Salvamento

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Naquela altura ninguém iria me ajudar. Já estava noite, as poucas pessoas que estavam na água encontravam-se longe de onde eu me afogava. A Clara não iria conseguir me salvar, por que ela não sabia nadar. Os meninos também não, pois estavam comprando os lanches.

Com certeza eu iria morrer.

De repente, sinto alguém me segurar pela cintura e me levar até a margem. O estranho me pega no colo, levando-me até onde encontrava-se Clara.

Começo a tossir descontroladamente por ter engolido muita água durante aqueles minutos de puro terror.

- Manu!! Meu Deus do céu, achei que tinha te perdido! - Diz Clara me abraçando forte e começando a chorar. Não retribuo, estava ocupada demais vomitando o jantar de algumas horas atrás.

-Você está bem? - Pergunta o estranho aparentemente preocupado comigo.

- Estou sim...Muito obrigada por ter me salvado, obrigada mesmo. - Digo o abraçando mais forte que eu podia.

- Não precisa agradecer. - Diz o estranho olhando para mim com um sorriso, mostrando todos os seus dentes.

Foi nesse momento que eu finalmente vi o seu rosto. Eu pensava que fosse um cara bem mais velho que tinha me salvado, não sei porque. Mas quem realmente me salvou era jovem, acho que da minha idade.

Ele é alto, um pouco bronzeado. Com cabelo curto e preto, seus olhos eram azuis como o céu.

Um menino espetacularmente lindo tinha me salvado de um afogamento? Sim, isso mesmo. Mas não vamos nos animar, apenas achei ele bonito, quero passar longe de um relacionamento com alguém.

- Vocês estão sozinhas? - Pergunta o garoto que me salvou.

- Não. Estamos esperando o namorado da minha amiga e o nosso amigo. - Respondo já me recuperando.

- Então irei lhes fazer companhia enquanto eles não chegam. - Diz o garoto se sentando. - Que indilicadeza minha, não me apresentei. Me chamo Paulo. - Diz ele com um sorriso simpático.

- Me chamo Manuela e essa é a minha amiga Clara. - Digo.

Estou me saindo bem no português! Uhul!!

- Vocês não são daqui certo? - Pergunta Paulo.

- Não. Como você sabe? - Pergunto espantada.

- Digamos que o seu português te entregou. - Ele rir.

Acho que não estou tão bem no português como pensava.

Por sorte, eu não iria mais passar vergonha falando português com o Paulo, pois o mesmo informou que era fluente no inglês americano.

- Vocês são de onde? - Pergunta Paulo.

- Eu sou da Flórida, mas me mudei para a Califórnia a alguns meses. - Digo.

- E eu sou da Califórnia mesmo. - Responde Clara. - E você? É daqui do Rio de Janeiro? - Pergunta.

- Não, sou de São Paulo. Vim passar as férias aqui com a minha família. - Ele responde.

- Ata. - Digo.

-Teve um concurso de música na nossa escola, e quem ganhasse ganharia passagens para o Rio, ficaremos durante quatro dias. - Explica Clara.

- Quatro dias? Que pena. - Diz Paulo um pouco decepcionado, em seguida, dirigindo seu olhar à mim.

FICOU ENVERGONHADA MANUZINHA?

Óbvio né.

- É... - Digo querendo cavar um buraco na areia e me aterrar por completo de tamanha vergonha.

Alguns minutos de conversa se passam e finalmente Miguel e Lucas chegam.

-Desculpa a demora meninas, é que a fila estava muito grande... - Miguel para de falar ao perceber que tinha gente nova.

- O lanche das senhoritas. - Diz Lucas. - Conhecem ele? Manu, por que estar toda molhada? - Pergunta.

- Longa história. - Diz Clara dando uma mordida no seu sanduíche.

- Temos bastante tempo para nos contar cada detalhe. - Diz Miguel serio.

- Tá bom. - Digo. - Começou quando eu e a Clara decidimos fazer uma corrida até o mar...

***

Termino de contar a minha trágica experiência aos meninos, que ficaram completamente preocupados. Para acalma-los, digo que somente foi um susto e que eu estava bem.

Conversamos por algum tempo até que a temperatura começou a baixar, e para piorar as minhas vestis ainda estavam molhadas.

- É melhor vocês voltarem para o hotel, a Manu está tremendo de frio. E com as roupas molhadas ela pode ficar doente. - Diz Paulo.

Todos concordam e se levantam para voltarmos ao hotel.

- Vocês estão hospedados aqui? - Pergunta Paulo.

- Não, vinhemos até entrada desse hotel por que vamos entrar para comprarmos roupas. - Responde Miguel com grosseria.

- Miguel! Que bicho te mordeu para você estar com esse mal humor? - O repreendo.

O mesmo revira os olhos e entra no hotel.

- Acho que ele ainda não se acostumou com fuso horário. Quando o Miguel estar cansado, ele fica desse jeito. - Diz Lucas.

- Mesmo assim! Ele que segure esse mau humor pra si próprio. - Digo.

- Está tudo bem. Entendo o Miguel, também fico assim quando estou cansado. - Diz Paulo sorrindo. - Vocês querem ir para piscina amanhã de manhã? De tarde podemos visitar alguns lugares do Rio. - Ele sugere.

- Por mim tudo bem. - Diz Lucas.

- Seria ótimo. - Diz Clara.

- Claro, iremos sim! - Digo.

-Então até amanhã! Ás dez e meia?

Concordamos.

Entramos no hotel e cada um foi para os seus devidos quartos.

A nova vida de ManuOnde histórias criam vida. Descubra agora