Capítulo 11

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Capítulo 11

Mais um dia, mais uma rotina desesperadamente repetitiva, tenho que arranjar maneira de ocupar-me. A minha vida anda calma, não me tenho muito focado na chave, nada de suspeito se passa. O meu pai mandou-me um email na noite passada, estava a caminho da India e avisou-me que lá não poderia contactar-me.
Procurar algo para fazer em Nova York, não é de todo uma tarefa difícil. Em cada esquina há algo novo aqui, cafés, lojas, oficinas, tudo. Mas o que eu queria mesmo era algo relacionado com arte, e parece que me saiu a sorte grande. Passei por um estabelecimento e li que abriu uma oficina de artes, ótimo! Era algo deste género que eu estava mesmo a precisar, ocupar o meu tempo com algo que realmente aprecio e gosto.

Eu adoro arte, de vários modos. Para mim arte é algo mais do que está pintado, arte é sabe expressar-se de qualquer jeito que seja, inspirar-se e ser inspirador, é sentir o que se faz e fazer os outros sentirem, acho isso o ato fundamental, que os outros sintam o que tu sintas enquanto o demonstras.
Entrei no estabelecimento e fui atendida por uma rapariga de cabelos azuis, com uns grandes olhos castanhos e com um piercing preto na sobrancelha, invulgar.

"Em que posso ajudar?" perguntou-me, nunca iria associar esta voz doce com a sua aparência arrojada.

" Vi o anúncio que abriu uma oficina de artes, e gostava de me inscrever. Sei que já passou a data de inscrição, mas ainda me aceitam?" questionei.

"Claro, novos membros são sempre bem vindos." respondeu-me com um sorriso.

"Muito obrigada!" agradeci gentilmente.

"Terá de preencher um pequeno formulário, se não se importar." disse dando-me o papel, acompanhado com uma caneta, para as mãos. "poderá fazê-la naquela mesa ali." Assenti e fui até à mesa preencher. Eram respostas breves, não tardei a devolver o papel à rapariga.

"Obrigada … Menina York." agradeceu após ter lido o meu nome na ficha.

"Por favor, trata-me por Lia."  ri.

"Sou a Joe. Amanhã podes aparecer por volta das dez da manhã, vai ser a aula de apresentação." informou-me um sorriso.

Simpática, mais uma prova que as aparências iludem, e muito.

" Está bem." falei "Até amanhã Joe."

"Adeus" despediu-se

Finalmente, já tenho com que me ocupar. Estou mesmo contente por eles ainda me terem aceito, ficaria com muita pena que não o fizessem. Quando menos esperava um pensamento invulgar e que eu desejava que não tivesse aparecido na minha cabeça, aparece.

Que andará o Harry a fazer?

Nem me acredito que acabei de pensar nisto, não que isso me interesse… ou interessa? Ele num momento é querido e noutro agressivo, não o entendo, parece bipolar. Mas tenho que admitir que aqui, as únicas pessoas para que falo é o meu pai e ele, por incrível que possa parecer, e com o meu pai é aquela coisa, nunca esta no mesmo sitio, sempre a viajar e a trabalhar. E o Harry, esse é melhor nem falar.
 É a parte negativa de viver numa cidade tão grande como esta, passa-se na rua e é só caras novas todos os dias, todas irreverentes, e no meio de tanta gente, acabas passando  despercebida . Fazer amigos aqui não é tão fácil como era onde vivia. Onde eu vivia… que nostalgia que sinto. Parece que mudei de vida, que desliguei uma parte do que eu era, que viagem para um mundo onde eu não sou ninguém, que posso gritar e pedir socorro e ninguém me vai estender a mão.
A única fonte de alegria que tenho é a arte, há vezes que dou por mim a passar naquelas ruas em que se pratica o que muitos chamam vandalismo, mas que eu chamo arte. Olhar para cada traço feito por alguém perdido à espera de ser encontrado, daqueles que as suas lágrimas são a tinta que escorre do pincel e que a sociedade chama de vândalos. Mas de todas as pinturas, tenho uma em especial que eu adoro. É uma árvore, cheia de flores, cheia de cor e com pássaros nos seus longos ramos, depois ao seu lado está a mesma árvore, com as mesma flores e as mesma cores, mas os pássaros a levantar voo e por fim tem a mesma árvore, mas em tons escuros, sem as flores cheias de vida e os ramos fortalecidos, sozinha e sem vida.

Aquela árvore sou eu…

No meio de pensamentos, lá estava eu, de frente para aquela pintura, admirando-a e associando-a a mim. O vento fazia levantar o meu longo cabelo castanho, pena que não faça levantar a minha dor. Voltei agora para casa e fui insultar os canais e os programas patéticos que passam na televisão..

O meu despertador soava, som irritante. Eram nove da manhã, tinha que estar pronta numa hora. Um banho rápido, roupa prática e uma peça de fruta era tudo o que eu precisava e tudo o que fiz.
Desloquei-me para lá, estava animada e ansiosa. Estava lá um grupo de pessoas, todos de idades aproximadas, e pelo que parecia, já se conheciam. Pergunto-me quem será e como será o professor. Entenderá ele tudo o que sinto pela arte ou será mais alguns que pensa que é um curso na universidade de arte que os fará ser os melhor do mundo, só com a técnica e sem dedicação? É por que se for, sei onde fica a porta de saída.
Começaram todos a entrar para uma sala branca, onde havia mesas e telas espalhadas. Para meu espanto a sala estava demasiado branca, pensei ver algo completamente decorado e artístico, mas era simples.
Todos ocuparam um lugar, estava distraída a olhar para a janela, havia muitas janelas.

" Desculpa, este lugar está… tu?!"

" Tu?!"

Olhei e nem me queria acreditar quem estava aqui.

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Heyyyy :) Tshará, espero que gostem do capítulo, :3

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* por curiosidade, eu escrevi este capítulo ouvindo a "All of me" do John Legend e a "unconditionally" da Katy Perry 

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