Capítulo 1 - Pelo Bem do Trono

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É uma verdade universalmente conhecida entre as cortes do mundo que não importa quanto tempo passe, os corredores do castelo sempre serão cheios de segredos e sussurros

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É uma verdade universalmente conhecida entre as cortes do mundo que não importa quanto tempo passe, os corredores do castelo sempre serão cheios de segredos e sussurros.

Minhas damas de companhia estavam bastante quietas, não se atrevendo a fazer o menor dos comentários durante nosso caminho, mas eu quase as podia ouvir pensando. E não eram só elas, todos aqueles criados que cruzavam conosco e paravam para me fazer uma reverência me olhavam do mesmo jeito, se perguntavam a mesma coisa. Não pude distinguir nenhum de seus cochichos às minhas costas, mas apostaria no que estavam falando.

Só existiam dois assuntos no castelo real nos últimos dias. Primeiro, o mês da Celebração da Fênix, que estava para começar. Era o mês mais importante no território ashlandês, o mês entre Março e Abril, que acabava no dia do nosso feriado nacional. Nós passávamos o ano inteiro nos preparando para ele.

Mas os criados, ministros e membros da corte trocavam sussurros sobre a grande lista de convidados que viriam para o deste ano e o fato de que eu estaria procurando entre eles um marido. Esse era o segundo e, de longe, mais intrigante assunto a correr pela corte.

Nem deveriam já saber desse detalhe sobre minha vida pessoal, mas era quase impossível impedir um segredo de florescer e se espalhar pelos corredores do castelo. E eu não me importava. Tinha algo bem mais imprescindível para guardar de absolutamente todos. Enquanto não descobrissem da doença de meu pai, o resto poderia ser desenterrado. Até de meu passado e meus fracassos antigos, eles poderiam debochar. Já fazia quase um mês que estava me preparando para assumir meu lugar embaixo dos holofotes e deixar que o resto do país estivesse ofuscado demais para olhar para meu pai.

Assim que cheguei à porta do corredor dos criados mais próxima de meu destino, um guarda saiu de lá. Ele parou quando me viu, fazendo uma reverência e falando, mais alto do que o necessário: "Alteza."

Aquela palavra deve ter servido como um aviso para todos os criados que encontramos depois, pois estavam até calados demais. Eles abaixavam a cabeça quando passávamos, nunca me olhando nos olhos, nunca desviando também.

Passamos pela entrada da cozinha, mas fomos direto até a porta que dava para fora do castelo. Já tinha deixado bem claro para Clarissa que ela deveria usar a entrada principal, então fiquei até um pouco irritada quando nosso mordomo, Stan, mandou me avisar que ela usava a dos criados.

Mas, assim que a avistei pela pequena janela da porta saindo do táxi e precisando segurar um chapéu com a mão ao mesmo tempo que tentava aguentar o peso da sua mala, tudo que pude fazer foi sorrir.

E sair correndo para ir vê-la.

"Clare!" Exclamei logo depois de empurrar a porta com as duas mãos e chegar até ela.

Mal tive a chance de vê-la arregalar seus olhos antes que enrolasse meus braços à sua volta e a apertasse com força. Sabia que sentia sua falta, senti desde o dia em que seu curso em Paris tinha começado, até desde o dia anterior, quando a assisti fazer suas malas. Mas só percebi mesmo o quanto aquele castelo tinha estado vazio em sua ausência quando a senti me devolver o abraço.

A Herdeira do TronoOnde histórias criam vida. Descubra agora