Harry (respirou fundo): Sim. – Disse baixinho, baixando também a cabeça.
Coloquei a minha mão no sei queixo, levantando-lhe a cabeça, para que o pudesse ver. Parece que os papéis se tinham invertido, agora era ele que parecia que ia chorar e eu não conseguia perceber porquê.
Eu: Porque é que estás assim?
Harry: Se eu te tivesse protegido como eu te tinha prometido que ia fazer, nada disto te teria acontecido. – Disse-me ele, já com as lágrimas nos olhos.
Agora era ele que precisava de um abraço e assim foi, cheguei-me um pouco mais para ao pé dele e abraçei-o.
Eu: Pára de te martirizar com essa ideia! Não acontecia naquele dia, de certeza que aconteceria noutro qualquer... Também tens a tua vida, não podes andar sempre atrás de mim. – O Harry apenas respirou fundo. – E para além do mais estou aqui agora, e isso é que interessa!
Dei-lhe um beijo na bochecha e um sorriso abriu-se nos seus lábios. Eu própria não conseguia perceber como é que estava tão calma comparada com o Harry, pois afinal tinha acabado de saber quem me tinha posto neste estado.
Harry: Estamos a fazer isto mal… - Começou-se a rir.
Eu: O quê? – Agora estava confusa.
Harry: Eu é que devia de estar a reconfortar-te, não tu a mim.
Eu: Oh, não pode ser sempre igual também temos de mudar de papéis de vez em quando. – Sorri.
Assim ficámos nós ali, a conversar e a tentar recordar mais momentos.
Passaram-se uns dias, cerca de duas semanas.
Quando eu saí do hospital, o médico deu-me o contacto de um psicólogo e aconselhou-me a ir falar com ele, pois assim talvez fosse mais fácil para me lembrar das coisas e depois do flashback que eu tinha tido, resolvi ligar ao psicólogo e marquei consulta, já fui a 5 sessões e já me tenho conseguido lembrar de algumas coisas. Tinha saído de mais uma consulta e o Harry como sempre já estava no carro à minha espera, entrei e ele arrancou em direção a casa, pelo caminho ele perguntou-me como tinha corrido a consulta e eu perguntei-lhe como tinha corrido o dia dele. O silêncio instalou-se, até que foi interrompido pelo Harry passado um pouco.
Harry: Eu sei que tu não te lembras de grandes coisas mas antes de te ter acontecido o que aconteceu, tu tentaste-me convencer a participar no x-factor, que é um concurso de música, mas eu não queria porque estava muito inseguro, mas agora, nestes últimos dias, pensei bastante e vou participar, vou fazer isto por ti, porque sei que tu querias muito.
No momento em que ele acabou de falar, chegámos a casa, eu saí do carro sem lhe responder.
Harry: Pensei que pudesses dizer alguma coisa. – Disse-me triste.
Eu dei a volta ao carro, cheguei ao pé dele, dei-lhe um beijo na cara e abraçei-o.
Eu: Obrigada. – Sorri.
Chegámos a casa e passado um pouco fomos jantar. O Harry contou a novidade do x-factor à família, percebi que devia ser mesmo importante, pois ficaram todos radiantes.
As semanas foram passando e eu continuava a ir às sessões, cada vez me ia lembrando de mais coisas. Hoje em particular, tinha sido um “dia especial” para mim, pois lembrei-me de provavelmente um dos melhores momentos da minha relação com o Harry, uma noite que passámos na praia.
Como o Harry pediu para no fim-de-semana ficar em casa, hoje teve de lá ficar até à hora do jantar, para compensar. Então, eu falei com a mãe dele e expliquei-lhe que me tinha lembrado de algumas coisas importantes da nossa relação, e que lhe queria fazer uma surpresa. Como era sexta-feira, ela disponibilizou-se em ir passar o fim-de-semana fora com o Robin e arranjou maneira de a Gemma também estar fora, eu realmente estou rodeada de pessoas maravilhosas. Antes de saírem, a mãe do Harry ajudou-me a preparar o jantar, eu agradeci-lhe obviamente por tudo, ela desejou-me boa sorte e saiu. Comecei a preparar a mesa com velas e pétalas, fui preparar-me pois o Harry ligou-me a dizer que estava quase a chegar. Fui para a sala e quando ele chegou foi ter comigo, ele chegou à sala e ficou espantado com a mesa que estava preparada daquela maneira.