Firebird - nascida das cinzas.

13Borders.

" Eu beijei a sua testa e me afastei para entrelaçar os nossos dedos. Fomos de mãos dadas pelo estacionamento até o meu carro sem dizer uma palavra. Na minha cabeça eu pensava "e meu irmão?", mas por outro lado eu pensava, "ela me beijou e quer ficar sozinha comigo". Camila tinha uma expressão séria, mas quando percebia eu olhando pra ela, sorria pra mim e eu esquecia de tudo.

Abri a porta do meu carro pra ela e assim que ela se sentou, com dificuldade pois o vestido apesar de lindo, não lhe dava muito movimento. Eu fechei a porta e fui entrar no carro também, pra gente ir embora. Sorri ao olhar pra ela, que colocava o cinto de segurança e se recostava no banco. Era incrível como ela não se encaixava ali naquele cenário. Ela maravilhosa com aquele vestido, maquiada e perfumada, dentro de um carro cheirando a nicotina e ao energético que eu deixei cair no assoalho na semana passada.

Parecia uma rosa na lama, mas era oque eu descobri ser um dos motivos que me fazia mais fascinada por Camila, o jeito como eu só conseguia ter olhos pra ela quando estávamos juntas. Não importava aonde estivéssemos, era inevitável.

Coloquei o cinto do mesmo modo e pude ligar o carro, saindo do estacionamento.

Pelo caminho fomos em silêncio, seu celular tocou algumas vezes, eu vi ela recusando as chamadas e digitando algumas mensagens, depois desligando o aparelho.

- Tá tudo bem? - eu pergunto olhando brevemente pra ela.

- Tá, são os meus pais. Querem saber se eu vou voltar hoje pra casa.

- Oque você respondeu?

- Que vou ficar na casa da Dinah.

- Certo... - eu apertei o volante uma vez - então...eu acho que não tem muita coisa aberta, se importa de ir lá pra casa?

- Anh...pode ser.

Eu queria conversar com ela e descobrir oque estava acontecendo, pois com certeza ela sabia mais do que eu. No apartamento ficaríamos à vontade, então eu dirigi até lá e entrei pela entrada do estacionamento dos moradores, que ficava no sub-solo. Parei o carro na minha vaga e desliguei o carro, antes de sair dele vi ela hesitar em fazer o mesmo, olhando para o lado de fora.

- Se você quiser eu te levo de volta pra escola. - toquei no seu ombro, ela olhou pra mim e me deu um sorriso fraco.

- Não, está tudo bem.

- Não tá tudo bem. Me diz oque está te incomodando? - toquei seu rosto e fiz um carinho ali, fazendo ela fechar os olhos.

- Eu estou com essa impressão - ela abriu os olhos - de que depois dessa noite, tudo vai ser diferente.

- E isso é bom? - perguntei receosa.

- Eu sonhei com isso. - ela tinha esse olhar enigmático - cidade nova, pessoas novas, um recomeço... - ela deixou a frase no ar.

- Então se deixe levar e aproveita esse momento comigo.

Olhei pra sua boca e me aproximei, levando minha mão pra sua nuca e puxando ela pra mim. Nos beijamos com carinho, aos poucos ela foi relaxando nos meus braços e se entregando pra mim. Depois de minutos ali dentro, fomos ficando ofegantes e tentávamos continuar entre suspiros. Ela me afastou um pouco e saiu do carro sorrindo. A segui pra fora e me encontrei com ela do lado de sua porta.

Passei meu braço pelos seus ombros e ela passou o dela pela minha cintura. Fomos até o elevador, apertei o botão que daria no meu andar e nos recostamos no fundo espelhado dele. Eu trouxe ela pra perto, beijei o topo de sua cabeça e acariciei a sua cintura com o meu polegar. Enquanto ela descansava sua cabeça no meu peito e me apertava contra ela. Fomos quietas o caminho todo pra cima e até a porta do apartamento.