A Perda - Part 2

2.4K 178 9
                                    

     Anamara e Alice costumavam cantar juntas em quase qualquer lugar. As duas saiam boa parte da semana sempre pela parte da noite, iam para alguns bares no intuito de se divertirem. Depois de duas ou três rodadas misturando cervejas e tequilas subiam no pequeno palco e lá enrolavam suas vozes tentando acompanhar o cantor ou cantora. A última música havia sido "Wish You Were Here" de Avril Lavigne. Mal sabiam que se tornaria fundo musical de anos sofrendo. Depois que Alice morreu, a mudança de Renault começou, se tornou em uma pessoa fria e calculista. Ao contrário do que era quando Alice estava viva. Sabia sorrir passando ou não por dificuldades.

     "Lembranças são boas, mas costumam machucar as pessoas", a ruiva costumava dizer isso para Renault depois de saber pelo que sua amiga passara, compartilhava do mesmo sentimento em relação a Pedro Wich. Com certeza aquela frase seria repetida diversas vezes se Alice estivesse viva, especialmente para tirar sua amiga da fossa. Renault suspirou. Outra vez. Seus passos naquele momento já eram em direção a sua mãe, ela ainda permanecia choramingando no ombro de alguém. Anamara, ao fundo, gostaria de ter forças suficientes para ajudá-la, mas em seu estado presente é impossível. Talvez ao chegarem em casa faria chocolate quente ou um cappuccino.

     Os olhos da garota passearam por todos ali presente, reconhecia alguns, outros não. Porém, entre todos, um rapaz havia acabado de se aproximar de dona Cassandra, ele pareceu meio receoso ao se aproximar, por fim, houve um abraço apertado demais. Estreitou aqueles olhinhos, no dado momento, a garota começou a andar para trás, retornava ao lugar de antes fugindo de Pedro obviamente, e de sua mãe. Ela sabe o que ele fez no passando, ajudou sua filha em tantas noites chorando e agora simplesmente o abraça? Diferente dela, Cassandra, o perdoou.

     Como andava de costas, não conseguia observar se havia algo ou alguém atrás de si. Não até sentir suas costas baterem contra e doerem levemente. No mesmo momento se virou. Logo em sua frente um outro rapaz, dessa vez alguém mais conhecido ainda. Era alto. Moreno. Olhos claros como o céu sem nuvens. Anamara se encontrava em uma situação difícil.

     Enquanto a Pietro Lancaster, aquela mulher não era estranha. Tinha uma sensação de déjà vu de já terem se visto.

     Nenhum dos dois abriu a boca. E quando fizeram, foi quase ao mesmo instante.

    ───── Me desculpa. – Ambos sorriram em seguida.

    ───── Eu que peço desculpas. Não deveria andar de costas por aí.... Acabaria tropeçando em você ou em alguma lápide. – Anamara prosseguiu entendendo sua situação.

    ───── Okay, desculpas aceitas ou iremos entrar em alguma discussão. Provavelmente. – Sua voz saia de forma graciosa. Embargada. Agora podendo visualizar melhor, é possível ver que o rapaz andava chorando. Ainda novinho perdeu uma de suas irmãs para uma doença terrível. ───── Aqui, pegue esse lenço. Parece que precisa tanto quanto eu. – Estendeu um pequeno pedaço de papel para a menina. ───── Me desculpe, nós já não nos conhecemos?

     É, será que ele a reconheceu? Não, não mesmo. Renault deu a dose suficiente para ele esquecer seu rosto.

    ───── Obrigada pelo lenço e, acho que não. As pessoas dizem que tenho uma face bem... Popular. – Respondeu pegando o que lhe foi oferecido. Continha bem no cantinho as iniciais de seu nome desenhado. Isso é totalmente desnecessário. ───── Você é o famoso Pietro Lancaster, não é? – Precisava disfarçar ou ele desconfiaria de algo. Sua outra preocupação era na verdade se Pedro chegasse perto. A garota não tinha conhecimento da amizade entre os dois. Não ainda.

    ───── Sim, mas sem essa de famoso. Não aqui. Sei que é bem nítido, mas a quem veio visitar? Este aqui é o tumulo de minha irmã, seria a mais velha da família...

Golpe Da Barriga - FinalizadoOnde histórias criam vida. Descubra agora