Cool Kids

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"Eu gostaria de ser igual a crianças descoladas
Porque todas as crianças descoladas
Elas parecem se encaixar"
Cool kids - Echosmith
-Pelo amor de Deus, amiga troca comigo por favor!
-Como que era aquele ditado mesmo? O que você não me pede chorando que eu não faço rindo, é isso?
- Obrigada, obrigada, obrigada! - disse comemorando e pulando em suas costas.
- Tá já deu né?
Nós trocamos de papéis, eu fiquei com o do Henrique e ela com o do J. A gente foi em uma loja de bonés e compramos um para cada, o que comprei para o Henrique era um de aba reta "temático" de donuts, com a parte da frente representando um mordido.
- Liv, quer dormir lá em casa antes do feriado? Aí nós vamos juntas para a casa da Jade encontrar o pessoal.
- Vou sim, só que eu tenho que ver com ela o que a gente tem que levar, não sei se vai fazer frio ou não...
- Você sabe que o "sítio" que a gente tá falando, na verdade é uma chácara na praia né? Não é aquele que íamos quando éramos pequenas.
- É claro que sabia... - agora sim ficou mais interessante, estava com muita saudade da praia, mesmo não morando longe de uma não íamos com frequência.
Fui para casa e comecei a arrumar a minha mala para a viagem. Óculos, biquíni, protetor, roupas, necessaire, acho que está tudo pronto.
Nunca fui muito boa em arrumar a mala, acho que ninguém é, ou pelo menos quem não é (1) blogueira de moda; (2) arrumadora de malas; (3) mãe de várias viagens, e eu definitivamente não me encaixo em nenhuma das três opções.
No dia seguinte eu teria aula (o único dia naquela semana), porém ninguém iria por conta do feriado, então poderia usar esse tempo para terminar de arrumar as minhas coisas.
Era dia de jogo, então assim que desci as escadas para buscar um copo na cozinha vi e ouvi a empolgação do meu pai. Ele era delegado, o que fazia com que muitos antes de conhecê-lo tivessem medo, mas isso era antes porque perceberam que ele não faz mal nem a uma mosca. Minha mãe estava comendo mais uma de suas saladas fitness, ela tinha encasquetado que tinha que emagrecer após uma conversa com uma paciente que disse que a sua vida havia mudado depois da perda de peso.
- Mãe, a Maya falou que a chácara não é aquela que íamos quando pequenas, é uma que fica na praia.
- Então você não pode esquecer o biquíni e o protetor.
- Pode deixar, amanhã eu vou pra casa da Maya dormir lá e nós vamos juntas.
- Já falou com a Lia?
- Não, mas se você quiser pode ligar, certeza que a tia Lia vai deixar.
Fui para o quarto, fiquei um tempo nas minhas redes sociais, assisti um documentário AMY que estava passando na TV e dormi.
Acordei era tarde, mas tomei café da manhã e encontrei com a minha mãe.
-Tô saindo pro hospital, se tocar a campainha atenda porque é a Nina - eu tinha acabado de acordar e a minha irmã já tinha até saído de casa -Ah e eu falei com a Lia e pra sua sorte eu vou te deixar lá no fim da tarde.
-Falei que ela ia deixar, já sou de casa mãe!
-Tá bom, juízo - disse rindo e fechando a porta.
                            ***
No caminho para a casa da minha amiga, eu e minha mãe estávamos curtindo a música, até que a minha mãe acabou com o clima vindo com o sermão de mãe de sempre.
- Oli, toma cuidado, juízo, não sei se serão só os seus amigos que estarão lá, não sei se é seguro. Mas eu confio em você e sei que não vai fazer nenhuma besteira.
- Fico feliz por saber mamãe.
- Esqueça o Joaquim e se divirta.
- Pode deixar mamãe, obrigada - sai e toquei o interfone e logo pude subir, Maya já estava a minha espera.
- Oi gatinha! - disse cumprimentando-a.
- Oi coisa chata, entra.
Fomos para o seu quarto, ele tinha nas paredes um tom claro de cinza, uma cama de solteiro, alguns discos de vinil em cima da cabeceira. Havia vários instrumentos na parede contrária à que ela dormia e uma janela grande com uma vista maravilhosa contornada por luzes de natal.
Depois de um tempo arrumando a mala dela e assistindo TVZ, a sua mãe chegou do trabalho e nos chamou para jantar.
- Ansiosas para amanhã meninas?
- Pode ter certeza que a Liv tá bem ansiosa - Maya disse me provocando e levando um tapa em seu braço em seguida - Ai, não foi essa educação que te dei.
- Se dependesse da educação que você me dá amiga, eu estaria lá na esquina - começamos a rir e conversar sobre o dia seguinte.
- Seus pais estão bem Olívia?
- Tão bem sim tia Lia, tirando o fato que a minha mãe está tentando converter todo mundo lá de casa à "religião fitness" tá tudo bem - disse rindo.
Conversamos bastante e fomos dormir relativamente cedo, porque no dia seguinte teríamos que encontrar a galera cinco e meia da manhã.

OlíviaOnde histórias criam vida. Descubra agora