[Frerard] Volcano

Fatality is like ghost in the snow - Frank

As memórias da recente consulta passaram a me assombrar assim que dei entrada em meu novo apartamento. Apesar de tudo, eu havia me sentido confortável em compartilhar pouco, mas o que convinha com aquele terapeuta esquisito. Os delicados olhos verde oliva parece que foram feitos para entrar dentro de sua mente, algo como uma lavagem cerebral eficaz o bastante para lhe dar calma e... merda, eu me sentia compreendido. 

Gerard analisava cada pedaço com dedicação praticamente fazendo um raio x para lá de assustador. Era intimidador. Era intrigante. A vergonha e o medo que eu havia sentido quando entrei naquela sala de porte médio, cuidadosamente decorada com objetos de cor clara e me deparei com aquele doutor um tanto excêntrico sumiram, eu passei a me sentir bem. Sim, porque Dr. Gerard era um tanto engraçado. Ele parecia um de meus amigos meio roqueiros, talvez apenas um pouco mais velho e, com certeza, se eu o visse na rua, imaginaria que era algum artista ou algo do gênero, não sei porque, mas meu deu uma impressão que havia algo muito profundo e talvez até mesmo intrigante por trás daquelas orbes claras. Eu estava muito entretido em minhas lembranças, que mal percebi quando o telefone começou a tocar, fazendo seu som alto e desconfortável ecoar pela sala minuscula.

-Frank?

Reconheci a voz de Jamia. Minha melhor amiga há pelo menos 7 anos. Havíamos nos conhecido no ensino médio e então, seguimos para a faculdade juntos. Sim, ela também queria fazer medicina veterinária e costumava ouvir Bouncing Souls antes de dormir. Por vezes, brincávamos que éramos irmãos gêmeos, devido a leve semelhança da estrutura baixinha e os gostos um tanto estranhos. Também costumávamos brincar que essa história de gêmeos de pais separados não era uma boa coisa para o mundo, dizíamos que poderiam haver algumas trocas na personalidade, como por exemplo, Jamia gostava de mulheres, e eu, de homens. E sim, já havíamos feito diversas piadas sobre isso, como que se nós tivéssemos essa orientação trocada, provavelmente seriamos o casal 20 do universo.

-One and only - respondi e pude ouvi-la gargalhar do outro lado da linha. Aquilo seria sempre uma piada interna sobre o dia que bebemos um tanto e fizemos um cover impagável de músicas da Adele.

-E então, menino? Como foi? - ela perguntou animada - Vai ficar comentando agora com a minha mãe o quanto ele é lindo e tudo mais? -a  mãe de Jamia, ainda quando se consultava, chegava completamente esbaforida na casa delas, onde eu frequentava regularmente, comentando o quão gentil e inteligente ele era, e se me permite dizer, eu achava que ela ficava um tanto corada toda vez que voltava das consultas semanais. Soltei uma gargalhada alta, por, sem mesmo perceber, ter realmente reparado que acima de tudo, o doutor era bem bonitão. - Oh, não, sério Frankie? Vocês vão ficar igual a duas garotinhas comentando do homem?

-Me desculpa Jam, mas... sabe como é, são os hormônios... 

-Hormônios Iero? Jura? Olha só a sua idade! 25 anos na cara e suspirando por um psicologo como uma garotinha de 15! - por mais que as palavras fossem duras o tom era de completa brincadeira - Você parece até mais leve, honestamente.

E eu juro, não tinha jeito de interromper o riso. Eu conhecia as expressões de Jamia como ninguém e provavelmente ela estava com uma mão na cintura e com uma expressão de "eu sei o que você está pensando, menino travesso" parcialmente característica de mãe no rosto, mas também, de uma amiga um tanto descontraída.

-Como eu disse, hormônios! E eu estou bem, okay? Ele aparenta ser um bom doutor, sério, sem aquele duplo sentido, mas se quiser, eu adiciono, parece ser bom mesmo... tipo, daquele jeito, embora seja um tanto esquisitão. Juro. As vezes ele te encara e parece que te petrifica. Ele soube quando eu menti!

-Oh, ele soube? - ela debochou - Claro que ele soube você praticamente cai na gargalhada enquanto mente.

Não, eu não ria quando mentia.  Jamia estava exagerando pois geralmente, ela sabia a verdade e fazia uma careta de desconfiança - que para mim soava cômica - e me fazia rir.