Capítulo 2 - De Todas as Pessoas do Mundo

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 Ashland era um país grande

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 Ashland era um país grande. Descoberto pouco antes da América, ainda que tenha sido praticamente evitado por todos os outros povos por seu terreno difícil de cultivar, muitos ingleses se estabeleceram em volta de rios aqui para começar uma vida nova. E era exatamente esse o nosso lema.

Depois de uma história complicada onde nossa grande ilha foi vendida para vários países diferentes, acabamos conseguindo nos estabelecer e finalmente tomar o poder do nosso país. Fazia menos de duzentos anos que nós tínhamos nos libertado e começado a nossa linha real, que se desviou até chegar em mim. Nosso povo, feito na sua maioria de imigrantes do Reino Unido como a família da minha mãe, passou por muita dificuldade, principalmente no começo. Mas, depois de cada guerra, depois da fome e da instabilidade de um rei louco, nós sempre recomeçamos cada vez mais fortes.

Eu mesma gostava de pensar que existia algo quase mágico aqui, uma incapacidade de desistir, uma força que nos fazia levantar sempre que caímos. Era bastante apropriado que nosso símbolo fosse a fênix, que renascia das cinzas, bem apropriado nós celebrarmos o fogo, seu poder de destruição e renovação, principalmente quando um dos lugares mais famosos do país era o antigo vulcão de Holfburg.

Era isso que o mês da Celebração Fênix celebrava, tudo aquilo que nos caracterizava. Nossa história, nossos símbolos, nosso povo. E o poder eterno de renovação.

Como vários anos anteriores, contaríamos com a presença de algumas câmeras. Mas, dessa vez, elas não estariam aqui só para capturar momentos rápidos dos eventos mais icônicos para passar em jornais. Elas fariam questão de filmar um pouco do dia a dia dos nobres convidados. Em menos de um mês desde que eu tinha descoberto que aquele seria o mês mais importante da minha vida, Liev tinha conseguido fazer a maior propaganda pelo canal mais rico e tradicional de televisão por todo o país. Ela tinha me convencido de que toda aquela publicidade seria boa para mim e, mais ainda, para fazer o povo aceitar seu futuro rei.

Ainda que eu tivesse pegado um avião para voar do nosso castelo real até o de verão no sul do país, pude ver quando estava dentro da limusine algumas propagandas pela rua. Se já não estivesse acostumada a ver jornais e revistas usando fotos minhas para o que quer que eles quisessem, teria me incomodado. Mas, afinal, foi só bastante estranho. Eles falavam sobre a Celebração da Fênix como se fosse um reality show, anunciando insights exclusivos, um olhar pelos bastidores e inúmeras entrevistas com nobres de outros países e de Ashland, sem contar com imagens de outros anos. Por um segundo, até eu fiquei com vontade de assistir, no mínimo por curiosidade.

Mas aí eu me lembrei de que eles estavam se empenhando tanto, porque tinham certeza de que, no meio de muita filmagem inútil, acabariam encontrando cenas exclusivas e valiosas de meu futuro marido e eu. Cenas talvez íntimas demais. O fato de que eu estaria procurando um rei entre os convidados já tinha passado de rumor para certeza, mesmo que eu quisesse negar veemente todas as vezes que pudesse.

Meu interesse pelo programa, ainda que fosse mesmo só curiosidade mórbida, desapareceu completamente quando eu saí do meu quarto temporário no castelo de Wentnor naquela quinta-feira. No da capital, em Knighton, ninguém de fora podia entrar no último andar, o dos aposentos reais. Aqui, dei de cara com uma câmera ligada e uma produtora que instruía seu funcionário a focar em meu rosto.

A Herdeira do TronoOnde histórias criam vida. Descubra agora