Capítulo 34

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Capítulo 34

- Lana Del Rey – Dark Paradise *

Quando pensas no teu futuro, provavelmente imaginas-te numa grande casa, com um marido que tu amas loucamente, crianças a correr ao longo da casa e tu, sendo uma mulher bem-sucedida na vida, no emprego, no amor e na família. Perfeito não é? Tudo o que tu sonhaste finalmente era real.

Eu costumava pensar assim. Deixei-me levar pelas minhas próprias ilusões, pelos meus sonhos, pelas minhas loucuras. Era feliz sem saber, feliz porque tinha a liberdade e acreditava em tudo o que me vinha à cabeça. O pior de tudo, é quando te roubam isso. Roubam-te a felicidade, a tua fé me ti mesma e transformam o que um dia foi tudo, em nada. Num espaço de míseros minutos, vi toda a minha vida ser destruída como se fosse um lápis que alguém num estado de pura raiva, partiu. Se dói? Estou numa fase em que parece que estou anestesiada por dentro, não consigo sentir, não há nada cá dentro, apenas um vazio que percorre todos os meus nervos. Tudo o que eu pensava ser verdade, tudo o que eu sabia sobre mim, sobre a minha vida, é uma grandessíssima mentira. Em uma semana, tudo mudou. Sim, eu já estou a pensar nisto há uma semana, até já sonhos tenho. Não podia contar nada disto a ninguém, por isso menti. Menti para as pessoas que amo, dizendo-lhes que ia fazer uma viagem. Custou-me tanto fazê-lo, eu sei que corro perigo, não quero que ninguém se magoe por minha causa. Desde então, tenho ficado “hospedada” na cripta, ainda não tendo saído do quarto uma única vez, apenas não quero falar com ninguém, preciso de estar sozinha. O Harry tem me trazido comida, mas raramente a como.

O “meu quarto”, tem uma grande cama de casal com o edredão branco, acompanhado por umas grandes janelas que iluminam muito bem a divisão. Um grande armário está presente na parede do lado oposto da cama, onde se encontram algumas roupas minhas, e o resto, já lá estavam, não fiz questão de saber de onde vieram. Tenho também uma secretária com um design antigo, onde se encontra apenas um papel em branco e uma caneta-tinteiro, com uma grande pena preta. Mas um pormenor na qual tenho reparado, é numa tela. Ela encontra-se em branco, encostada à parede, com uma caixa antiga decorada com japoneiras.

Caminhei em direção à tela, os meus pés descalços sobre o chão era tudo o que se ouvia na divisão. Abri a caixa e vi tintas dentro da mesma, uma grande paleta e três pincéis. Fui até à minha mesa-de-cabeceira buscar o copo que lá se encontrava com água, e coloquei-o sobre a secretária. Posicionei a tela o melhor que consegui, e preparei as tintas, tudo à base de cores escuras, sem vida, como eu estou por dentro. Arregacei as mangas e pus mãos à obra. Imaginei uma floresta, cheia de árvores de diferentes tipos, com um mocho sobre um ramo de uma delas, um céu escuro e sombrio pairava sobre a mesma. As folhas das árvores eram escuras, assim como tudo em sua volta, a única coisa que se destacava para além dos grandes olhos amarelos do mocho, era uma menina que parecia estar a correr para dentro da floresta, sendo só possível ver as suas costas. Ela tinha longos cabelos ruivos, bastante encaracolados desde da raiz até as pontas, um vestido formal azul marinho, com um laço branco atrás, acompanhado por uns sapatinhos que pareciam ser também eles azuis, da mesma tonalidade do seu bonito vestido. As suas pernas tinham uma cor muito branca, assim como os seus braços. Parecia que estava a fugir de algo, ou de alguém, e que queria a todo o custo refugiar-se no grande bosque. Sem que desse por isso, já me encontrava a desenhar a vasta quantidade de árvores, já conseguia sentir o cheiro a tinta que eu tanto adoro. Estou a tentar reproduzir exatamente o que imaginei, sendo delicada em cada traço que faço. Os pequenos pormenores, dão origem a grandes quadros. A minha concentração é interrompida quando alguém bate à porta. Pouso o pincel e vou abri-la. Era ele.

