Prólogo

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"Eu acho que eu não preciso mais disso

Agora você é apenas alguém que eu conhecia"

- Somebody That I Used To Know - Gotye

- É que eu ando muito ocupado Olívia.

- Tão ocupado, que não consegue ver o que está claro pra todo mundo: que você tem alguém que gostava muito de ficar na sua companhia sendo desprezada por outros motivos. Não vê o que está acontecendo? Eu era ou sou apaixonada por você não sei ao certo, mas tem noção do quanto isso me machuca? Ver alguém que eu tinha um sentimento tão forte ser... levado, eu acreditava que o que sentia por você era recíproco mas pelo visto não.

- Para com isso Olívia, eu não fiz nada! - nossa, como ele era um anjo, realmente.

- Pois é Joaquim, justamente por isso - as lágrimas já ocupavam todo o meu rosto e soluçava entre todas as palavras - Você NUNCA faz nada, me avisaram que você estava diferente e eu falei que deveria ser só uma fase e que passaria. Mas adivinha, só foi piorando cada vez mais. Eu achava que te conhecia mas pelo visto não. Quando eu precisava de você, não estava lá, quando precisava de um abraço, você não estava lá pra me dar.

- Olívia não foi culpa minha. Me desculpe.

- E daí Joaquim? E daí que a culpa não foi sua? Você não fez nada pra tentar consertar. Eu espero não ter que ver o seu rosto por um bom tempo - falei com um tom de voz que expressava a minha decepção - Tchau Joaquim!

Antes de dar adeus de vez para aquela casa, peguei um post-it e escrevi um bilhete para a dona Roberta:

Dona Roberta;

Infelizmente eu e Joaquim terminamos o nosso namoro, mas eu gosto muito da senhora e de sua família espero continuar vindo aqui e comer aquele seu risoto maravilhoso e botar o papo em dia.

Beijos da sua ex nora

Olívia

Saí pelo caminho que ficava no meio do jardim florido, o lugar favorito da Roberta. Ela adorava em seus dias de folga assistir o sol se pôr e cuidar das flores que alí cresciam. Entre aquelas flores que eu e seu filho tínhamos nos beijado pela primeira vez. Apreciei a paisagem pois provavelmente seria a minha última vez naquele terreno.

- Senhorita Albuquerque o que faz aqui em minha humilde residência? - Era o Guilherme, o meu integrante favorito daquela família.

- Oi Gui, que saudades eu estava de você - ele era mais velho do que eu, o considerava meu irmão mais velho.

- Também estava Oli, mas e você tá bem? - Eu não gostaria de tocar no assunto, mas já que ele já iria saber, decidi contar.

- Tirando o fato de que eu e seu irmão terminamos tudo bem sim.

- Quando foi isso? Ele não me falou nada! - não conseguia saber se estava bravo ou surpreso com a situação.

- Nesse exato momento, você sabe que já não estava um dos melhores relacionamentos do mundo né?

- Sim, isso eu sei, mas não pensei que fosse acabar assim...

- Eu muito menos - comecei a chorar e ele colocou minha cabeça em seu peito, me puxando para um abraço.

- Eu sempre te falei isso mas você sempre levou na brincadeira, mesmo eu falando sério. Você merece alguém muito melhor que ele, de verdade.

- Ob.. - não consegui terminar o meu agradecimento, não conseguia falar nada na realidade.

Mais tarde ele me pediu para contar o que houve para ele. Então fiquei uma hora explicando os detalhes, estávamos sentados em um balanço de madeira que tinha entre as árvores. Quando olhei para cima, em direção ao quarto do Joaquim, lá estava ele, na janela olhando o anoitecer com uma expressão indescritível. Nunca tinha visto ele assim...

- Olha, eu sinto muito Olívia, depois converso com ele. Mas, já está tarde, você quer uma carona? - pensei em negar, depois mudei de ideia.

- Se não for mesmo te dar trabalho, pode ser.

- Vamos, entre - depois que o Guilherme fez 18 anos, não o vi com tanta frequência, nunca tinha visto seu carro. Era um Sandero esportivo branco, muito limpo.

- Muito bonito o seu carro mas, me conte, o que anda fazendo da vida?

- Estou trabalhando temporariamente em um estúdio de música - falou empolgado - eu viro aqui ou na próxima?

- É melhor virar aqui mesmo. Nossa que legal, está gostando?

- Nossa, muito! - ele parecia muito empolgado- O cachê não é dos maiores, mas pra primeiro emprego está ótimo, ainda mais trabalhando com o que gosto.

Estávamos conversando normalmente quando começou a tocar Trama da banda Pollo e esquecemos do assunto completamente, sempre cantávamos essas músicas quando íamos viajar juntos.

- Você fala que gosta, mas eu sei que ama, a noite sozinha é meu nome que chama - estávamos gritando a música inteira, todas as palavras - Na sua vida nada dá sério né fia? - não sabíamos se ríamos ou cantávamos.

- Desculpe acabar com a vibe mas, infelizmente chegamos...

- Obrigada de verdade Gui - me despedi dando um beijo em sua bochecha - prometo que quando tirar carteira irei te dar carona, okay? Tchau.

- Ok - disse rindo - tchau, sinto muito pelo o que houve, de verdade.

O Guilherme conseguiu melhorar um pouco o dia, fico feliz por ele ter aparecido.

Guilherme Marques

- Ei bro, o que aconteceu essa tarde?

- A Olívia ficou falando que eu era um lixo, que eu fazia tudo errado e que enfim, deveríamos terminar por isso, que não olhava na sua cara...

- Cara, uma coisa que eu tenho certeza é de que ela não falou isso - poderia não conhecer tão bem a boca da Olívia como ele, mas as atitudes acho que conheço melhor do que meu irmão - o que ela disse de verdade?

- Tá, eu exagerei um pouco, que eu não dava tanto valor a nossa relação quanto ela, que não via o quanto era louca por mim e coisas do tipo.

- Nossa, nunca vi alguém se declarar tão bem em um fim de namoro.

- Ah, é que você é o pegador né? Tinha me esquecido.

- Mas é claro ué, quando se tem essa beleza e ainda sabe como ser um cavalheiro, não há nenhuma garota que resista - falei mexendo no cabelo e depois bagunçando o dele - já você... O Esquadrão da Moda aceita garotos de 16 anos? - caí na gargalhada e fui para o meu quarto, mas me lembrei que não tinha dito uma coisa muito importante, quando voltei ao seu quarto, estava tão desligado que deixei para lá.

OlíviaOnde histórias criam vida. Descubra agora