É uma verdade universalmente conhecida entre as cortes do mundo que não importa quanto tempo passe, os corredores do castelo sempre serão cheios de segredos e sussurros.
Minhas damas de companhia estavam bastante quietas, não se atrevendo a fazer o menor dos comentários durante nosso caminho, mas eu quase as podia ouvir pensando. E não eram só elas, todos aqueles criados que cruzavam conosco e paravam para me fazer uma reverência me olhavam do mesmo jeito, se perguntavam a mesma coisa. Não pude distinguir nenhum de seus cochichos às minhas costas, mas apostaria no que estavam falando.
Só existiam dois assuntos no castelo real nos últimos dias. Primeiro, o mês da Celebração da Fênix, que estava para começar. Era o mês mais importante no território ashlandês, o mês entre Março e Abril, que acabava no dia do nosso feriado nacional. Nós passávamos o ano inteiro nos preparando para ele.
Mas os criados, ministros e membros da corte trocavam sussurros sobre a grande lista de convidados que viriam para o deste ano e o fato de que eu estaria procurando entre eles um marido. Esse era o segundo e, de longe, mais intrigante assunto a correr pela corte.
Nem deveriam já saber desse detalhe sobre minha vida pessoal, mas era quase impossível impedir um segredo de florescer e se espalhar pelos corredores do castelo. E eu não me importava. Tinha algo bem mais imprescindível para guardar de absolutamente todos. Enquanto não descobrissem da doença de meu pai, o resto poderia ser desenterrado. Até de meu passado e meus fracassos antigos, eles poderiam debochar. Já fazia quase um mês que estava me preparando para assumir meu lugar embaixo dos holofotes e deixar que o resto do país estivesse ofuscado demais para olhar para meu pai.
Assim que cheguei à porta do corredor dos criados mais próxima de meu destino, um guarda saiu de lá. Ele parou quando me viu, fazendo uma reverência e falando, mais alto do que o necessário: "Alteza."
Aquela palavra deve ter servido como um aviso para todos os criados que encontramos depois, pois estavam até calados demais. Eles abaixavam a cabeça quando passávamos, nunca me olhando nos olhos, nunca desviando também.
Passamos pela entrada da cozinha, mas fomos direto até a porta que dava para fora do castelo. Já tinha deixado bem claro para Clarissa que ela deveria usar a entrada principal, então fiquei até um pouco irritada quando nosso mordomo, Stan, mandou me avisar que ela usava a dos criados.
Mas, assim que a avistei pela pequena janela da porta saindo do táxi e precisando segurar um chapéu com a mão ao mesmo tempo que tentava aguentar o peso da sua mala, tudo que pude fazer foi sorrir.
E sair correndo para ir vê-la.
"Clare!" Exclamei logo depois de empurrar a porta com as duas mãos e chegar até ela.
Mal tive a chance de vê-la arregalar seus olhos antes que enrolasse meus braços à sua volta e a apertasse com força. Sabia que sentia sua falta, senti desde o dia em que seu curso em Paris tinha começado, até desde o dia anterior, quando a assisti fazer suas malas. Mas só percebi mesmo o quanto aquele castelo tinha estado vazio em sua ausência quando a senti me devolver o abraço.
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A Herdeira do Trono
RomanceE se você tivesse que cruzar seu país para uma última chance de se tornar quem sempre foi? Depois de uma vida inteira se preparando para seguir os passos de sua mãe e ser a melhor rainha que Ashland já teve, o futuro da Princesa Lola...