Olhei também para os braços e lembrei-me dos cortes, baixei rapidamente as mangas e disse-lhe que não era nada.
Harry: Eu vi Chloe! Se confias mesmo em mim, conta-me o que se passa!
Hesitei um pouco, mas acabei por lhe contar tudo.
Eu: Tudo começou quando o meu pai morreu, a minha mãe depois de uns tempos arranjou um namorado e casaram passado 1 ano. Ele era como um segundo pai para mim, era 5 estrelas, apoiava-me, fazia tudo como se fosse meu pai e até quando me tratavam mal na escola, ele estava sempre lá, mas tudo mudou quando a minha mãe morreu. Ele a partir daí começou a beber, chegava a casa todo descontrolado e às vezes chegava às tantas da noite, ele começou a descarregar a sua mágoa em mim, batendo-me. A partir desse dia, quando chegava a casa já sabia o que me iria acontecer, eu implorava para que ele parasse, mas não resolvia nada, então houve um dia em que eu decidi cortar-me, e a partir daí não consegui evitar, todos os dias tinha que me cortar, era uma maneira de me sentir mais aliviada, ao cortar-me, a dor que sentia dentro de mim diminuía.
Harry: Chloe... – Olhei para os olhos dele e vi que estava a chorar.
Ele abraçou-me.
Harry: Agora que aqui estou, vou-te proteger ao máximo.
Eu: Mas tu já me proteges, desde o primeiro dia que apareceste. – Esbocei um pequeno sorriso.
Harry: Já? Como? – Perguntou ele admirado.
Eu: Sim… Lembras-te da primeira vez que tocas-te à campainha de minha casa com os teus pais? – Ele acenou que sim com a cabeça. – E lembras-te também de todas as outras vezes que foste falar comigo? Em todas essas vezes, por mais incrível que pareça, interrompeste o meu padrasto de cometer alguma loucura.
Harry: Agora percebo porque é que ele demorava tanto tempo para abrir a porta e porque é que ouvia gritos, agora percebi também porque é que da última vez ficaste tão nervosa quando o teu padrasto voltou para casa.
Eu apenas acenei com a cabeça e lhe disse:
Eu: Agora que já percebeste o porquê de isto tudo, podemos mudar de assunto?
Harry: Claro pequenina. – Disse abraçando-me. – Bem, vamos continuar a preparar o lanche? – Perguntou sorrindo.
Eu: Sim, claro.
Harry: Mas antes só te queria dizer que estou muito contente por me teres contado tudo, por confiares em mim. Isso é muito importante para mim. – Disse-me sorrindo. – E eu prometo-te que vou estar aqui, sempre do teu lado, para te ajudar, para te proteger e para tudo o que tu precisares!
Eu: Obrigada Harry! Tenho de te agradecer por tudo o que fizeste por mim, desde que tu apareceste, eu sinto-me diferente, tu consegues fazer-me sentir especial, nunca desististe de mim, mesmo quando eu te tratei mal, tenho de te agradecer por isso e por muito mais. – Sorri e abracei-o. – Harry…
Harry: Diz pequenina.
Eu: Nada nada, esquece.
Harry: Diz, a sério. – Sorriu, incentivando-me a dizer o que eu queria.
Eu: Aquele beijo mudou alguma coisa na nossa “relação”? – Perguntei-lhe.
Harry: Não sei, diz-me tu.
Eu: Também não sei, por isso é que te perguntei.
Harry: Ahahahah, pois tens razão.
Eu: Eu go… - Fui interrompida pelo meu telemóvel, vi que era o meu padrasto. – Desculpa, tenho de atender.