[1 ANO DEPOIS]
O que é um ano? Seriam 365 dias, 8.760 horas, 525.600 segundos? Ao analisar desta forma percebe-se ter vivido muito, mas ao dizer "um ano está acabando e o outro vem" qual é a primeira lembrança que se tem? Algumas pesquisas revelam que uma certa porcentagem da população passou por grandes mudanças no ano que se foi, enquanto outras estarão do mesmo jeito no ano seguinte. Para Anamara, a primeira opção é válida. Após duzentos e setenta dias de pura emoções diferentes, ela por fim parecia estar bem. Seu filho, fruto de um golpe da barriga, havia nascido. O pequeno Michael, herdeiro de Pietro Lancaster crescia cercado por amor de sua mãe e de Victória. Ele certamente terá orgulho quando crescer e ouvir que a irmã mais velha foi colocada em uma turma avançada por conta de suas notas altas. Talvez, apenas talvez pois quando estivesse maior ele não gostaria de ouvir que seu pai não sabe de sua existência e que, ele mora distante dali. Enquanto sua mãe, Anamara Renault, vivia feliz por haver se livrado de Pedro Witch. Pessoalmente, Anamara não está se sentindo bem, faz tempos que sentem dores de cabeça, enxaquecas e tonturas, chegou até ir ao médico para fazer alguns exames de rotina e aguardava o resultado esperando que não fosse nada além do emocional, pois no fundo sabia precisar ser forte para ensinar o caminho correto aos filhos ainda pequenos.
Anamara acabou por fim se formando na escola apesar de todos os empecilhos em seu caminho, nos últimos dias andava pelas ruas em busca de um emprego. Houveram entrevistas em todas tentativas mas segundo o pessoal do RH o fato dela ter dado a luz recentemente atrapalhava, apesar de alegar possuir alguém para olhar o bebê, ninguém a queria contratar. Sua chance mais clara e sem desculpas para não ser contratada foi na vaga aberta em uma das lanchonetes pertencentes a Pietro Lancaster. Óbvio que dispensou, queria distância e não aproximidade do bilionário. Crystal a estava ajudando, o novo relacionamento da loira tratava de trazer grandes oportunidades e caminhos desconhecidos até então. As duas andaram afastadas depois que começou a namorar o riquinho, aquele lá agarrado na festa de Lancaster ano passado. Numa longa lua de mel ela foi, sem se preocupar com nada.
Ao badalar de meia noite, Anamara sabia o que o dia reservava: Aniversário de Victória. Mais cedo chegou a pensar no que poderia oferecer, sem resposta, resolveu sacar uma pequena quantia em dinheiro e entregar a primogênita. Não era muito, os bicos e penhoras feito nos últimos meses conseguia sustentar até o fim do mês e as vezes sobrava. Após chegar em casa, sentou-se no sofá. Duas horas depois permanecia ali, com Michael em seus braços, rindo com as brincadeiras da mãe. O sorriso banguela surgia toda vez que Ana o cheirava no cangote chegando até deixar um som de estalo sair de seus lábios.
──── Quem é o bebê da mamãe, hã? Quem é, quem é. - Dizia enquanto o levanta no ar. - Gordinho da mamãe. - Michael já estava lá perto de seus seis meses de vida e não havia apresentado sinal de que puxaria mais a mãe ou ao pai. Não era branco. Não possuía olhos azuis. Ao contrário, o tom verde e a pele mais morena fazia Ana de questionar a quem pertencia aquelas características.
Era um alívio atualmente ter o pequeno em casa depois de tudo o que passou nos primeiros três meses depois de nascer. Para interromper esses pensamentos, a porta foi aberta e uma visão de Victória suja de ovo, farinha e terra fez com a sobrancelha se erguesse.
──── O que foi isso filha? - A resposta era bem óbvia diante a data presente. ──── Você está terrível, Victória.
Anamara havia mudado muito em relação ao tratado com seus filhos, após perder a mãe abruptamente ano passado, Renault soube muito bem o que não desejar aos filhos.
──── Presente de aniversário. Vou tomar um banho e já volto. - A mais nova correu em direção aos fundos, seria bem melhor tomar banho por lá do que sujar e precisar lavar.
Meia hora. Meia hora foi o tempo gasto por Vic para tirar qualquer resquício de "bolo" do cabelo, corpo e roupa. O cheiro de ovo certamente era o mais insuportável. Como prometido retornou até a mãe tomando o pequeno Michael nos braços, ele chorou de birra ao deixar o aconchego do colo materno. Mais cinco minutos até convencê-lo a ir com sua irmã. Nas horas que se arrastaram, Anamara focou sua atenção em arrumar a casa, brinquedos e livros dividiam espaços, as roupas sujas quase vazavam do cesto, louça da noite anterior existia na pia. Começou do mais fácil (lavar banheiros) e ao ponto de terminar, escutou o som de duas batidas na porta. Os olhos escuros de Renault procuraram o relógio constatando o horário tarde.
──── Quem é? - Questionando curiosa. A castanha ainda assim abriu a porta, o susto que levou por ver quem era a fez cambalear para trás. ──── Vo-Vo-Você? O q-que faz aqui? - Incógnitas se formaram na mente da jovem. ──── Digo, você foi embora ou pelo menos foi o que me disseram. - Ao retornar de frente para porta e ousar fechá-la, foi impedida. ──── Eu não tenho mais nada para você, vá embora. - O par de olhos mel a analisava em pleno silêncio, um não foi possível ler a expressão do outro. Estou ferrada.
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N/A
Capítulo pequeno mas está aí. Boa leitura e Merry Christmas, moranguinhos.
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Golpe Da Barriga - Finalizado
Chick-Lit#1 em interesse: 30/10/2019 #1 em golpe: 26/03/2020 Tudo começa com vontade, depois se torna desejo e temos que correr atrás para realizar. Foi assim com Anamara Renault: Seu desejo era que deixasse de ser pobre, um certo dia viu a chance b...