A nova vida de Manu

Medo de avião

O despertador toca, me levanto, vou ao banheiro e faço as minhas higienes. Visto um vestido florido com uma sapatilha de cor nude. Deixo o meu cabelo solto e vou para a sala de estar.

- Bom dia mãe. - Digo lhe dando um beijo na bochecha.

- Bom dia meu amor! - Diz ela colocando as suas deliciosas panquecas na mesa.

Tomo o café da manhã, termino de me arrumar, pego as minhas malas e o meu casaco, e sairmos do apartamento.

No caminho bato na porta do meu vizinho, que abre segundos depois.

- Bom dia Manu. Bom dia dona Clara. - Diz Miguel.

Ele estava usando uma calça jeans preta, uma camisa polo azul escura com um tênis.

- Bom dia. - Diz eu e a minha mãe em coro.

- Vamos indo, se não chegaremos atrasados. - Diz minha mãe e concordamos.

Quando chegamos na frente do nosso prédio, já estava o táxi que a minha mãe tinha chamado.

Durante o percurso até o aeroporto, fiquei no panco de trás com o Miguel e a minha mãe no panco do carona, ao lado do taxista. Conversamos bastante, rimos até a minha mãe nos interromper.

- Chegamos crianças! - Diz dona Clara saindo do carro e indo ao porta malas para pegar as bagagens.

Fizemos o mesmo e fomos em direção à frente do aeroporto. Onde já se dava para ver a Clara e o Lucas nos esperando.

Os cumprimentamos, fizemos o check-in, e logo em seguida ficamos esperando o nosso voo ser chamado.

Nesse período de espera fomos à uma lanchonete do aeroporto, comi uma pizza pequena com refrigerante.

Voo das 10:00 com destino ao Brasil, decolagem daqui à 15 minutos.

Nos levantamos e fomos para a sala de embarque.

Durante o percurso até o avião, Miguel estava completamente sério e tremendo.

- Aconteceu alguma coisa Miguel? - Pergunto preocupada.

- Não. Não. Não aconteceu nada. Só estou com frio. - Diz ele rápidamente.

Estranho, mas deixo para lá.

Entramos no avião. Minha mãe sentou logo nas cadeiras da frente, ao lado de uma mulher que conversava desde a sala de embarque.

A Clara e o Lucas sentaram nas cadeiras do meio. Eu e o Miguel sentamos logo atrás deles.

O Miguel além de estar sério e tremendo, começou a ficar pálido.

- Miguel, o que houve? Estou ficando preocupada. - Digo.

- É que...É que... - Ele gagueja.

- "É que" o que Miguel? - Insisto.

- É que eu tenho medo de avião. Pronto falei. - Diz ele rápidamente.

Absorvi o que tinha acabado de ouvir e começei a rir.

- Não tem graça! - Diz Miguel cruzando os braços.

- Tem sim. - Digo, mas logo desfaço o sorriso quando vejo que não é brincadeira. - Então...você tem mesmo medo de avião. Mas você já viajou milhares de vezes, como ainda pode ter medo? - Digo.

- Infelizmente sim. Mesmo já ter entrado em aviões muitas vezes, ainda não consigo superar o medo. - Diz Miguel.

Não da tempo de eu o responder, por que o avião estava começando a decolar. Miguel segura a minha mão com tanta força que juro que ia quebrar!

- Calma, respira fundo. - Digo calmamente. - Você já viajou para o Brasil sem ser hoje? - Pergunto com o objetivo de puxar assunto o fazendo esqueçer que está em um avião

- Não e...e...você? - Diz Miguel gaguejando.

- Já fui ao Brasil algumas vezes para visitar a minha avó. Foi ela e a minha mãe que me ensinaram o português. - Digo.

- Eu só falo o Inglês e o Francês mesmo. - Ele rir.

A minha tática está funcionando.

-Eu queria ir para França. Lá é legal? - Pergunto.

- A França é um lugar maravilhoso! Você tem que viajar para lá! - Diz Miguel. - E o Brasil? Como é? - Pergunta.

- O Brasil é um lugar maravilhoso também! Eu conheci apenas o Rio Grande do Norte, onde a minha avó mora. As praias de lá são lindas! - Digo relembrando de cada momento que passei na casa da minha avó.

- Estou ansioso para conhecer o Rio de Janeiro. - Diz Miguel.

- Eu também. Bom, que tal assistirmos um filme? - Sugiro.

- Qual você quer assistir? - Pergunta Miguel.

- Pode ser Marley e eu? - Pergunto.

- Claro! - Ele sorrir e da play no filme.

Nem conseguimos assistir o filme até o final, pegamos no sono e somente acordamos no café da manhã do avião.

Almoçamos e ficamos esperando o momento do avião pousar.

Assim que o piloto avisou que já iria aterrissar, recomeçou o ataque de medo do Miguel.

- Calma. Respira Miguel. Não vai acontecer nada de ruim. Relaxa. - Diz acariciando as suas mãos na tentativa de acalmá-lo.

Não deu certo.

- O piloto não vai conseguir pousar, o avião vai cair e nós iremos morrer! Ai meu deus! Jesus Cristo do céu! Nós vamos morrer Manuela! - Diz Miguel desesperado.

Isso que é uma pessoa pessimista.

Nesse momento todos estavam olhando aquele chilique do Miguel. Até a aeromoça veio para saber o que estava acontecendo!

- O que está acontecendo com ele? - Diz Lucas virando a sua cabeça para trás.

- Ele tem medo de avião. - Digo.

- Percebesse. - Diz Clara rindo e se virando para frente.

- Miguel você tem que se acalmar. - Digo novamente.

Para a minha sorte, o avião já tinha pousado e estava parando. Com isso o Miguel se acalmou.

- Me lembre de sentar bem longe do Miguel na volta para a Califórnia. Não estou afim de passar vergonha novamente. - Digo os fazendo rir.

Pegamos as nossas malas e saimos do avião.