A garota desconhecida

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Entro no quarto, e antes de me jogar na cama, tranco a porta para que ninguém ousasse me incomodar.

Embaixo do edredom, relembro os acontecimentos que ocorreram comigo depois que eu me mudei para à Califórnia. Até que os meus pensamentos param quando o Matt se declara para mim, e pula para a lembrança mais horrível da minha vida, quando o vejo me traindo...

Desde a traição eu não tinha chorado de verdade, foram tantas notícias lançadas de uma vez só que o meu cérebro não conseguiu acompanhar e ainda estava processando cada informação. Percebe-se que o mesmo já processou o que eu tinha visto na porta do banheiro no festival de música, pois as lágrimas rolavam pelos meu rosto sem parar.

Eu sei que tenho que ergue a cabeça e seguir em frente, mas eu acho bem mais atrativo ficar quietinha na cama engordando e me desidratando por causa do choro.

E então as lembranças voltam, mas param novamente no momento em que o Miguel diz que me ama quando eu estava no hospital e quando as meninas disseram hoje no banheiro do hotel que achavam que ele ainda gosta de mim.

Um sorriso involuntário invade a minha face por alguns segundos até que alguém bate na porta.

Por mais que o meu cérebro pedisse para eu ficar calada e fingir que não tinha ninguém, porque eu não estava em boas condições para ter contato com o mundo novamente, no entanto, a minha boca não obedeceu e pronunciou um " Quem é?" baixo, mas que facilmente poderia ser ouvido.

- Sou eu, Paulo! - Responde.

Pulo da cama e vou rapidamente em direção a porta, a abrindo em seguida.

- Oi... O que deseja? - Pergunto sem jeito.

- Oi! Marcamos para irmos a piscina hoje lembra? Encontrei com o pessoal lá embaixo e perguntei por você, as meninas me disseram que você não estava se sentindo bem e resolveu subir. Fiquei preocupado e vim ver como você está...mas eu acho que te incomodei. Desculpe-me. - Diz Paulo sem graça indo embora.

- Ei espera! - Digo e o mesmo para. - Eu já estou melhor, obrigada por se preocupar. - Digo sorrindo, fechando a porta e indo em sua direção.

- Que bom. - Diz ele sorrindo.

Eu começo a caminhar até o elevador, mas Paulo segura o meu braço e me faz voltar. Todavia, nossos corpos estavam um pouco mais próximos que antes.

Ele segura gentilmente o meu rosto com a suas mãos e começa a se aproximar do meu, eu estava imóvel, meu corpo não obedecia os comandos do meu cérebro(que era algo normal).

- Você é linda. - Diz Paulo pronto para me beijar.

Com muito esforço, consigo pronúnciar apenas algumas palavras.

- Desculpa Paulo. Mas eu não quero. - Digo me afastando e conseguindo correr em direção as escadas. Não queria ficar nem mais um minuto naquele local, mesmo que esperando o elevador.

- Manuela! - Escuto o grito de Paulo. Ingnoro e continuo descendo as escadas até chegar no terrio.

Colocando as mãos em meus joelhos, recupero o meu fôlego.

- Manu! - Grita Anne e Clara, elas foram as primeiras a me ver.

- Manu, nos desculpa por termos insistido sobre o assunto do Miguel! - Diz Clara me abraçando.

- Não fomos falar com você por que sabíamos que não nos ouviria. E não dissemos a ninguém o verdadeiro motivo de você ter subido, inventamos que você não estava se sentindo bem. - Explica Anne.

- Tudo bem meninas. - Digo abraçando-as.

- O Paulo perguntou por você e foi até o seu quarto. Você conversou com ele? - Pergunta Clara sorrindo.

- Sim, mas aconteceu uma coisa. - Digo cabisbaixa.

- O QUE? - Pergunta as duas curiosas em coro.

Explico para as meninas o que aconteceu entre mim e Paulo, e também o que eu fiquei pensando antes no quarto, as mesmas ficam perplexicas e voltam a história de eu está gostando do Miguel, no entando, de uma maneira menos escandalosa.

- Estou confusa. Eu não quero gostar de ninguém, tenho medo de me machucar novamente. - Confesso.

- Nós iremos te ajudar Manu, mas não sei como. - Diz Clara pensativa.

- Acho que você deveria falar com o Miguel. - Diz Anne.

- Eu não sei se estou gostando dele e se é algo recíproco. - Digo.

- Manuela, está na cara que o Miguel gosta de você. - Insiste Clara e Anne concorda balançando a cabeça positivamente.

- Gente, mesmo que ele goste de mim, eu não quero gostar dele para me machucar novamente. - Digo.

- Depois discutimos sobre esse assunto, vamos. - Diz Anne nos puxando até onde estava o pessoal.

Chegando na frente do hotel, meu olhar se direciona a Miguel conversando animadamente com uma garota, encaro a cena por alguns segundos até que alguém começa estralar os dedos na minha frente.

- Terra chamando Manu. - Brinca Lucas.

- Oi! O que foi? - Pergunto.

- Eu perguntei se você vai conosco passear pelo Rio de Janeiro. - Diz Lucas.

- Sim, eu vou. - Digo voltando a olhar para Miguel conversando com a garota.

O impressionante é que ele estava tão distraído conversando com a desconhecida que nem percebeu a minha presença.

Minutos depois, finalmente o carro que tínhamos alugado chegou, entro primeiro naquele enorme veículo e fico no fundo observando o Miguel se desperdir da garota. O motorista da partida e fomos a caminho do primeiro ponto turístico, o Cristo Redentor.

A nova vida de ManuOnde histórias criam vida. Descubra agora