Estava a sair da escola, mais um dia em que me tinham mal tratado. Não queria encontrar o meu padrasto quando chegasse a casa então decidi ir dar uma volta pela cidade. Andava para onde os meus pés me levavam e fui parar a um parque, era lindo. Fiquei lá quase a tarde inteira, mas estava na hora de voltar para o Inferno.
Cheguei a casa e vi o meu padrasto bêbado. Veio-me um arrepio, eu já sabia o que iria acontecer, ele ia-me bater, senti muito medo naquele momento.
Ele chegou-se ao pé de mim e agarrou-me.
Padrasto: Agora vais sofrer minha menina!
Eu: Não, largue-me por favor. Largue-me.
Padrasto: Eu largo, mas só quando me apetecer!
Eu: NÃOOO! (Gritei)
Ele começou-me a bater, até que tirou o cinto e aí, eu gritava de dor, era uma dor insuportável. Eu estava no chão com o nariz a sangrar, tinha as costas cheias de cortes, por causa do cinto. Ele continuava e eu começava a ficar sem forças para lutar, já não conseguia gritar sequer, não aguentava mais. Mas nesse momento tocaram à campainha, era a minha salvação.
Padrasto: Levanta-te cabra e aí de ti que digas alguma coisa a alguém, não aconteceu nada aqui! – Sorriu-me de uma forma que me meteu ainda mais medo.
Lá me consegui levantar quando ele foi abrir a porta, gemi de dores enquanto andava até à casa de banho para limpar a cara.
Quando voltei para a sala, estava o meu padrasto, a falar com um casal e com um rapaz que devia de ser mais ou menos da minha idade e uma rapariga um pouco mais velha, deviam ser os filhos.
Padrasto: Chloe, cumprimenta os novos vizinhos!
Eu: Olá, sou a Chloe. – Fiz um sorriso falso.
Anne: Olá Chloe, eu sou a Anne, este é o meu marido Robin e estes são os meus filhos, o Harry e a Gemma. – Cumprimentaram-me.
Mas quando estava a cumprimentar o tal Harry gemi de dor por causa de ele ter posto uma mão nas minhas costas.
Harry: Está tudo bem? – Perguntou-me com um sorriso meigo.
Eu: Sim! – Sorri forçadamente.
Ainda bem que a camisola é preta se não ele veria o sangue- pensei.
Ele sorriu-me mais uma vez, eu naquele momento só queria ir para o meu quarto e chorar, eu não conseguia viver mais naquele Inferno, eu tinha que acabar com os maus tratos, mas o medo era maior. Eu não tinha coragem de fazer frente àquele homem, era uma fraca, uma derrotada, eu era apenas uma adolescente a quem a vida se encarregou de tirar tudo o que tinha de mais importante. A vida tirou-me a felicidade.
Eles foram embora, mas descobri que o Harry ia para a mesma escola que eu.
Boa, mais um para gozar comigo. – Pensei.
Padrasto: Vai para o teu quarto! – Ordenou.
Mal entrei no meu quarto, não aguentei e comecei a chorar. Chorava como nunca antes tinha chorado. Fui à casa de banho do meu quarto, peguei na pequena lâmina, a minha única amiga e cortei-me. Mais um corte, mas a minha dor diminuía ao ver aquele sangue a escorrer. Desinfetei as feridas e fui deitar-me. Mais um dia tinha passado, mas outro me esperava amanhã, aquele Inferno, nunca mais acabava. Estava farta e sem forças, no fim de tantas voltas dadas na cama, adormeci, e por mais estranho que pareça, sonhei com o Harry, agora já andava era a ficar maluca.
O despertador tocou, mais um dia pela frente, levantei-me cheia de dores, ainda mais do que o costume, fui à casa de banho e olhei-me ao espelho, tinha o corpo cheio de nódoas negras e cortes nas costas. Ao ver o meu estado veio-me uma lágrima ao olho, que escorreu pela cara abaixo.
Preparei-me para ir para a escola, mas desta vez levava a lâmina comigo. Desci as escadas e vi que o meu padrasto já tinha saído, peguei numa maçã e sai também. Pelo caminho ouvia música, a música era muito importante para mim, acalmava-me.
Cheguei à escola e vi o Harry, ele sorriu para mim, mas eu fiz que não o tinha visto, eu sabia que ele ia acabar por gozar comigo também.
Xxx: Olha a gorda! – Ouvi um rapaz a dizer.
Xxx: Ela não só é gorda, como feia também! – Riu-se uma rapariga.
Eu estava farta, não aguentaria aquilo muito mais tempo. Corri para a casa de banho, mal entrei tranquei-me lá dentro e comecei a chorar, cada vez chorava mais, eu estava desesperada, talvez até à beira de cometer alguma loucura. Peguei na lâmina e cortei-me, um corte pequeno mas bem profundo, aquele sangue acalmava-me, mas era só por alguns minutos. Limpei o sangue e tapei o corte com a manga da camisola.
Saí da casa de banho e vi o Harry à entrada, ele tinha uma cara de preocupado mas de certeza que iria gozar comigo como todos.
Eu: Vieste aqui para gozar comigo, também? – Perguntei de uma forma fria.