Capítulo 53

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Capítulo 53

Sabem aquele sentimento que se tem quando temos a certeza que já tivemos em algum sítio antes? Déjà vu.

Lembro-me de estar aqui como se fosse ontem, lembro-me dos símbolos que vi, da estranha capela feita de pedra e claro, lembro-me do que tinha feito nessa noite. Mas que noite… Passados tantos meses, aqui estou, só que desta vez não é um sonho, é bem real. Como é que vim aqui parar? Porquê?

Nos dias que correm, já não me espanta, durante toda a minha vida fui recheada de surpresas, umas boas outras más, portanto esta é apenas mais uma, só falta saber se é boa ou se é má.

“Lia?” questionou Harry. “Porque é que eu tenho a leve impressão que tu conheces este sítio?”

“Porque conheço. Quando pedi para sairmos de casa do Christopher, o meu subconsciente foi até ao meu ser mais profundo e trouxe-me aqui.” Disse. “Quer dizer, pelo menos é essa a minha teoria.”

Ele continuou curioso a olhar para mim. “Mas tiveste aqui a fazer o quê mesmo?”

“Nada em concreto, apenas aqui estive num sonho, nada mais.” Respondi. “Aliás eu não faço ideia do que está lá dentro.”

“Oh mas eu faço.” Falou Harry. “Lia, ali dentro é o portal, aquele que nós temos que manter bem fechadinho estás a ver? Nós nem devíamos estar aqui para começar.” Ele mostrou-se deveras preocupado com a situação.

“Se aqui estamos é por algum motivo.” Afirmei

“O que quer dizeres com isso?” ele franziu o sobrolho.

Apontei para a entrada. “Não, nem penses, não vamos entrar lá dentro. Há consequências, quem entra ali arrisca-se a nunca mais de lá sair.”

Bufei. “Harry, a esta hora o Christopher já deve ter a chave, é a nossa única opção, pode haver algo lá dentro que nos permita manter o portal fechado.” Coloquei as minhas mãos sobre as dele. “Por favor.”

Ficamos assim um pouco, a olhar um para o outro. Harry pensava no que haveria de fazer agora, estava concentrado. “Nem me acredito que vou dizer isto… okay Lia, nós vamos. Mas caso repare que algo está errado, trago-te cá para fora, nem que te tenha de levar às costas.”

“Prometido.” Afirmei, abraçando-o, eu amo-o tanto.

Ainda nervosa e acompanhada por Harry, caminhei até à porta do que pensei ser uma capela. “Como é que ainda nenhum humano viu isto?” perguntei.

“Da mesma maneira que eles não vêm as nossas marcas.” Respondeu enquanto eu alcançava a entrada.

Era agora, contei mentalmente até cinco, empurrando depois a pesada porta de madeira. Passei a porta, deparando-me com um cenário escuro, não se via praticamente nada. Harry apanhou a minha mão e ambos andamos, e do nada a porta fechou-se assustando-me. Descemos uns degraus, em nossa volta começava a haver luz, eram velas, que acendiam à medida que passávamos por elas, aos poucos iluminando o local.

Símbolos, havia símbolos em todo o lado. Todos diferentes e iluminados agora. Não reconhecia nenhum. Uma luz azul gerou-se no centro do salão e criou uma linha reta até ao fundo da mesma. Segui-a, era tão brilhante, tão bonita. O corredor era extenso, não conseguia ver o seu fim. “Acho que temos de seguir esta luz, vamos.” Falei.

Não ouvi os passos do Harry. Olhei para ele e espantei-me. Aqueles traços azuis que se encontravam na porta, estava na sua cara e os seus olhos estavam brancos. O que raio se passa?

“Harry.” Chamei-o, tentando captar a sua atenção. “Harry!” exclamei.

