Harry: Não, eu estava preocupado contigo.
Eu: Então podes deixar a tua preocupação para outra pessoa.
Saí dali a correr. Mas porquê? Eu só quero ser feliz, é pedir muito? Ou será que não tenho esse direito?
Estava num sítio escondido da escola, a chorar, eu não conseguia parar, não conseguia travar as lágrimas. Comecei a pensar nos meus pais, tinha tantas saudades deles, eu só queria que eles estivessem aqui comigo e dissessem, “Vai ficar tudo bem filha, foi só um pesadelo, volta a dormir.”
Saí da escola, não me interessei com as aulas nem com nada, fui até à praia. A praia para mim é um dos meus sítios preferidos a seguir ao cemitério, pode parecer estranho mas ir ao cemitério também me faz sentir bem, pois lá sinto-me mais perto dos meus pais. Cheguei à praia, sentei-me na areia e fiquei a olhar para o mar e a ouvir as ondas a bateram nas rochas, mas como tudo o que é bom não dura para sempre, tive que voltar para casa.
Cheguei a casa, já eram quase horas de jantar, lá estava o meu padrasto a cair de bêbado, eu já sabia o que iria acontecer, o mesmo do costume. Entrei na sala e só o ouvi dizer:
Padrasto: Por onde é que andas-te minha menina? Veio cá à tarde um rapaz à tua procura! – Disse já tirando o cinto.
Eu estava toda a tremer pois já sabia o que iria acontecer nos minutos seguintes, até que ouço a campainha, que mais uma vez foi a minha salvação.
Padrasto: Vai já para o teu quarto!
Eu obedeci de imediato, não queria arranjar mais problemas e para além do mais já estava lavada em lágrimas.
HARRY ON*
Finalmente abriram a porta. – Pensei eu.
Eu: Boa noite Sr. George, seria possível eu falar com a Chloe?
Padrasto: Não, ela não recebe ninguém, podes-te ir embora! – Respondeu-me o padrasto dela e parecia-me não estar no seu perfeito estado.
Porque será que ela não pode receber ninguém? Já sei. Fui ao outro lado da casa, onde se viam três varandas, o grande problema era saber se alguma daquelas era do quarto da Chloe, olhei para uma que tinha os estores abertos e que tinha cortinados creme com flores vermelhas, talvez fosse o dela, tinha de tentar, estava uma árvore mesmo ao lado da tal varanda, então decidi subir pela árvore para chegar até ela. Cheguei lá e conseguia ouvir alguém a chorar, não conseguia ver muito bem quem era, por causa dos cortinados, mas, só podia ser ela então bati à janela e nada, bati com mais força até que parei de ouvir chorar e a vi abrir os cortinados receosa.
CHLOE ON*
Harry! – Pensei eu super surpreendida ao abrir os cortinados e vê-lo.
Eu: O que é que estás aqui a fazer?
Harry: Deixa me entrar por favor!
Eu: Não, vai-te embora!
Harry: Por favor, abre a janela.
Eu: Não!
Harry: Não vou sair daqui enquanto não me abrires a janela, nem que tenha de passar aqui a noite!
Eu: Então podes passar, porque eu não te vou abrir a janela!
HARRY ON*
O que será que se passa para não me abrir a janela? Ela não está bem... - Pensei.
CHLOE ON*
Porque será que ele está preocupado comigo? Nem sequer me conhece e ainda só me viu umas duas vezes. Não tenho amigos, toda a gente goza comigo, qual será o interesse dele para insistir tanto?
Ele já se deve ir embora. – Pensei eu.
Fui para a cama, comecei a pensar nos meus pais e mais uma vez comecei a chorar, o mais baixinho possível para ninguém ouvir.
Finalmente adormeci, mas comecei a ter um pesadelo, em que o meu padrasto me batia tanto que fui parar ao hospital em coma, acordei sobressaltada e quando dei por mim já me estavam as lágrimas a cair dos olhos, fui à cozinha beber um copo de água e voltei para o meu quarto. Quando me estava a deitar, olhei para a janela e vi qualquer coisa preta, fiquei assustada mas ganhei coragem e espreitei pelo cortinado para ver o que era.