De volta a sala de aula, Anamara nem prestou atenção em nenhum dos professores, em química, física e matemática seus pensamentos ainda giravam em torno da oportunidade de mudar sua posição social e econômica. Passaria de uma simples filha de faxineira a mãe do herdeiro único do todo poderoso Pietro Lancaster. Depois das primeiras aulas era vez de Biologia seguido de sociologia. Por incrível que pareça conseguiu manter seu foco ali e responder boa parte das perguntas que lhe foram feitas. Depois disso, Crystal, Willian e ela retornaram para o refeitório.Quem sentou perto dos três foi Nicolas, o CDF de sua turma. Ele era lindo e gostoso aos olhos de Ana e das meninas do colégio. Nic possuía uma pele branquinha, olhos azuis e uma boquinha bem desenhada. Se ele tivesse um pouco de condições financeiras a morena com certeza iria se aventurar, porém, seus pais eram professores de faculdade. Dona Judith e dona Cassandra são amigas, elas seguem uma longa linhagem de amizade entre os Renault e Waite. Anamara agradecia ao CDF, afinal, se não fosse por ele, ela estaria em um colégio de baixa categoria.
─── Oi Nicolas, obrigada pelas dicas na matéria de Literatura. – Agradeceu, teve dificuldades em entender os motivos de alguns movimentos que surgiram naquela época quando grandes escritores nacionais e internacionais eram vivos. ─── E... Quer ir lá em casa depois da aula para gente estudar? Biologia não é muito meu forte, especialmente na parte de reprodução sexual e assexual. – Quem estava na mesa começou a rir pela brincadeira da morena. Até Nicolas deu risada, ele não era como os CDFs antigos, tímidos.
Após o momento diversão, todos pensamentos, sentidos e atenção voltaram ao que ela tinha em mãos. Era o convite da festa dos socialites. Já sabia que a festa era em homenagem ao Pietro, a razão se dava pelo fato dele ter conseguido fechar um negócio em prol de San Diego. Dentre algumas perguntas duas pareciam não ter respostas. A questão agora era saber como chegar perto dele numa festa tão grande assim. Para isso, precisava de uma lista dos convidados. Se alguém fosse estar próximo bastante do bilionário, ela também estaria quando chegasse a hora certa.
─── Preciso de uma lista de quem irá ir a essa festa. – Não tinha percebido que sua amiga estava agarrada ao namorado num beijo carinhoso e com certeza coberto de palavras sujas. ─── Se eu souber quem é mais próximo dele no local, fica mais fácil para nos aproximarmos e o restante eu faço.
Crystal parou com os beijos para dar o que a amiga queria, claro que ela já tinha uma listagem com todos os nomes. Uma pasta média foi tirada de dentro da mochila e colocada em cima da mesa. A loira sorriu de forma cumplice, suficiente para Ana compreender que isso foi adquirido de forma ilegal.
Não demorou ao último sinal do dia tocar, era hora da penúltima aula: Espanhol. O tempo pareceu voar, nem percebeu as horas passando, o sol se pondo, nem culpa tinha. Um plano inteiro para pouco tempo. A festa será no fim de semana.
─── Te vejo amanhã, Anamara. Se cuida. – Desta vez as amigas serão separadas, Crystal tem sua aula de inglês.
─── Na verdade estava pensando em ir para sua casa. Preciso ver roupas, sapatos, maquiagem e tudo mais. Não tenho nada disso, sabe a razão... Né?
Crys concordou antes de cada uma seguir sua rotina. Mas Anamara só iria para casa dela depois que conversar com a mãe. O acampamento era no mesmo dia que a festa, não poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo.[...]
Como todos os dias, ela apenas jogou a mochila em cima do sofá antes de sair em busca da mãe. Já tinha arquitetado uma mentira básica sobre onde estaria esse fim de semana e a razão para não querer ir mais ao acampamento. Diria que estaria com Crystal, pois se abrisse a boca e contasse sobre a festa, estaria sem cabeça no mesmo instante. Passou pela cozinha rapidamente, seus passos a levaram para o andar de cima. Sua casa era pequena, dois andares: Embaixo fica a sala, cozinha e uma área de serviços, no andar de cima tem o quarto da mãe e o seu, além de banheiro no final do corredor virando à esquerda. E só.
Enquanto as relações de mãe e filha, Ana a amava, apesar de suas atitudes dizerem o oposto. Por dona Cassandra é capaz de tudo, é agradecida por ela lhe ter dado a vida, e por ter assumido a responsabilidade em dose dupla. Assumiu o cargo de ser pai, de ser mãe, amiga e irmã. Não a culpa pela situação que vivem, Anamara conseguia compreender como é ser uma adolescente loucamente apaixonada e no final de tudo sofrer consequências. Essas que jamais irão embora. É para sempre. Por esses motivos, agradece, é só ela e a mãe, nada além das duas. Enquanto isso, ao seu pai, nenhuma notícia, a última foi quando Cassandra contou o porquê de ter sido deixada: Ganancia. Um completo idiota.
Depois de alguns segundos, a encontrou lendo uma revista dentro do quarto miúdo. Paredes brancas, uma pequena TV, guarda-roupa de suas portas e a cama de solteiro box recém comprada e dividida em trezentas vezes, tudo isso ali e não havia quase lugar para andar ali dentro. Só cabia uma pessoa por vez. Cuidadosamente, ela bateu na porta e pedira licença para entrar.
─── Entra. – Cassandra disse logo depois permitindo sua entrada. Quando Anamara entrou, ela tratou de guardar a revista e abrir um simples sorriso. ─── Você nunca vem ao meu quarto, aconteceu algo?
Era assunto rápido e sem demoras. Como em todas as outras conversas. Anamara não tinha o costume de entrar no quarto da mãe pelos motivos de não a querer em seus aposentos. A morena respirou fundo após sentar-se na beira da cama.
─── Não precisa mais pagar o acampamento, irei ficar com a Crystal. Ela não vai ir e me chamou para dormir em sua casa esse fim de semana. Fique com o dinheiro e compre algo para si mesma ou guarde. Sei que a senhora precisa desse dinheiro para outras coisas como pagar a conta, comprar comida e etc.
─── Tem certeza filha? Eu consegui o dinheiro e ia em seu colégio amanhã mesmo.
─── Sim mãe, faz tempo que não fico com minha amiga e queríamos aproveitar esse tempo. Agradeço muito seus esforços e tudo mais, de verdade, pode ficar com o dinheiro e se divirta com ele.
─── Tudo bem, estamos precisando de alguns alimentos aqui e vai dar para comprar com o dinheiro... Posso comprar um pijama para você se quiser... Os seus devem estar velhinhos, caindo aos pedaços... – Era verdade também, mas a morena balançou a cabeça, não precisava.
─── Já disse que não. Agora se me permite, vou ir estudar um pouco. Se cuide mãe.
Anamara seguiu para seu quarto. Um passo tinha sido dado, falta outros quinhentos até se tornar mãe de um filho dele. Tinha decidido seguir adiante com o plano. Pelo seu bem e o da mãe.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Golpe Da Barriga - Finalizado
ChickLit#1 em interesse: 30/10/2019 #1 em golpe: 26/03/2020 Tudo começa com vontade, depois se torna desejo e temos que correr atrás para realizar. Foi assim com Anamara Renault: Seu desejo era que deixasse de ser pobre, um certo dia viu a chance b...