Capítulo 52

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Capítulo 52

Estávamos a andar no meio desta floresta, que parecia não ter fim. Todas as plantas eram semelhantes, o que nos fez pensar por vezes que estávamos a passar pelo mesmo sítio. Harry estava cansado, e eu estava esfomeada. Já não como nada desde que fui capturada por Christopher, não aceitei nada nem um grão de arroz que viesse da sua mão. Só de pensar nele, e nas coisas horríveis que fez, dá-me vontade de por as minhas mãos sobre o seu pescoço e só as tirar quando ele tiver sem vida, mas não posso fazê-lo porque não sei onde ele está, aliás, eu nem seque sei onde estou. De tantos sítios que podia ter vindo parar, porquê uma floresta? O meu subconsciente podia me ter levado para a minha terra Natal, para o meu apartamento em Nova York, até mesmo para o Central Park… mas não! Decidiu colocar-me aqui. Se à vinte e quatro horas atrás me tivesse dito que teria “poderes” e que estaria com o Harry a vaguear por uma floresta, não me acreditaria.

“Temos de parar.” Disse enquanto encostada o meu corpo ao tronco de uma árvore.

Harry olhou para mim, via cansaço no seu verde cor de jade. “Se pararmos agora, vamos perder o ritmo e provavelmente não seremos capazes de o recuperar.” Ele tem razão, mas se eu andar mais um passo que seja, caio para o lado.

“Não consigo, estou faminta!” exclamei deixando-me cair sobre o chão, onde fui logo acudida por Harry que me segurou pelos braços.

“Eu levo-te.” Afirmou levantando-se comigo ao colo, mas eu movimentei-me de maneira a que ele me voltasse a por no chão. “Para quieta Lia, assim não te consigo levar!”

“Tu estás cansado, tens de parar. Nem penses que te vou deixar carregares-me.” Falei. “Para além disso, estamos a ir para onde mesmo? Andamos há horas para trás e para a frente.”

Harry não queria ceder, ele é teimoso, mas eu consigo domar a sua teimosia. Ele desistiu da ideia de me suportar colocando gentilmente no chão. “Muito bem eu vou procurar alguma coisa que se coma, e tu ficas aqui, quietinha há minha espera, está bem?” pediu-me.

O meu objetivo era que ele parasse, vai ser uma tarefa impossível, concordei com ele. Deu-me um curto beijo e fez-se à descoberta. Espero que ele não demore muito é porque se o fizer, eu vou à procura dele. Já tentei pedir para sair daqui, mas não resultou! Não percebo nada disto da “magia” nem sei se quero mesmo vir a perceber, parece tudo demais para mim. Ajeitei-me, ficando numa posição mais confortável. Os meus olhos começaram a ceder ao cansaço, o barulho relaxante dos pássaros parecia uma música de embalar. Fiz todos os esforços para me manter acordada, mas foi me inútil, acabei por adormecer num sono profundo.

(…)

Ouvi madeira a arder, senti um calor agradável em minha volta. Harry estava em volta de uma fogueira, cozinhando algo que, pelo aspeto, parecia ser um coelho, tinha um cheiro divinal. O sol já se tinha ido embora, reinando agora a Lua. O meu anjo estava focado no seu ‘cozinhado’ e não deu conta que eu já tivera acordado. Fiquei um pouco a olhar para ele. O luar refletia no seu rosto de uma forma divinal. O meu amor por ele é como uma planta, está em constante crescimento, só que a minha ‘planta’ é alimentada pelo sorriso e o olhar de Harry.

Ele desviou a sua visão do coelho, cruzando-a com a minha. “Bom Dia Bela Adormecida… quer dizer, Boa Noite.” Saudou-me.

Levantei-me por completo, andado para o seu lado. “Estive a dormir durante muito tempo não estive?” Questionei já sabendo a resposta. “Nem deves ter descansado nada!”

Harry sorriu. “Tiveste o tempo suficiente de eu chegar aqui, acender a lareira e começar a preparar o coelho.” Eu disse que era coelho. “Este menino não foi nada fácil de apanhar.”

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