Appointment 1 - Gerard

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Oi, gente! Sim, acho que vou trazer todas as fics do ss pra cá também. Essa está terminada e é meu grande xodó. Espero que curtam. 

Algumas atualizações podem demorar, afinal, além de repostar, eu vou estar restaurando tudo. Mas é claro, o fato que não precisar escrever torna tudo mais fácil, e dependendo da demanda, vamos estabelecendo um ritmo aqui. 

Espero que curtam. xolu. 

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Ouvi passos largos se aproximando mais e mais. Consequentemente a porta de minha sala foi aberta. Milena, a secretária nova, entrou um pouco afobada, provavelmente ainda se adaptando ao caos que era aquela clínica. Ajeitou os longos cabelos loiros e analisou a prancheta que carregava, arrastando a caneta impacientemente pelo prontuario.

-Sr. Way, o paciente das 18 horas já está aqui. Posso mandar entrar? - ela disse mais calma, ainda que sobrecarregada. Pela maneira que analisava a prancheta por várias vezes, evitando olhar-me nos olhos desde o momento de sua pronuncia até minha resposta - que devo ressaltar, foi breve - pude deduzir que o nervosismo não se dava ao trabalho, e sim  provavelmente alguma afobação de sua vida pessoal.  Era o último horário de sexta-feira, nada mais compreensível. Ela queria ir embora, estava inquieta.

-Por favor... e traga-me um copo d'água, sim? - assentiu e saiu desajeitada. Supus também que não gostasse de andar de salto, pois quando usava tornava-se ainda mais atrapalhada. 

Milena havia começado a trabalhar aqui há duas semanas e rapidamente pude traçar seu perfil: ansiedade e frustração. Seu jeito perfeccionista e medroso denunciava que talvez não tenha tido boas experiencias no último emprego embora tenha uma boa carta de indicação. Seria uma boa paciente, e deveria trabalhar seus medos o mais rápido possível. Foi-me ensinado por muitas vezes, antes mesmo da faculdade, que traumas passados não se apagam com o tempo, assim, tão facilmente. Acha-se que tem superado e leva-se a vida, porém nunca se sabe onde esses traumas estão escondidos e quando podem se aflorar, simplesmente piorar. Tudo na vida, em tese, é uma bola de neve. Se você esconde algo ruim dentro de si, e não necessariamente por vontade própria - seu subconsciente o faz por você - a probabilidade de se desenvolver algo violento se torna grande. Assim que se começa um problema, ou se preferir, uma bola de neve, com apenas um floco, um pensamento e nunca se sabe quando tudo isso rolará montanha a baixo.

E é por isso que procuram a mim. Alguns procuram nos primeiros flocos, outros quando o problema já se forma, e alguns, que na maioria das vezes são teimosos, ou tímido, procuram ajuda para uma solução imediata, quando a bola já engole sua vida em diversos aspectos... sociais, acadêmicos, familiares. Eu podia sentir a frustração de cada um quando eu lhes avisava "Na psicologia não há tratamento imediato". Sim, eu já havia visto de tudo dentro desta sala e de outras onde cliniquei no passado. Tentativa de suicídio, automutilação - das mais diversas-, ninfomania, complexos de ansiedade, traços de esquizofrenia, solidão, aspirantes a psicopata, adolescentes rebeldes, adultos carrancudos. De tudo e mais um pouco. Mas acredite ou não, cada caso é especial e incrivelmente único. Cada pessoa é única, e talvez seja por isso que sinta tanto amor e paixão por a profissão que escolhi. Cada paciente tinha sua vertente e não importava casos que segundo a medicina eram iguais, com mesmos sintomas, cada pessoa tinha seu caminho e sua razão - se é que existe razão - para sua "loucura", pois sim, muitos que adentravam aqui se auto intitulavam de loucos. Besteira.

Milena retornou a sala com um grande copo de vidro repleto de água nas mãos e por alguns segundos rezei para que ela conseguisse traçar um caminho seguro da porta até minha mesa sem simplesmente derramar aquilo. Pude ver que alguém a acompanhava. Era um garoto de estrutura baixa para sua aparente idade, supus que fosse jovem, já que os olhos encaravam o chão e a preocupação com as ações de minha secretária não me ajudaram em nosso primeiro contato. A loira de olhos azul claro me entregou o copo e também um pequeno piris para que não molhasse a mesa. Bom, ao menos era eficiente. Agradeci com um sorriso sincero e ela sibilou um "de nada" saindo rapidamente, mas antes desejando uma boa consulta.

[Frerard] VolcanoOnde histórias criam vida. Descubra agora