Capítulo 17 - Inapropriado para Princesas

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	Eu nunca fui uma pessoa medrosa

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Eu nunca fui uma pessoa medrosa. Pelo menos, este não era um adjetivo que usaria para me descrever. Acreditava que todas as pessoas do mundo, enquanto estivessem vivas, tinham medo de muitas coisas. Era natural. A não ser que tivesse perdido seu instinto de sobrevivência, temer certas situações era essencial em um ser humano. Clare, por exemplo, durante a última semana, se denominaria a garota mais medrosa do mundo. Ou pelo menos eu a classificaria assim. Alicia, por outro lado, não gostava nem de ficar no mesmo cômodo que um gato, mesmo que fosse a Sala de Jantar e lhe permitisse criar uma distância de vinte metros até o bichinho. Mas, diferente delas, medo simplesmente não era algo que me definia ou que costumava ocupar minha cabeça em dias normais.

Entretanto, conforme fiz meu caminho até a porta mais próxima do corredor dos criados, que infelizmente ficava somente no segundo andar, tentei enumerar em minha mente todas as coisas que não estaria disposta a aceitar. Todas aquelas que me fariam dar para trás, recusar qualquer ideia de um cara que eu nem conhecia.

Esta deveria a primeira, talvez. Pensar que eu não o conhecia, que a única coisa que ainda sabia de Marc Hynes era sua completa falta de interesse ou reverência para mim, o que não me deixava nem um pouco mais segura. Nada em sua personalidade, ou no que eu conhecia dela, me dava a certeza de que os tais lugares, aqueles onde ninguém me reconheceria, seriam seguros.

Pelo contrário. O absurdo daquilo era o que me obrigava a confirmar para mim mesma as coisas que não aceitaria.

Teoricamente, eu não poderia fazer nada que arriscasse minha vida. Tinha uma obrigação ao país de me manter segura, sem perigo de morte. Não que eu fosse realmente a herdeira, não enquanto estivesse solteira. Mas aquele dever, de uma parte de mim pertencer a Ashland, era mais profundo e essencial dentro de mim do que qualquer coisa. Ainda que atualmente ele fosse somente um detalhe para um futuro próximo, eu o sentia bem pesado em meu peito.

E pensar em arriscá-lo me fez parar no meio do caminho duas vezes.

Não por medo.

Mas por vontade.

Logo que entrei no corredor dos criados e me livrei das câmeras e dos convidados, deixando para trás também Alicia e Maggie, me peguei olhando pela primeira janela que vi. A mais alta ali.

Dizem que as pessoas que têm medo de altura se dividem entre aquelas que têm medo de cair e as que têm de pular. Talvez o que me atraísse para Marc e tudo que eu não sabia sobre ele e sobre os lugares onde ele poderia me levar era exatamente isso. Medo de pular. Medo e vontade de arriscar minha vida. Alguns minutos ou segundos ou ao menos instantes em que eu pudesse me sentir à beira de um precipício. Algo perigoso o suficiente para me fazer pensar em qualquer outra coisa, mas não a ponto de realmente me perder.

Eu conhecia meus medos. Mas aquele era de longe o que me movia.

O corredor dos criados era estreito e fazia várias curvas, descendo andares que o castelo não tinha depois do nosso térreo. A maior parte deles vinha do pequeno morro em que foi construído, que se abaixava até a costa. Mas alguns ficavam abaixo da terra, e era em um deles que ficava a cozinha principal. Ou seja, aquela em que todas as comidas eram preparadas, mesmo as que teriam que ser reaquecidas em cozinhas menores e mais próximas dos quartos daqueles que as tinham requisitado.

A Herdeira do TronoOnde histórias criam vida. Descubra agora