16: Máscaras

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❝ Assim como existem dois lados de cada história, existem dois lados de toda pessoa.
Um lado que revelamos ao mundo e e outro que mantemos escondido. ❞
Emily Thorne — Revenge

     A vida é surpreendente ou as pessoas são surpreendentes? Os indivíduos de uma sociedade sempre pensam estarem preparados para tudo, e então, algo acontece e ninguém está pronto de verdade. Sempre surpresos. Por que? A grande pergunta é essa. Por que estar sempre surpreso com alguma atitude diferente de alguém importante (alguém colocado nesse posto)? E a resposta também se torna simples. Tudo começa e termina no amor. Para Anamara, ver sua mãe em uma situação constrangedora foi surpresa porque simples a amava, porque possuía uma visão de quem era sua adorável mãe. No fundo, no fundo, é necessário estar pronto porque de duas coisas há certeza: Todos um dia morrem e todos usam máscaras. Foi neste dia que a Renault desejou possuir habilidades de ver o futuro, assim impediria o ocorrido.

[ Flashback On ]

    Depois de sua aula, Anamara resolveu levar Victória para tomar sorvete no parque que há perto da escola primária. Após pegá-la, caminharam em direção ao local, no caminho Vic falava a respeito de um garoto em sua idade, confessou que este a havia pedido em namoro mas recusou. Ana ali sentiu emoções diferentes sobre o que é ser mãe. Sua filha mal saiu das fraldas, uma infância inteira pela frente a esperava. Não queria e nem iria permitir a inocência da pequena ser quebrada facilmente com o mundo da sexualidade. Ana passou por aquilo, não desejava o mesmo a sua filha. O motivo para ter negado o pedido não demorou de ser revelado, a filha somente ouviu as risadas da mãe em meio a tudo. A garotinha claramente não se encontrava aproveitando da cena. Chegou até revirar os olhos em forma de reprovação.

    ───── Vic meu amor entendo o que fez e quero que saiba, estou totalmente totalmente de acordo contigo. Você ainda é pequena para namorar. — Diz após terminarem de tomar os sorvetes. Observavam em seguida algumas pessoas conversando na grama do parque. Ao menos a mais velha, pois mantinha seus olhos na mãe.

    ───── Mas algumas garotas do meu colégio disseram que eu fui boba por não ter aceitado o convite para sair com os meninos. Não quer me mudar de colégio não mamãe? Serei alvo de brincadeiras todos os dias por isso. - Dispara sem respirar olhando ao redor, em instantes estava piscando os olhos diversas vezes como se não pudesse acreditar em algo que acabou de ver. - Ah, droga! Olha ali mamãe, aquele ali é o garoto que me pediu em namoro duas horas atrás. Por isso que não aceitei.

    A curiosidade de Anamara a fez olhar em direção que sua filha apontava. A visão obtida desagradava qualquer pessoa: Havia um menino em meio a beijos com uma garota aparentemente mais nova ainda.

    Depois da cena presenciada, resolveram ir embora dali. Vic nem quis contrariar. Ao chegarem em casa, avistaram tudo revirado, vidros quebrados, sofá virado e até um pedido de socorro parecendo vir do andar de cima. As duas subiram. Victória atrás da mãe como ordenado, quando por fim terminaram as escadas outro grito ecoou denunciando exatamente sua localização. Naquele momento, Vic largou a mão da mãe levando até seu rosto cobrindo os olhos. Anamara começava a ficar apavorada com o que acabaram de ver: Sua mãe, Cassandra sentada no chão com uma arma e o olhar dirigido para um corpo ensanguentado no chão.

    ───── M-m-mãe o-o que foi que aconteceu aqui? - Perguntou tentando retornar a consciência. - Você matou esse rapaz? — Ana tinha posto o rosto da filha em sua barriga e segurava impedindo qualquer desvencilhar da mais nova. Possuía nem palavras capazes de descrever tudo dentro de si naquele instante.

