56 capítulo

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6 meses depois

Bom, esses seis meses para mim, se resumiu entre hospital e casa, o Pedro não teve nem uma evolução, mas a minha fé que ele vai acordar, não foi abalada, eu tenho certeza que ele vai sair dessa.
Perdi 10 kg nesse tempo, não consigo comer, parece que tem uma bola na minha garganta que não deixa passar nada, estou me mantendo de pé, somente pelas minhas filhas.

A Nat ganho bebê, a coisa mais linda, chama Lorena, o Diego tá todo babão, elas está morando com ele.
A Lu e o Lipe estão muito bem.
Thiago e a Carol juntou as trouxas, ela está morando aqui, nossa amizade está evoluindo.
Marceli e Menor estão ótimos.

Daqui dois meses minha meninas vão fazer 1 aninho.

Hoje é sexta feira, já estou pronta para ir no hospital novamente, durmo lá, uma noite sim e outra não.

Estão todos aqui em casa, minha mãe e o Charlie também, todos estão na sala com as minhas proncesas.

Pego a minha bolsa e desço para sala.

Alicia : Oi gente.  Tchau gente.
Vou até minhas filhas e dou um beijo em cada uma e já vou saindo.

Mãe : Ou, onde você lá vai, que nem comprimento ninguém direito.
Volto e me encosto no sofá.

Alicia : Vou no hospital ver o Pedro.
Lá vo saindo de novo.

Mãe : Alicia.
Olho para ela.

Alicia : Oi.

Mãe : Vem aqui.
Ela bate no sofá para eu me sentar ao seu lado.

Alicia : Depois, tenho que ir.

Mãe : É rápido, vem aqui.

Alicia : Aí tá.
Vou até o sofá e me sento ao seu lado.
Fico olhando para ela esperando ela falar.

Mãe : Eu sei que você não quer me ouvir, mas eu vou falar.

Alicia : Então fala.

Mãe : Minha filha, olha pra você, quanto tempo que você não se cuida?  Olha a magreza que você está, suas olheiras estão fundas, quanto tempo que você não come e não dorme direito? Eu sei que tá sendo difícil, mas olha pra suas filhas, elas estão aqui, prrcisando de você, eu sei que você ama o Pedro, mas ele pode nunca mais acordar. Você tem 20 anos, você é linda, tem a vida toda pela frente meu amor, depois que aquilo aconteceu, eu nunca mais vi você sorrir, não tem um dia que eu te vejo e você não está com os olhos vermelhos, você acha que quando o Pedro acordar e se acordar, ele vai gostar de te ver assim, triste, não conversa mais con ninguém só vive naquele hospital, você tem muito no que viver, vai sair, conhecer pessoas novas...

As lágrimas já queriam descer.

Alicia : Chega... Ele vai acordar, não importa quando, pode demora dez anos, eu vou estar esperando ele. Ninguém aqui sabe oque eu tô passando, ninguém sabe oque é entrar naquele quarto, deitar naquela cama enorme e não ter a sua companhia de todas as noites ali, ninguém sabe o quanto esta doendo aqui dentro, você acha que eu gosto de ficar no hospital vendo ele imóvel deitado naquela maca, vocês podem achar que eu tô fazendo drama, mas eu não tô não.
Já estava chorando e em pé falando para todos que me olhavam já com os olhos cheios de lagrimas

Mãe : Não foi isso que eu disse...

Alicia : Mas é oque todo mundo aqui pensa. Ver ele lá todos os dias é como enfiar uma faca no meu peito e sair rasgando, vocês não tem noção do quanto eu amo ele, vocês não sabem das loucuras que eu já pensei em fazer e a única razão de eu não ter feito é pelas meninas... Eu não tô aguentando mais sentir a dor aqui dentro, mas eu não vou abandonar ele não vou..

Eu nunca desabei na frente deles, sempre chorei no meu cantinho.

Eu estava até soluçando de tanto chorar, o menor levantou e veio até mim e me abraçou.

Menor : Calma Ali, nós sabemos que você não vai abandonar ele.

Alicia : Tá doendo tanto aqui...
Ele prensou minha cabeça em seu peito e eu chorei, não sei por quanto tempo fiquei ali.

Só quem passa por isso, sabe o quanto é sofrido, o Pedro foi o único homem que eu já amei em toda a minha vida. Sabe quando você quer seguir em frente, mas não consegue, não tem forças, então, é isso que eu sinto, a única dor maior do que ver uma pessoa numa cama de hospital e não poder fazer nada é a dor da morte...

Após alguns minutos ali, derramando as minhas lágrimas, eu me acalmo e desfaço o abraço. Enxugo meu rosto com as minha mãos e respiro fundo.

Alicia : Eu já vou indo, é... Lu a Paula já tá chegando pra ficar com as meninas, mas qualquer coisa me liga.

Luiza : Tá bom.

Alicia : Então Tchau.
Sai dali sem esperar a resposta de ninguém, entrei na caminhonete que está estacionada na porta da casa, dou partida e dirijo até o hospital.


A Patricinha e o FaveladoOnde histórias criam vida. Descubra agora