Mr. Carter

CINCO

Liz bateu na minha porta algum tempo depois, mas eu ignorei o seu chamado e continuei deitada com o rosto enterrado profundamente no travesseiro. Minha mente estava muito confusa sobre os acontecimentos do dia. Eu cheguei ao trabalho dormente. Meus olhos inchados em resultado da minha noite praticamente em claro. Siena não está há vista quando saio do elevador. O que eu agradeço imensamente. Não sei como me comportaria se eu olhasse em seu rosto zombeteiro agora.

Scott olhou para mim com um sorriso em seu rosto, mas logo depois o seu olhar se desviou rapidamente para o lado, um pouco tenso demais. Mas acredito que está escrito em toda a minha face que não estou em clima de conversa. Quando eu desvio o olhar dele e olho para minha mesa, eu estanco em uma parada abrupta e pisco algumas vezes tentando clarear a minha visão. Mas não é a minha imaginação, há três, enormes, buquês de rosas de todas as cores imagináveis e uma cesta de café da manhã ao lado na minha mesa. Bem no centro há uma única rosa de cor distinta para mim. Ela que me faz caminhar a passos hesitantes para poder olhá-la mais de perto.

Eu paro ao lado da mesa eu corro meus dedos lentamente pela flor.

Ela não é exatamente branca e nem exatamente salmão ou rosa. É a sincronia perfeita entre essas cores deixando a rosa delicada e incrivelmente bela. Eu nunca vi uma rosa dessa tonalidade antes. Eu estava tão fascinada pela beleza da flor que não notei imediatamente o bilhete embaixo dela. A caligrafia no cartão é claramente máscula, o que só pode significar uma coisa, ou melhor, alguém. O nervosismo domina o meu corpo, mas isso não me impede de ler o cartão rapidamente.

Um pedido de desculpas não é o suficiente.

Não quando se trata de você.

Mas acredito que é um bom começo.

Perdoe-me por perder o controle, Preciosa.

E é só isso. Sem explicações ou uma assinatura, mesmo que eu não precise de uma para saber quem as enviou. Esse gesto de Noah me fez gostar dele um pouco mais do que eu gostaria.

Jack não se importava em me dar presentes que não fossem em ocasiões especiais. Ele nunca procurou me agradar de qualquer forma além do necessário. Naquela época eu não me importava, eu o amava, mas agora vejo que era tudo mentira. Pra quê me dar presentes extras se ele já me tinha em sua cama, permanentemente? Não. Presentes eram para suas amantes. Suas muitas e inúmeras amantes. Eu era apenas a namorada estúpida o suficiente para não perceber os sinais de sua infidelidade.

— Belas flores, borboletinha. — diz uma voz conhecida, atrás de mim, em um tom brincalhão.

Giro em direção ao som e me vejo cara-a-cara com o rosto de Matthew e um sorriso divertido fixo em seu rosto perfeitamente esculpido. Eu estava tão distraída com as flores e o cartão, que não ouvi o barulho anunciando a chegada do elevador.

— Agradeça ao seu irmão. — falo sem pensar e arregalo os olhos imediatamente ao perceber o meu erro. Mas ao invés de Matthew me interrogar sobre o assunto, ele apenas gargalha, fazendo que Scott e eu ficássemos parados o olhando boquiaberto.

— Parece que meu irmãozinho decidiu transformar a sua mesa de trabalho em um jardim de rosas. — Matthew diz gesticulando as flores em minha mesa — Não sabia que ele estava interessado em aumentar o nosso negócio para cultivo de flores, também. — ele para e tenta fazer uma cara séria. — Que gosto versátil ele tem. De boates e clubes noturnos há floricultura. — termina com um tom divertido em sua voz.

Eu e Scott ainda ficamos lá, parados.

— Bem. Você vai me dizer onde meu irmão está? — ele olha para o Rolex em seu pulso esquerdo — Ele já devia estar por aqui. Noah não é exatamente o do tipo que se atrasa.