    ───── Era eu ou ele. Se chamava Vingador, era um agiota de primeira classe. Mês passado fui obrigada a pegar uma boa quantia em dinheiro e em material para colocar a ordem na casa e claro, para o tratamento da Vic para realmente acreditar na doença dela. Eu devolvi o dinheiro, mas ele queria o dobro do que me emprestou. — Contava a história. Cassandra foi o complô no plano de trazer Victória de volta a vida de sua primogénita.

    ───── Por que não me contou mãe? Achou que eu não fosse guardar esse segredo?

    ─────Não era isso... Vocês poderiam estar em perigo e etc. - Ela suspirou e se levantou. ───── A música perfeita para descrever cada um deles seria sem dúvida Heathens da banda Twenty One Pilots. Confie em mim, filha. Eu os conheço de longa data.

     Confessaria, estava surpresa mais pelo fato da mãe conhecer músicas como aquelas do que ao fato de ter sido tão fria em matar um homem. Os dias se passaram. Cassandra seguiu presa por algumas horas até ser liberada para passar por tratamento em casa, ela adoeceu dentro da cadeia pelo tempo sozinha, chamaram isso de Depressão passageira. Nesse meio tempo Anamara também seguiu a vida, mais próxima de sua filha e aberta a um novo relacionamento. Era um rapaz legal, simpático, gentil de forma extrema. E por outra vez em sua vida, Ana foi surpreendida. Se pudesse usar um trecho da música citada por sua mãe tempos atrás seria com certeza "You'll never know the psychopath sitting next to you. You'll never know the murderer sitting next to you. You'll think: How'd I get here, sitting next to you?".

[ Flashback Off ]

     Anamara e esse rapaz se envolveram na época de forma sexual, no início tudo rosas mas depois virou um verdadeiro inferno. Primeiramente, houve perguntas indecentes (como por exemplo se ela conhecia algum bandido ou algo assim), em seguida quando começou a levá-lo em casa algumas coisas desapareciam (pequenos objetos) e por fim, dona Cassandra mãe. Ana nesse dia chegou mais tarde em casa, revirou tudo até encontrar o que restou do corpo dela, todo desconfigurado por conta das agressões.

     Respirou fundo e num único piscar de seus olhos, se deu conta de onde estavam: Velando o corpo de Cassandra Renault.

     Alguns familiares distantes vieram dar as condolências, outros apenas para demostrar o quanto não se importavam conosco, a maioria agradecia em em voz alta o quão felizes se tornaram com a notícia. Uma delas foi a tia Carmelita. Essa tem uma condição financeira estável. Com sua pele branca, cabelos negros, uma boca carnuda e olhos castanhos claros, ela consegue ser mais dura do que pedras firmas em morros.

    ───── Oh Ana... Realmente sinto muito pela sua mãe, mas todos sabiam que ela se envolvia com caras de barra pesada, um dia isso iria acontecer. - Disse enquanto colocava uma mão no próprio peito para encenar que se importava.

     Ana estava pronta para responder quando Victoria puxou sua saia feita criança de três anos. Ela que apenas apontava o dedo para dois rapazes e uma mulher que se aproximavam segurando algumas flores. O rapaz maior trajava um terno preto simples mais elegante, seu cabelo negro estava formando um topete. O outro já por sua vez, usava um terno preto mas com o paletó aberto mostrando a blusa branca por baixo e usava um óculos escuro, seus cabelos estavam parecendo que foram penteados com a mão pois pareciam ter sido jogados para trás. E por fim, a mulher usava um vestido vermelho colante ao corpo, sua boca marcada por um batom mais forte que vermelho em seu corpo. Ao estarem mais próximos todos ali souberam a identidade deles: Era Pedro e Pietro, a mulher ao seu lado ainda não a conhecia.

   ───── Está vendo tia, a senhora nunca terá alguém como Pietro Lancaster indo ao seu velório. - Digo no ouvido dela puxando Victória para longe dali.

     Suas condições para se encontrar com Pietro em uma situação dessa era bem longe de um "estou bem". Manteve distância de todos os três durante o enterro do corpo de Cassandra. Por hora seria assim. Apesar de carregar um filho do bilionário não queria mais investir em seu plano de dar o golpe da barriga. Era o melhor para todos.

 Era o melhor para todos

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Golpe Da Barriga - FinalizadoOnde histórias criam vida. Descubra agora