05: Histórias

3.2K 240 24
                                    

      O que leva a pessoa se tornar gananciosa? Desprezar pobres? Em algum lugar do mundo existe diversas pesquisas, filósofos e sociólogos que ousaram tentar desvendar esse problema da sociedade. Artigos, matérias e outras coisas. Alguns dos amigos mais íntimos de Anamara Renault não precisavam ler nada disso para saberem quais motivos ou razões a levaram se tornar assim. Todos sabiam que a morena vivia rodeada de amigos, respeitando todos desde ricos aos pobres, era doce, alegre, se solidarizava em ajudar os próximos sem nem querer retorno das ações. Sua mudança tão pouco foi repentina, uma série de fatores, entre elas, sua paixão por um garoto do colégio chamado Pedro Wich. Possuía condição financeira estável por demais, playboy, um pouco metido. Na época do relacionamento dos dois, diziam que eles não durariam nem uma semana. Foi um namoro de sete meses. Do jeito torto, Pedro a amava de verdade.

     Wich morava com os pais na Califórnia, por motivos maiores foi estudar na mesma escola que Anamara. Ele era do tipo que não valia nada, vivia em festas escandalosas, curtia tudo e todos, não ligava para sociedade. Seu pai achou melhor então enviá-lo na esperança de que tomaria rumo na vida. Estiveram certo por um bom tempo. Quando se envolveu com Anamara, foi reciprocidade de ambos lados. Ele era o pescador, ela o peixe. Assim começou aquele relacionamento.

     Tudo iniciou com uma estúpida brincadeira, uma aposta feita entre ele e seus amigos. O plano? Tirar a virgindade da pequena garota. Mas Wich se deparou com sentimentos na metade do caminho, esperou, teve paciência para esperar e saber o momento certo de cumprir sua parte na aposta. Até sete meses depois. Pedro e Carlos Viana levaram Ana para uma festa, embebedaram-na, em seguida Anamara ouviu de seu namorado que precisava passar em um lugar antes de leva-la para casa, ingênua o seguiu. Numa rua deserta, sem pessoas caminhando em nenhum momento havia um galpão vazio, onde o casal se encontrou com alguns outros rapazes. Só quando chegou lá decidiu que queria contar ao companheiro sua vontade de ir embora, era tarde. Quando menos percebeu foi agarrada por um dos 6 rapazes ali no local, em seguida dois, três, suas roupas arrancadas, violentada sexualmente até pelo namorado. No meio disso, Ana apenas chorava, chamava por ajuda. Ao final do estupro, os homens e Pedro foram embora. Deixaram-na no meio da rua em um estado acabado, decadente.

      Todavia, quem disse que ela se deixou abater por isso? Pelo contrário, levantou a cabeça decidindo que nunca mais ficaria com uma pessoa pobre e que quando fosse rica, colocaria eles na cadeia. No mundo que o dinheiro compra tudo, se fosse a delegacia contando de sua situação, sabia que eles sairiam logo depois, ela levaria a culpa por ter deixado acontecer (a culpa sempre acaba sendo da vítima), estaria manchada e marcada como mentirosa. Por isso mudou. Seu desejo de conseguir ser rica o suficiente para lutar fogo com fogo surgiu a partir do acontecimento que mudou sua vida, de uma vez por todas.

     Essa não era a história completa de como tudo terminou para Anamara Renault.

[...]

    Não tão longe do colégio, Pietro comemorava em sua sala o negócio fechado. Tanto ele quanto o novo sócio quiseram oferecer uma festa, somente nomes da sociedade poderia participar. Geralmente eram fechadas, não que fosse problema receber a classe trabalhadora, entretanto, dessa vez não tinha motivos ainda para envolve-los. Esperava que, apenas essa fosse mais animada, sem toda irritação e ninguém o paparicando. Não seria o único poderoso dentro de uma sala daqui a dois dias.

     Não demorou também para sua secretaria entrar na sala. Pietro também se aproximou, abraçando-a e fazendo ambos corpos girarem no mesmo lugar. Lily bateu nos ombros do chefe ordenando ser colocada no chão. Ela por pouco não derrubou a champanhe e as taças.

