11: Minha Filha

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[Três Meses Depois]

     Talvez Pedro Wich devesse desistir de tentar reconquistar sua amada Anamara. A pergunta é: Quem desiste de um grande amor? Abandonar aquela pessoa que seu coração sempre pertenceu e deveria pertencer? Desistir de alguém que amou e ama, mesmo depois de uma enorme mancada? E no lugar da outra pessoa? Seguiria a norma de que "todos merecem uma segunda chance"? Isso se aplica nesse tipo de cenário ou é apenas mais uma frase feita pela sociedade em uma tentativa de inclusão social? Tantas vítimas de abuso sexual no mundo inteiro, e alguma delas perdoam seus abusadores? Três meses se passaram desde que ele viu Anamara, e há três meses tentava reconquistá-la.

     Não longe de onde Pedro estava hospedado, se localizava a empresa de Pietro Lancaster. Era uma tarde, meio de tarde, em mais uma reunião sua cabeça apenas girava em torno daquela festa e da mulher misteriosa. Ninguém conseguiu descobrir o paradeiro, a tal amiga também se tornou invisível aos olhos de todos. Estava começando a enlouquecer pela mulher que o levou para um hotel e que apenas viu naquela noite uma única vez em sua vida - assim ele pensava. Depois dali ele seguiu para sua casa, um bom banho e pensou em tirar um cochilo. Mas, os pesadelos voltavam sempre se referindo a sua vontade de vê-la e saber de uma vez por todas se foi mais um caso ou tinha um plano por detrás. Sentou-se em sua cama após acordar, enterrou seus dedos nos fios negros do cabelo respirando fundo tentando pensar em algo para esquecê-la.

     Muito longe dali estava Anamara arrumando sua pequena mochila para ir à escola. Minutos depois estava pronta, desceu para a cozinha e começou a comer o bolo de morango que sua mãe havia deixado em cima do fogão, antes de virar e vê-la entrar na cozinha com uma cara nada boa. Questionou se algo tinha acontecido. As duas ao mesmo tempo cruzaram os braços. Cassandra já tinha conhecimento que a filha estava grávida, uma barriguinha de três meses não é fácil de ser ignorada. A propósito, não gostou nadinha da história de que foi uma noite qualquer. Outra vez, sua filha envolvida em problemas. Renault não disse os verdadeiros motivos por detrás daquela gravidez.

    ───── Victória ligou, disse que está doente. Ana, você precisa ir buscar ela. - Respondeu a doce mãe sentando na cadeira. Ao escutar aquele nome, ela precisou segurar-se em algum lugar. Victória era a única pessoa no mundo capaz de fazer Anamara mudar de ideia. Apenas não seria fácil assim

    ───── Como é que é? – Dois motivos a levaram ficar daquele jeito. O primeiro já citado acima, e o segundo, eis a grande razão para ser capaz de largar os planos e tudo mais. ───── Eu dei minha vida para ter aquela garota, quase morri no parto e agora ela vem arrumar doença? Só pode ser brincadeira. – Na maioria dos casos, um abuso sexual resulta em filhos. Com ela não foi diferente. Engravidou aos 13, tivera Victória aos 14. Sua filha. Primogênita. Aquela que ninguém sabia da existência até Pedro retornar e ficar exigindo vê-la. ───── Já não basta o trabalho todo que tive durante o parto e até depois? Eu mandei ela para longe pois não a queria perto de mim, não irei buscá-la. – A amava, apesar de tudo aprender amar sua filha. Mesmo morrendo de saudades, preferia manter a pequena longe ainda mais agora com o plano dela em percurso, Vic poderia atrapalhar tudo. Se encontrava com três meses e meio de gravidez, o tempo de poder abortar já havia sido ultrapassado.

    ───── Anamara o que você quer dizer com isso? Ela não tem culpa de ficar doente ou de arrumar uma doença. Para de ser coração de pedra. Ao menos ligue. – Exigiu. ───── Faz tempo desde que se falaram.

     Ana resmungava um palavrão enquanto saía para a varanda de sua casa. Pegou o celular e discou o número da casa onde Victória estava. Três toques depois alguém atendeu. Podia ouvir uma respiração do outro lado da linha.

    ───── Alô?

    ───── É a Anamara, posso falar com a Victória?

Golpe Da Barriga - FinalizadoOnde histórias criam vida. Descubra agora