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Prólogo

Kansas, Estados Unidos.
18 de maio de 1927.

O cemitério estava vazio, como em todas as noites de lua cheia. Os moradores não gostavam de se arriscar pelas ruas da cidade devido as lendas sobre homens que, em toda lua cheia, se transformavam em lobos ferozes e sedentos por sangue.

Mas, lá estava ele, outra lenda, andando pelo cemitério a noite como se andasse por uma cidade de dia.

Observava as lápides como se as analisasse, como se para saber se eram dignas de se encontrar naquele local.

Parou em frente a uma lápide, que tinha jarros de flores mortas ao seu redor.

Ele encarou a lápide com amargura e sentiu seus olhos se encherem de lágrimas.

"Kristine Williams (1921/1926)
Filha, neta e irmã amada, sentiremos sua falta eternamente."

- Você sabe que eu fiz o que era certo, não sabe John? - a voz da mulher preencheu os ouvidos do homem e ele voltou seu olhar para a loira a sua frente.

Ela se sentava em cima de um dos túmulos, batucava o mesmo com os dedos em um ritmo surpreendentemente irritante, na mais sincera opinião de John.

- O quê você quer? Já não basta o que fizeste a minha filha? - o homem pergunta com a voz embargada pelo choro, a mágoa era tão presente em suas palavras que chegava a ser tangível.

- Ela era um monstro, John. Até você tem que admitir isso - a mulher retruca, se fingindo magoada pelas duras palavras do homem.

- Não, ela não era. Ela era apenas uma criança de cinco anos. Ela não tinha culpa por ter nascido daquele jeito - o homem rugiu entre dentes, mas a loira não se deixou abalar.

- Ela realmente não tinha culpa, mas quem melhor para pagar os erros de um homem que se deixou levar por uma lobisomem? Se você não tivesse feito isso, John. Nada disso teria acontecido - a mulher disse com uma calma irritante, na opinião do moreno. - Se ela não fosse uma híbrida, provavelmente ainda estaria viva, bem ao seu lado.

- Apenas diga o que quer e me deixe em paz, por favor - o homem súplica se dando por vencido.

- Na realidade, eu só vim oferecer um acordo - a loira responde e um vestígio de um sorriso aparece em seu rosto.

- Que tipo de acordo? - o homem pergunta, novamente encarando a lápide de sua amada filha.

- O tipo de acordo em que a pequena Kristen volta para o seu lado - a mulher cantarolou, ganhando toda a atenção do homem.

- O que eu tenho que fazer? - o vampiro pergunta, se segurando para não pular no pescoço da bruxa e lhe arrancar o máximo de informações possíveis.

- Na realidade eu não quero nada em troca. Só quero dar um aviso, antes de traze-lá de volta - a bruxa responde e o homem a encara, desconfiado.

- A menina voltará totalmente humana e com o sangue mais poderoso já visto. Esse sangue correrá na veia de todos de sua família, mas poucos terão esse sangue revelado - a mulher diz e o homem anda até ela.

- O que você ganha fazendo isso?

- Além de consciência limpa e um lugar no céu? Alguém para carregar o fardo de ter esse sangue por mim.