O Harry! – Pensei eu – Ele ficou mesmo aqui, abri a janela e cheguei-me perto dele.
Eu: Harry! Harry! Acorda! – Abanando-o um pouco.
Ele acordou e sorriu.
Eu: Porque é que te estás a rir? Onde é que está a piada?
Harry: Vês, consegui com que abrisses a janela.
Eu: Eu só abri porque não te podia deixar aqui a dormir ao frio.
Harry: Isso já é um bom começo. – Sorrindo.
Eu: Um bom começo?
Harry: Preocupaste-te comigo.
Eu simplesmente esbocei um pequeno sorriso, não sabia o que dizer, não estava a perceber aonde é que ele queria chegar com esta conversa toda.
Harry: Gosto muito. – Disse ele a sorrir.
Eu: Gostas do quê? – Perguntei-lhe.
Harry: Do teu sorriso, é lindo… tu és linda! – Disse ele, sempre a sorrir.
Eu: Estou a ver que és como todas as outras pessoas… pensei que fosses diferente! – Disse eu, já com as lágrimas no canto dos olhos.
Levantei-me, corri para o quarto e fechei imediatamente a janela indo logo de seguida em direção à cama, deitei-me sem conseguir conter as lágrimas que já caiam pela minha cara.
HARRY ON*
Mas o que será que eu disse? Estava-lhe a fazer um elogio e ela reage assim? Levantei-me, fui ao pé da janela e comecei a dar suaves murros no vidro da janela.
Harry: Chloe! Chloe! O que é que se passa? Chloe, abre a janela por favor! Fala comigo!
CHLOE ON*
Eu: Tu és como todos os outros, vai-te embora! – Disse eu, gritando, sem pensar que o meu padrasto me podia ouvir. – Não percebo porque é que ficaste aqui!
Harry: Sou como os outros? Como assim?
Eu: Escusas de te fazer de desentendido!
Harry: Chloe, abre a janela por favor. Está frio cá fora.
Eu: Tens bom remédio, vai-te embora! – Respondi com as lágrimas nos olhos, sem conseguir controlar o meu choro, cada vez mais intenso.
Harry: Eu já disse, não me vou embora enquanto não falares comigo! – Insistiu Harry.
Eu percebi que ele não ia desistir, então fui até à janela e abria.
Eu: O que é que queres? – Perguntei.
Harry: Posso entrar, por favor? Está frio cá fora! – Disse ele todo a tremer.
Encostei-me para trás da janela e estendi a mão fazendo sinal para ele entrar.
Harry: Obrigado. – Disse, sorrindo. – Porque é que disseste que eu era igual a todos os outros?
Eu: Vais-me dizer que não vieste aqui para gozar comigo!
Harry: Não, não vim! Nada disso! Eu vi que hoje faltaste às aulas e já percebi que se passa qualquer coisa contigo, só não consigo perceber o quê. Fala comigo, diz-me o que se passa!
Eu: Estou farta de tudo, de toda a gente! Não estou cá a fazer nada! – Disse eu já a chorar.
Harry: Não digas isso. – Disse-me, limpando as minhas lágrimas com as suas mãos. – Tu és uma rapariga linda, tens uma personalidade muito forte. Tens direito à vida, tens direito a tudo o que mereces! Podes pensar que está tudo mal, que não tens motivos para estares aqui, mas pensa, se estás aqui, agora, é por alguma razão. Luta por aquilo que queres, porque tu és forte… tu consegues!
Eu: Não, eu sou uma fraca! Eu não tenho coragem para fazer frente às pessoas que gozam comigo, eu tenho medo que me façam alguma coisa de mal.
Harry: Não te desprezes a ti própria, tens mais coragem e és mais forte do que aquilo que imaginas.
Eu: Pois, eu gostava, mas eu sei que sou uma fraca. – Disse com um olhar triste.
Como é que era possível eu estar a desabafar com alguém que eu nem conheço? Com alguém que eu a minutos atrás pensava que estava ali a gozar comigo?
Padrasto: Quem é que está ai? – Ouvi o meu padrasto perguntar num tom severo antes de entrar no meu quarto.