!
Passar a noite em claro estava virando rotina nos últimos dias e dessa vez, ficou pensando no garoto que tinha sobrevivido ao acidente. Ele tinha perdido o pai quando já não tinha mais a mãe. Depois de uma noite difícil e um dia mais difícil ainda, com policiais perguntando o que ela tinha visto e dando seu depoimento na delegacia da cidade, Sophie queria apenas relaxar um pouco.Havia conseguido remarcar sua prova, pois o acidente foi notícia em todas as cidades da região. Bárbara, no meio da confusão, acabou contando para um rapaz o que elas tinham visto, sem perceber que se tratava de uma entrevista, e seus nomes saíram no jornal, deixando a moça ainda mais irritada.
Ficou uma semana em casa e seus pesadelos não paravam de assombrá-la. Seus pais não lhe davam credibilidade quando dizia que sabia sobre o acidente e seus amigos Carlos e Sabrina viriam essa noite para tentar animá-la, mas ela só queria ficar sozinha.
Bárbara não queria que a filha continuasse contando aquela história e seu pai parecia ficar irritado quando a ouvia. Para seus pais, parecia ter sido mais um dejavú do que uma visão de algo que realmente iria acontecer. Sophie chegou a pensar que estava ficando maluca e todos acharam que era trauma por causa do acidente. Seu pai disse que iria marcar uma consulta com o psicólogo, o que a deixou com muita raiva e medo, e fez com que se trancasse no quarto.
Não voltaria ao psicólogo de jeito nenhum e sua mãe, ao mesmo tempo em que tentava não discordar de Rogério, também tentava entender a filha, mais uma vez.
Quando Sabrina chegou à noite, Sophie queria conversar, o que raramente acontecia entre as duas. Sabrina como sempre, tinha feito planos e chegou pedindo para a amiga se arrumar, pois elas iriam numa festa que o irmão de Carlos tinha sido convidado e em pouco tempo os dois viriam buscá-las.
Com muito custo, Sophie foi se arrumar. Não adiantava discutir com Sabrina e não existia energia para isso. Com certeza Rogério e Bárbara tinham concordado que a filha precisava sair um pouco de casa para esquecer o que tinha acontecido, então, ela iria sair de casa.
Olhou-se no espelho, analisando suas roupas, respirou fundo e mesmo sem vontade, foi para a sala onde Sabrina a esperava com seus pais. Rogério estava concentrado em uma de suas engenhocas, Bárbara digitava loucamente no computador e sua amiga trocava mensagens de texto pelo celular.
Quando perceberam a presença de Sophie na sala, sua mãe a olhou e sorriu como sempre, Rogério demorou a enxergar a filha, mas sorriu quando o fez. Os dois pareciam se orgulhar com a visão da filha, mas Sabrina bufou:
— Calça e camiseta, Sophie? Demorou tanto para vestir isso?
— Demorei porque queria ver se você desistia. E se reclamar muito volto para o meu quarto!
— Tá bom, não precisa morder, ficou bom assim. – Deu de ombros. Em sua opinião, era melhor assim, desse jeito Sophie não chamaria atenção na festa.
Sabrina usava um salto prateado plataforma que brilhava de tanto glitter e um vestido colado preto, dessa forma achava que iria superar qualquer coisa que a amiga resolvesse usar. Só não pensava que seria algo assim tão fácil. Antes que voltassem a conversar, uma buzina tocou e as duas foram em direção à porta, uma entusiasmada e a outra, anestesiada.
Sophie pegou sua bolsa antes de passar pela porta. Carlos esperava com seu irmão mais velho, Igor, no jipe antigo de seu pai. As duas entraram e cumprimentaram os amigos. Carlos olhou desconfiado para Sophie, mas achou melhor não comentar nada. Só pela expressão da amiga, ele já sabia que era bom ficar quieto, a roupa dela deixava claro, pelo menos para ele, que estava sendo forçada a sair.
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Manipuladores do Futuro (1)
Ciencia FicciónSophie leva uma vida comum, nada nela destoa da vida de outras pessoas, exceto seus sonhos, mas sua família encontra uma forma de ajudá-la e a garota deixa de ser atormentada por eles... Até agora. A vida dela muda drasticamente depois de um acid...