68 capítulo

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Algumas semanas antes.

P2 narrando

Tô aqui na boca, fazendo umas anotações e fumando uma de leve.

Meu rádim toca e eu atendo.

P2 : Fala jão.

Jão : Patrão,  tem uma mulher aqui querendo fala com tigo.

P2 : Que mulher é essa?

Jão : Disse que chama Clara, ela falou que você vai gostar de ver ela.

P2 : Manda subi.

Desliguei o rádim e coloquei na mesa

Porra, será que é a Clara que eu tô pensando, né possível.

Clara foi uma mina que eu dava uns pega quando era mais novo, nos crescemos juntos, a mina era firmeza, eu dava de tudo pra ela, dinheiro, roupa, sapato, jóias. Ama eu não amava ela não tá ligado, mas gostava dele pra caralho. Teve um dia que ela sumiu, levou muito dinheiro meu, aquela cachorra, depois de um tempo fiquei sabendo que ela fugiu com um vapor aqui da boca, nem procurei saber onde ela se meteu, eu só não queria ver ela na minha frente.

Agora a mina aparece assim do nada, só quero ver oque ela tem pra falar.

Escuto a porta bater e logo depois o Menor entra.

Menor : A Clara tá aí cara.

P2 : Manda entra.

Menor : Se a Alicia fica sabendo, ela mata ela é você junto.
Riu

P2 : Se você não abri esse bico pra ela .

Menor : Eu não. Só tô te dando um toque.
Saiu e logo depois a Clara entrou.

Não mudou nada, apenas encorpou mais, só que não sinto nada por ela, apenas raiva.

P2 : Fala logo antes que eu perca a paciência.

Clara : Credo Pe, so eu a clarinha.

P2 : Por isso mesmo. Manda o papo.

Ela sentou na cadeira a minha frente.

Clara : Eu preciso de um lugar para morar.

P2 : E você tá achando que eu vo te querer no meu morro, sua cachorra traíra de um figa.

Clara : Sabia que você iria tocar nesse assunto  e eu quero poder te explicar tudo que aconteceu naquela época.

P2 : Eu acho que aquilo não tem explicação não.

Clara : Lógico que tem, me dê uma chance pra te explicar.

P2 : Manda o papo logo então, que eu não tenho tempo.

Coloquei meus pés encima da mesa e tombando meu corpo na cadeira.

Clara : Então, quando eu fui embora aquela fez, era porque eu estava cega por aquele menino que eu fugi. E ele ficou falando tanto na minha cabeça, que nós dois iríamos ser mais felizes e me fez fazer a besteira que eu fiz com você, eu tô arrependida de verdade e eu vim aqui para pagar o valor que eu te roubei.

P2 : E como você vai me pagar se você tá me pedindo para morar aqui.

Clara : Não sei, eu trabalho para você, vendo droga, cobro os outros ou sei lá, no que você precisar.

Ela olhava bem nos meus olhos enquanto falava tudo e parecia que ela realmente tava falando a verdade.

Clara : Se você quiser eu também posso te pagar de outra forma.
Fez uma cara de safada.

P2 : Você pode morar aqui, não precisar me pagar, mas fica esperta, qualquer deslize seu eu te mato.
Falei tranquilo.

Po, eu não deveria aceitar ela não, mas os pais delas também me ajudaram a me criar e eu acho que devia isso a eles.

Ele levantou do seu lugar e deu a volta na mesa.

Clara : Mas eu quero te pagar.

A geito a blusa que fez seus seios quase soltar para fora.

P2 : Não quero.
Me ajeitei na cadeira.

Clara : Ah claro, deve ser por aquela mulher que você tá né,  Alicia o nome dela.

P2 : Pera aí, como você sabe disso?

Clara : Esqueceu que eu cresci nesse morro, ainda tenho muitas amigas aqui, elas me falaram algumas coisas.

P2 : Hum.

Clara : Só quero te alertar uma coisa, fica esperto com essa garota que você pois dentro da sua casa, fiquei sabendo que ela era da zona sul né.

P2 : E oque você quer dizer com isso?

Clara: Que isso Pedro, você já foi mais inteligente. Pensa comigo, a garota era toda patricinha e veio mora em uma favela, um lugar que ela não costumava frequentar e porque que ela veio? Por que perdeu tudo né, achou você que tem bastante dinheiro e pode dar tudo que ela quer sem ela fazer nem um esforço. Só quero dizer que é muito estranho isso você não acha? Pensa um pouquinho nisso, bom agora eu tenho que ir, posso falar com o Lipe pra me ajudar com as coisas da casa?

P2 : Tá vai lá.

Ela saiu e eu fiquei ali com a pulga atrás da orelha.

Não é possível que a Alicia quer só meu dinheiro, ela que tanto bateu no peito dizendo que não precisava do meu dinheiro.

Acendi mais um cigarro de maconha e fiquei ali curtindo a brisa.

A hora passou rápido nem vi anoitecer, então resolvi ir pra casa.

...

Hoje é sexta feira e é dia de baile, terminei de me arrumar e só tô esperando a Alicia descer.

Ela me aparece na sala com um micro short, praticamente mostrando a bunda, não gostei disso não.

Fomos para o baile e lá ela bebeu todas e depois desce para a pista, pra fica se esfregando nos cara lá.

Depois de ter discutido com ela, fui cheirar e beber.

Vi um cara querendo esfresgar nela e minha paciência explodiu.

Desci pra onde ela tava e falei umas coisa que não deveria ter falado, ela me deu um tapa na cara e eu perdi a cabeça.

Sei que exagerei com ela po, mas ela me deixa puto, tava parecendo essas vadia que tem por aí.

...

Atualmente

Porra, oque a Clara falou ficou martelando na minha cabeça.

Acordei cedo e fui pra boca, fiquei um pouco lá,  cheirei um pouco e voltei pra casa para ver o jogo.

A Alicia desce falando que vai na Luiza com aquele short marcando a calcinha dela, mas não vai mesmo.

Sem pensar joguei o controle na direção dela, que fez assustar.

Ela começou a falar umas coisa lá, que tava me tirando do sério.

Dei um tapa na cara dela, que fez cair no chão.
Porra que que eu fiz cara.

Sai de lá e fui esfriar minha mente, eu tava ficando atordoado só de imaginar que a Alicia é que nem essas vagabunda que tem por aí.

Mas eu sei que ela não é, oque eu eu tô fazendo, porque que eu fui escutar a Clara, acabei com meu relacionamento com a Alicia por causa de uma besteira, ela nunca mais vai querer olhar na minha cara.

Vou pra boca, pego um cigarro de maconha e fico ali tentando relaxar, mais tarde eu converso com a Alicia e peço perdão.

A Patricinha e o FaveladoOnde histórias criam vida. Descubra agora