    ───── Um passarinho me contou do sucesso. Meus parabéns. - Começou.

    ───── Isso não seria nada sem suas santas mãos maleando tudo até agora. Quando eu casar, quero alguém como você ao meu lado. Aliás, isso seria muito promiscuo se eu te pedisse agora em namoro? – Naquele momento nem ela, nem ele, sabiam se no fundo era apenas brincadeira ou algo sério mesmo. Por via das dúvidas, riram.

    ───── Isso estaria mais para "Caneca Mistura Tudo" e eu não gosto dessa ideia. Vamos nos manter sólidos na amizade. Nossos pais se conhecem desde que usávamos fraldas.... Se fosse para algo acontecer, já teria. Muito tempo atrás.

    ───── Eu quero formar uma família com uma linda mulher, quero ter crianças correndo pela casa. Quero uma mulher que ame a mim e não ao meu dinheiro. É tão difícil achar alguém assim? – Choramingou aos ouvidos de Lily. Ela parecia não ligar, apenas seguia enchendo as taças. Quando terminou entregou uma a ele e segurou a outra. ───── Imagina essa festa... Grande parte da socialite tem seus companheiros, companheiras sejam de verdade ou apenas uma prostituta contratada... – Aquela mesma conversa pela milésima vez, quando Pietro começava a repensar na vida, em sua vida amorosa, rendia.

    ───── Talvez você devesse escrever algo excitante como... – De dentro do bolso da saia, ela puxou um pequeno caderno exclusivo para anotações. Porém, pela capa, Lancaster soube que veio de fora. ───── " Aquela língua estava passeando pelo meu corpo de uma forma tão excitante. Ainda não consigo imaginar que Pietro está na minha cama fazendo-me sua mulher de uma forma tão carinhosa. Mas o que eu poderia dar em troca? Sou apenas uma mulher pobre que sonha em crescer na vida, terminar a faculdade. Sou humilde, ele nunca há de querer algo comigo... " – A secretaria até tinha alterado sua voz para entrar no personagem. Obviamente lia com total deboche. ───── " Digo para ele que essa é minha primeira vez. Poderia ele ser o meu primeiro?" – Parou por um minuto, respirou e retornou sua leitura. ───── " Pietro volta a beijar minha pequena boca. Acabo por arranhar as costas dele de tanto desejo."

     Lily segurou a risada até onde conseguiu, não demorou de sentar na mesa do chefe e começar a gargalhar. Jogou a cabeça para trás e para o lado, breves trinta segundos e se recompôs. Sua expressão agora séria, pronta para ouvir o sermão ou algo do tipo.

    ───── Você abriu? – Foi o que conseguiu dizer primeiramente.

    ───── Acho que elas descobriram onde moro. Me lembre de alterar o endereço. Essa até é legal. Estive lendo.... Deveria enviar uma carta de agradecimento. Irá suprir sua necessidade sexual...

    ───── Primeiro, sem cartas ou já sabe.... Segundo, eu não me importo se a mulher é alta ou baixa, se é branca, negra, parda ou morena ou de qualquer cor, não me importo se tem cabelo bom ou cabelo "ruim", gordinha sexy ou magra, olhos claros ou escuros... Eu só me importo com a mulher me amando 24 horas por dia. – Revirou os olhos. ───── Por que sempre se colocam insuficiente para os homens? Não só para mim. Precisam se valorizar mais. Terceiro, nada no m undo me deixaria mais feliz em ser o primeiro na vida de uma mulher... Qualquer homem ficaria contente em ser o "cara".

    ───── Não sei, senhor Lancaster. Talvez devesse ir questionar elas. Bem, comemorações a parte, vamos, está atrasado para experimentar o terno. Ou já esqueceu que o príncipe da Arábia o convidou para ser padrinho?

    O bilionário revirou os olhos antes de pegar a chave do carro, seguiram até a garagem. Ele realmente esqueceu do compromisso.

     Verdade seja dita que sem Lily, Pietro Lancaster não existiria. Ou sobreviveria por dois minutos.

 Ou sobreviveria por dois minutos

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Golpe Da Barriga - FinalizadoOnde histórias criam vida. Descubra agora