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Sentimentos Vazios

Passou-se 1 semana desde o dia que caí bêbada na festa que Alec me levara. Não o vejo muito, sua vida é demasiadamente conturbada, parece que vive entre a terra e o inferno.
Eu estava lendo um livro de romance numa pequena biblioteca particular que havia no fundo da casa dele, quando Lydia entra e fica me encarando de braços cruzados.

- Nossa... Nunca vi alguém ler tanto quanto você.

Ela disse descruzando os braços, franzi a testa e evitei fazer uma cara de desgosto.

- É o que eu tenho pra fazer aqui... Onde está Alec?

Falei por impulso. Não queria demonstrar o mínimo por ele, não mais do que mostrei no dia que o beijei... Eu prefiro nem lembrar disso!

- Ele teve que sair para resolver uns
problemas ontem à noite, mas já deve está voltando...
- Sabe Carly, você já está tão próxima dele assim?

- Não!

Falei afoita. Lydia para minha sorte, deu os ombros aérea.

- Tanto faz. Quer alguma coisa?

- Hum... Minha mãe, minha casa, meus amigos...

Eu disse soltando o livro no chão. Ela revirou os olhos e saiu desfilando, eles acham que eu sou o que? Que não tenho sentimentos?
Eu nunca vou esquecer que tenho uma vida lá fora.

XXX

Já eram 16:30, saí da pequena biblioteca e voltei para o centro da mansão. Andei pelo corredor e notei como casa estava completamente vazia, não entendi o porquê. Talvez não seja para entender, essa só pode ser minha chance.
Desci as escadas correndo, mas fazendo o menor barulho possível.
Abri a porta lentamente e tinha alguns guardas, mas eles estavam completamente ocupados com alguma coisa, por isso passei por eles despercebida, havia um portão mas  nunca iria conseguir passar por ali sem ser pega... Como não é possível que essa casa não tenha portas do fundos ou coisa do tipo?

Decidi procurar por essa saida alternativa. Andei até os fundos e então vi uma porta quase que passando por despercebida, abri a mesma e então saí.. Eu saí da casa e não tinha guarda nenhum a minha volta.
Essa realmente era minha chance de correr pela estrada deserta e contínua.

XXX

A noite caiu sobre mim.
Estava cansada mas não ia ceder, por mais que minhas pernas estivessem tremendo, eu preciso escapar.
Como uma miragem, um carro com uma luz muito forte apareceu atrás de mim e então veio com tudo para me derrubar.
Cai no chao assustada, cheguei a gritar pensando que alguma parte de mim tivesse sido esmagada, mas eu só tinha me ralado um pouco no chão.

Quando ia tentar me levantar, o motorista desceu do veículo. Para minha infelicidade, era Alec.

- Me beijou faz nem uma semana e agora já está tentando fugir?

Ele falou sarcástico. Veio até mim e segurou em meus braços, me levantou do chão como se eu fosse uma pena.

- Primeiro, eu estava bêbada e segundo, eu quero ir para casa.

Falei séria, tentando não olhar aqueles olhos.

- Terceiro, você é minha agora.

Falou me puxando mais para perto de si. Senti seu perfume mentolado, aquele calor sombrio que arrepiava-me duramente. Cedi ao olhar em seus olhos, ficamos nos encarando por alguns segundos até que entramos no carro sem segundas intenções.
Pela sua expressão, eu podia notar que estava furioso comigo.

XXX

- Espero que não saia mais do seu quarto, não até eu pensar no que farei contigo.

Ele disse fechando a porta, mas eu o impedi.

- Vai me embebedar de novo?

Falei segurando a porta.

- Para me beijar de novo?

Fiquei vermelha.

- Desculpa, eu nem lembrava disso...

Fiquei envergonhada, eu realmente poderia ter feito qualquer coisa menos beija-lo.

- Tudo bem.

Ele ignorou completamente meu beijo e eu realmente queria que isso acontecesse, mas não sei porque continuo pensando nisso...

- No que está pensando?

Ele disse se aproximando.

- Bem, você recusou o meu beijo.

- Você estava bêbada, posso ser tudo menos aproveitador.

Ele falou isso e me fez lembrar de Louis...

Eu sorri e então ele se aproximou.

- Mas você não está bêbada agora.

Senti sua respiração, sinal que estavamos muito perto.

- N- não estou.

Falei mordendo os lábios.

- Então, você quer um beijo de um criminoso?

- Eu estaria sendo sua cúmplice? Não, né?

Ele gargalhou.

- Eu não sei porque você tá rindo...

- Claro que não seria.

- Então...

- Então, vamos parar de falar.

O anjo negro disse segurando meu rosto com uma das mãos, nossos lábios quase se tocaram, mas eu me afastei.

- Qual é o seu problema?

Alec disse franzindo a testa.

- Você é o problema.

Eu disse me sentando desnorteada na cama.

- O que?

Ele disse subindo na cama e isso me fez pensar coisas que não deveria, não deveríamos estar tão próximos em uma cama.

- Eu quero dormir.

Falei tensa.

- Quer?

- Sai daqui Alec, esse beijo só ia complicar mais nossas vidas.

- Não sei do que você está falando.

O bandido disse sério, realmente, sério.

- Você sabe sim... Estamos num caminho sem volta, porque não teremos um final feliz desse jeito.

- Qual é Carly? Envolver sentimento é uma droga e nunca da certo.

Ele falou se afastando de mim, como se eu fosse repugnante.
Por incrível que pareça  não fiquei brava com isso, na verdade foi como uma triste revelação...
Era isso, eu gosto esse cara, mas por que?! Será que é porque ele me pegou com o coração recentemente partido?

- Eu não queria gostar de você e eu te odeio tanto por isso, parece tão errado.

Falei séria, ele ergueu uma sobrancelha.

- Gostar de mim?

Gargalhou friamente.

- Você não gosta de mim, menina... Está mais do que claro que quando você ver sua família, não vai pensar duas vezes, vai me deixar como se nunca tivesse sentido isso.

A tristeza na sua voz partiu-me o coração. Não conseguia falar nada, nem olhá-lo e por isso ele se levantou da cama e saiu do quarto, fechando a porta como se fosse arrancá-la da parede.

Alec não mentiu, estava certo e  também estou certa de que quanto mais tempo eu ficar aqui, mais irei me apaixonar...