Nada, nem sequer pestanejou. Bati-lhe no braço, sem reação. Parecia que tinha sido ‘desligado’. Comecei a ficar seriamente preocupada, porque é que ele ficou assim? Não devia ter entrado, afinal, aqui não há nada. Ideia parva a minha de entrar, o que esperava eu encontrar? Sou tão estupida, eu é que devia de estar escondida e estou aqui à porta do portal, não tive noção do perigo. Tenho medo de continuar a seguir a luz sem ele, mas se ficar arrisco-me a nunca descobrir o que se esconde daquele lado.

“Pobre Harry.” Falou uma voz. “Caiu na desgraça de todos os outros.”

Da escuridão, saiu Christopher com um sorriso sínico no rosto. “Tu?” perguntei surpreendida.

“Surpreendida Lia?” questionou. “Foi bastante fácil encontrar-te depois de descobrir a verdade.”

Ainda não estava em mim. “Que verdade?”

Ele riu-se, aproximando-se de mim. Recuei. “Ingénua Lia, tu sabes perfeitamente do que eu estou a falar. O meu filho ouviu a conversa entre o Joseph e o Harry. Devo dizer que inicialmente não acreditei, mas assim que os meus homens me contaram o que tinhas feito para fugir soube que era verdade.”

A minha boca abriu formando um grande ‘o’, eu vim parar à toca do lobo, O que era suposto eu dizer agora? Sinto-me encurralada, estou entre a espada e a parede. Acabei de por toda a humanidade em risco. Não podia fugir e deixar o Harry aqui.

“Eu não vou abrir o Portal Christopher, podes tirar o cavalinho da chuva.” Afirmei tentando manter-me forte.

“Já sabia que ias dizer isso.” Andou novamente até mim, desta vez eu não me movi. Ele brincou com as pontas do meu cabelo, sempre sorrindo. A minha vontade agora é de matá-lo. “Não me toques” falei entre dentes.

“Sabes, o Harry não está propriamente feliz desta forma.” Oh não. “Eu sei como o por feliz, faz o que eu te peço e eu digo-te como reanima-lo. Mas se fosse a ti era rápida a decidir-me, quando mais tempo demorares, mais ele sofrerá.”

Não vou deixar o Harry desta maneira, preferia estar eu no seu lugar agora. Isto é chantagem, eu não posso ceder. Como é que eu cheguei a este ponto? Como é que a minha vida chegou a este ponto? Estou a ser chantageada por uma pessoa que quer destruir a raça humana. Parece aquelas cenas dos filmes… daquele tipo que ninguém espera que aconteça na vida real, mas que infelizmente, a mim aconteceu-me. Preferia estar a ser agredida pelo Damon, ou estar no incêndio que tirou a vida á minha mãe, sempre seria menos doloroso. Estava prestes a entregar tudo ao Christopher, a dar-lhe o que ele quer.

«Eu não confio nele, tem de haver outra maneira, Pensa Lia, Pensa.»

 Como eu estava atrás do corpo imóvel do Harry, consegui ver que ele tinha uma faca presa na cintura. E foi aí que eu tive um plano. Como é que eu não pensei nisto antes? Ele depende de mim para abrir o portal, mas se eu não continuar aqui, o portal nunca mais será aberto. Se eu for embora tudo poderá ficar bem.

Só sei que um de nós terá de morrer, só espero não ter que ser eu.

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Omg, eu sei que demorei muito tempo a publicar, mas eu ia apagar esta fanfic e tudo. Já a escrevo á mais de um 1 ano, na altura gostava de livros sobrenaturais e assim, agora já nem muito e acho que a minha história está um pouco estranha. Tenho me dedicado a outros registos: nomeadamente a Las Vegas.

Só não apaguei esta fanfic por respeito a todas as pessoas que gostam dela e que sempre me acompanharam, portanto, espero não vos desiludir com o final da história.

Aviso que só restam mais dois capítulos para saber o que vai acontecer ;)

Adorava que dessem uma opinião sobre a história até agora, e claro sobre o capítulo.

Vejo-vos em breve!

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