“Posso?” perguntou-me e eu assenti como resposta.

Lá estava ele, com a sua cor de olhos tão bonita, o seu aspeto angelical, o seu cabelo puxado para cima, as suas calças justas e a sua t-shirt preta. Parece que cada dia a beleza dele aumenta. “Cheira a tinta.” Comentou.

“Sim, eu estive a pintar.” Falei enquanto brincava com os dedos.

“A sério?” ele sorriu, e quando vi o seu sorriso, foi como tudo voltasse por segundos, todos aqueles sentimentos bons, mas depois eu caiu na realidade e tudo volta ao normal. “Posso ver?”

“Claro…” respondi enquanto caminhávamos para o quadro inacabado. “Ele ainda não está acabado.” Os seus olhos cor de jade percorriam o quadro de cima a baixo, podia perceber a atenção e o esforço que ele estava a ter ultimamente para comigo, se calhar para se redimir dos seus atos anteriores que também ajudaram ao meu estado emocional atual.

“Está muito bonito.” Voltou novamente a colocar aquele sorrisinho no rosto, desta vez mostrando as suas adoráveis e irresistíveis covinhas. Uou.

“Não está nada de especial, falta tanta coisa ainda.” Disse, olhando para o quadro e para ele aleatoriamente.

“Qualquer coisa que seja desenhada por ti, é bonita.” Elogiou-me com o seu timbre rouco, que fez o meu coração “descongelar” um pouco. Como é que ele consegue ser assim? Abandonar-me e agora estar aqui a elogiar-me? Nunca o irei entender. Senti um calor nas minhas bochechas, estava a corar! Eu quero permanecer indiferente perante ele, mas é impossível. Olhei para baixo para que ele não pudesse olhar para o meu rosto e ele levantou-mo com o seu dedo. “Ficas linda corada.”

“Onde queres chegar com tudo isto?” a questão saiu da minha boca quem que raciocinasse deviamente.

“Isto?” mostrou despercebido.

“Sim! O facto de me estares a tratar bem, os elogios, tudo! Deixas-te bem claro há uns meses atrás que eu fui um “isco” e depois disso foste embora.” Queria permanecer firme, mas as memórias invadiram a minha cabeça e uma vontade de chorar atacou-me.

A maneira como ele me olhou, magoado, fez-me sentir pena dele. “Tu não me deixaste explicar, Lia, eu…”

Harry preparava-se para iniciar algo, mas somos interrompidos por alguém a bater à porta. Andei até ela e deparei-me com uns grandes olhos verdes, um cabelo cinzento e um rosto robusto à entrada. Joseph. Um sorriso apareceu nos seus lábios assim que me viu, dei-lhe indicação para entrar, e assim que fez contacto visual com o Harry, foi como se a temperatura aquece-se, fazendo o ambiente deste quarto bastante desconfortável, ainda estou para descobrir porque é que estes dois não se suportam.

“Como te sentes Lia?” desviou o seu olhar do Harry, voltando ao seu sorriso inicial.

Estou frustrada porque a minha vida não passou de uma porra de uma mentira, curiosa porque quero saber o que se passa entre ti e o Harry, magoada porque o Harry me abandonou e está a agir como se não tivesse feito nada, cansada porque tenho dormido mal e com um pouco de fome também…

“Bem…” respondi com incerteza.

“Ótimo, não te tenho visto por aí.” Comentou.

“Não saí muito do quarto ainda.” Falei.

Ele mostrou-se compreensivo dizendo que entendia perfeitamente o facto de eu não querer sair muito daqui, mas também sugeriu que devia tentar socializar com os outros.

“Sim, tem razão.” Concordei com ele, por mais que o meu apetite de sair daqui seja nulo, ele tem razão.

Estiquei o meu braço, para ajeitar a manga que me estava a cair e senti uma grande mão em cima dele, Harry. Parei o que estava a tentar fazer e olhei para ele, que se manteve a olhar para o braço. Olhei eu também para o meu braço e… vi um símbolo.  

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Oláá! Desculpem a demora, estou em época de testes e isto está critico para estes lados ahahaha! E bem, parece que os símbolos já começam a aparecer :ooo Aproveito desde já para dar as boas vindas às novas leitoras :3

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